Perseguindo a ideia de Lawrence Ferlinghetti - "a poesia é a distância mais curta entre duas pessoas" - esperamos, através das escolhas poéticas dos nossos convidados, ficar mais perto deles e conhecê-los melhor. Usamos o verso de Luiza Neto Jorge “O Poema Ensina a Cair” para dar título a este podcast sobre os poemas da vida dos nossos convidados. Um projecto da autoria de Raquel Marinho. "Melhor podcast de Arte e Cultura" pelo Podes 2021 - Festival de Podcasts.
S6 E15 · Fri, April 04, 2025
É uma das escritoras mais reconhecidas em Portugal, senão pelo público dito adulto, certamente pelos mais jovens. Ana Maria Magalhães, uma das autoras da colecção Uma Aventura, nasceu em Lisboa, em Abril de 1946. O contacto com a poesia faz-se primeiro em casa, numa família grande e sempre com muita gente por perto, porque a mãe não só contava histórias aos 5 filhos como lhes dizia e lia poemas. Começou a ler aos 7 anos, e tornou-se desde cedo uma leitora voraz. A família dizia que iria ser escritora, mas Ana Maria Magalhães começou por ser professora. Desse período guarda inúmeras recordações que partilha nesta conversa. Quer ser recordada em primeiro lugar como uma boa pessoa, depois, naturalmente, como uma das autoras desse sucesso literário infanto-juvenil que vendeu mais de 9 milhões de cópias: "Eu escrevi quase 200 livros mas sou autora da colecção Uma Aventura e é assim que gostaria de ser recordada, e espero que seja." Poemas Luís de Camões – Amor é fogo que arde sem se ver Cesário Verde – De Tarde Gonçalves Dias – Canção do Exílio João Roiz de Castelo-Branco - Cantiga partindo-se Sophia de Mello Breyner Andresen – Deriva VIII António Gedeão – Pedra Filosofal Carlos Drummond de Andrade – Quadrilha Manuel Bandeira – Vou-me embora pra Pasárgada Fernando Pessoa – D. Dinis (Mensagem)
S6 E10 · Fri, March 28, 2025
Actriz, amante de rádio e de poesia, Mia Tomé deu voz aoprojecto Natália, uma homenagem a Natália Correia por ocasião do centenário da autora e, mais recentemente, a Emily Dickinson com o novo álbum “Há um Herbário no Deserto”. Nasceu em maio de 1994, fez a Escola Superior de Teatro e Cinema e depois o Lee Strasberg Theatre and Film Institute, em Nova Iorque, com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian. Gosta da voz, de dizer as palavras, mas também deouvir e dar palco a outros. Poemas: 1 – Mário Cesariny, Autografia 2 – Emily Dickinson, Pudesse eu Infinita Cavalgar, traduçãode Ana Luísa Amaral 3 – Emily Dickinsom, Uma Dama Vermelha, tradução de AnaLuísa Amaral 4 - Natália Correia, X Eu Não Sou Deste Mundo 5 – Joana Espadinha, Ficar (Tema escrito por JoanaEspadinha, interpretado por Carminho) 6 – Conceição Lima, Mátria 7 – Rui Reininho, Quem 8 – Ana Paula Tavares, Quantas Coisas do Amor 9 – Teresa Muge, Havemos de nos Ver Outra Vez, temainterpretado por Camané 10 - Miguel Torga, Lírica
S6 E11 · Fri, March 21, 2025
Georges Perec e Francisco Sá de Miranda são os dois autores escolhidos por Pedro Mexia para o terceiro episódio desta rubrica com sugestões de leitura. Francisco Sá de Miranda nasceu em Coimbra, em 1481. Viveu em Itália entre 1521 e 1526, e trouxe de lá os géneros, as estrofes e metros da “medida nova”: as canções, as cartas, as éclogas italianas, as elegias, o decassílabo, o terceto, o soneto. Pedro Mexia seleccionou alguns poemas de Sá de Miranda para o livro "Sá de Miranda, Antologia Inquieta", edição Opera Omnia, e destacou também a obra completa do autor editada pela Assírio & Alvim. Georges Perec foi um destacado romancista, cineasta e ensaísta francês. Depois de estudos de Sociologia e História na Sorbonne, estreou-se com As Coisas, em 1965. O êxito A Vida – Modo de Usar (Prémio Medicis 1978) fê-lo dedicar-se exclusivamente à literatura. Em 1967, passou a integrar o OuLiPo, de Raymond Queneau, em nome da experimentação e da procura de novas formas literárias. O livro As Coisas foi recentemente publicado em Portugal, numa edição da Antígona com tradução de Luís Leitão. A partir dele, conversamos sobre a sociedade do consumo, o movimento OuLiPo, a forma como a literatura pode reflectir a sociedade e os movimentos sociais. Como costuma acontecer, a conversa visita muitos outros autores que, de uma forma ou de outra, dialogam com os que Pedro Mexia escolheu. São referidos neste episódio: Alain Robbe-Grillet, Nathalie Sarraute, Michel Butor, Claude Simon, Samuel Beckett, Graham Greene , JamesJoyce, Joe Brainard, José Cardoso Pires, Roland Barthes , Pierre Bourdieu, Raymond Queneau, Italo Calvino, Jorge Luis Borges, Gil Vicente, William Shakespeare, Luís de Camões, Herberto Helder, Paul Celan , Catulo, Padre António Vieira, Ruy Belo, Alexandre O’ Neill, Jorge de Sena, Johann Wolfgang von Goethe, Friedrich Hölderlin, Friedrich Nietzsche, Dante Alighieri, Camilo Castelo Branco, StefanZweig.
S6 E12 · Thu, March 13, 2025
Ensaísta, romancista, poeta, professor, Helder Macedo nasceu nasceu a 30 de novembro de 1935, em Krugersdorp, na África doSul. Passou a infância em Moçambique e regressou a Lisboa com 12 anos, tendo mais tarde frequentado a Faculdade de Direito de Lisboa. Reside em Londres, onde foi Camões Professor of Portuguese e é Emeritus Professor no King’s College . Foi professor visitante em várias universidades, entre as quais Harvard, Universidade Federal do Rio de Janeiro, École des Hautes Études en Sciences Sociales e Universidade de Santiago de Compostela. Em Portugal, foi secretário de Estado da Cultura no governo de Maria de Lourdes Pintasilgo. Em 2024 foi distinguido com o Prémio Vasco Graça Moura-Cidadania Cultural.Acaba de lançar o livro de poesia "Corpos da Memória", edição Caminho. Nesta conversa, percorremos a sua biografia através da sua relação com a palavra. Primeiro, nos poemas que a mãe lhe lia ainda na infância ou os que começou a escrever ainda com 9 ou 10 anos; depois na descoberta da poesia de Mário de Sá-Carneiro através da sugestão de um explicador de matemática, para de seguida integrar do Grupo do Café Gelo onde, conta, aprendeu a recusa. Através das escolhas que elege para o podcast, trazemos para a conversa alguns dos seus autores, aqueles que estudou, investigou e sobre quem escreveu ao longo da vida. Camões, Sá de Miranda, Bernardim Ribeiro, são alguns exemplos.
S6 E11 · Fri, March 07, 2025
Nesta segunda parte do podcast com o pianista, compositor, poeta e tradutor João Paulo Esteves da Silva continuamos a conversar sobre alguns dos poemas de que mais gosta. Os seis poemas que integram este episódio foram traduzidos por João Paulo para a ocasião. Muito agradecemos esse cuidado. Poemas: 1 - Renée Rivet- Borac , Os Velhos 2 - Dalia Ravikovitch , Três ou quatro ciclâmenes 3 - Mordechai Geldman , Sozinho também esta manhã 4 - Carlos Marzal, OXALATO DE CÁLCIO (CAC2O4) 5 - Fredrick Seidel , 80. Em Cap Ferrat 6 – Fredrick Seidel, França Agora
S6 E8 · Fri, February 28, 2025
João Paulo Esteves da Silva nasceu em 1961. É filho de mãe pianista, pai filósofo, e neto de dois pianistas pelo lado materno. É professor da Escola Superior de Música de Lisboa na licenciatura em Jazz desde 2009, a par de uma carreira com muitos anos onde cabem inúmeras colaborações, em concertos e discos, com músicos nacionais e estrangeiros, e uma crescente aproximação e diálogo entre a música e outras artes, como a fotografia, o cinema ou o teatro para onde traduziu, por exemplo, Samuel Becket, August Strindberg, William Shakespeare ou Pier Paolo Pasolini. Com os anos, vem também ganhando espaço o lugar da poesia, tanto como poeta como tradutor. Publicou até ao dia de hoje 11 livros, e traduziu vários autores como, por exemplo, Baudelaire, Valéry, Paul Celan ou Ingeborg Bachman. Além do francês, traduz do hebraico, inglês e castelhano.
S6 E7 · Fri, February 21, 2025
Djaimilia Pereira de Almeida publicou o primeiro livro Esse Cabelo, em 2014, e desde então mais 13. Os seus livros e ensaios receberam vários prémios, incluindo o Prémio Oceanos e o Grande Prémio de Romance e Novela APE/DGLAB 2024, e estão traduzidos em dez línguas.Nesta conversa, a partir de alguns dos poemas de que mais gosta, ficamos a saber, por exemplo, que já muito pequena escrevia poemas que depois mostrava na escola e ao avô, que na adolescência não só lia muita poesia como chegou a bordar uns versos de Alberto Caeiro na bata da disciplina de Técnicas Laboratoriais de Biologia, que chegou a roubar a página de um livro de Herberto Helder da Biblioteca da Universidade, tal era a necessidade de trazer consigo aquele poema. São muitas as reflexões que surgem no decorrer desta conversa, e muitas as pistas para conhecer melhor esta autora que nasceu em Angola, em 1982, se mudou para Portugal aos 3 anos e encontra na escrita não apenas uma forma de fazer as pazes consigo mas também uma forma de tentar constituir o lugar de onde possa ter vindo, a sua própria família, ascendência e até herança. Poemas: 1 - Manuel Gusmão, A Velocidade da Luz 2 - Herberto Helder – Tríptico (excerto) 3 - Sá de Miranda – Comigo me desavim 4 - Angélica Freitas – Rilke Shake 5 - José Luiz Tavares – Pela mão de Cesário 6 - Álvaro de Campos – Notas sobre Tavira
S6 E6 · Fri, February 14, 2025
No segundo episódio da rubrica Leituras com Pedro Mexia, conversamos sobre Djaimilia Pereira de Almeida e Dylan Thomas. A partir da obra "Livro da Doença", edição Relógio D' Água, falamos de outros livros da autora e de outros autores. Na conversa sobre Dylan Thomas, partimos do livro "Eu Vi o Tempo Assassinar-me, uma antologia", com tradução de Frederico Pedreira e edição Assírio & Alvim. Neste episódio, e porque hoje é Dia de São Valentim, lemos alguns poemas de amor de poetas nacionais e estrangeiros. São muitos os autores e as referências que aparecem nesta conversa, a propósito das escolhas de Pedro Mexia. Rui Knopfli, Annie Ernaux, Michel Houellebecq, Fiódor Dostoiévski, Vladimir Nabokov, Philip K. Dick, Maria Velho da Costa , T. S. Eliot, W. H. Auden, Philip Larkin, Ted Huges, Sylvia Plath, Pablo Neruda, Charles Baudelaire, Arthur Rimbaud, W. B. Yeats, José Régio, James Joyce, João Guimarães Rosa, Wallace Stevens, Ezra Pound, Federico García Lorca, FriedrichHölderlin, Friedrich Nietzsche, Luís de Camões, Alexandre O’ Neill, Paul Éluard, António Ramos Rosa, Mario Vargas Llosa, Francesco Petrarca, Dante Alighieri, Edgar Allan Poe, William Carlos Williams
S6 E6 · Fri, February 07, 2025
Na segunda parte da conversa com Inês Fonseca Santos, trazemos para a mesa poetas contemporâneos, e várias reflexões sobre o que se vai fazendo na poesia em Portugal. O papel da arte e o tempo, este tempo tão acelerado em que vivemos, são outros dos vários temas abordados a partir das escolhas poéticas da nossa convidada. Poemas segunda parte: Luís Quintais, VII (Riscava a palavra dor no quadro negro) Rita Taborda Duarte, Fechado para balanço Tatiana Faia, Ganhar Balanço Raquel Nobre Guerra, Frutos de Verniz João Paulo Cotrim, monstro, eu? Livro: Um Dia na Vida de Abed Salama, Nathan Thrall. Tradução de Sara Veiga, edição Zigurate.
S6 E5 · Fri, January 31, 2025
Ainda antes de começar a ler, ouvia as palavras dos autores lidas em voz alta pelos avós. A avó lia-lhe ficção, o avô poesia. Alguns dos versos da sua vida serão estes de Álvaro de Campos: Come chocolates, pequena/ Come chocolates! / Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates./ Precisamente, Inês Fonseca Santos, escritora e jornalista, é viciada em chocolates desde criança e o avô, que lhe lia o poema Tabacaria, também lhe dava chocolates às escondidas dos pais. Licenciou-se em Direito pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, mas encontrou encontrou o ambiente certo para se sentir em casa quando fez o mestrado em Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde estudou a obra de Manuel António Pina para fazer a tese de mestrado, poeta e jornalista de quem se tornou muito próxima. Publicou vários livros de poesia e de literatura infantojuvenil, e gosta de privilegiar o contacto com a infância e o tal espanto inicial que vamos perdendo à medida que crescemos. Poemas primeira parte: José Fonseca Santos, Angola Miguel Torga, Astúcia Álvaro de Campos, Fernando Pessoa, Tabacaria Manuel António Pina, Passagem António Franco Alexandre, [Vi Roma arder, e neros vários]
S6 E5 · Fri, January 24, 2025
Gregório Duvivier nasceu no Rio de Janeiro, em 1986. Actor de teatro e cinema, escritor, poeta, humorista, criador com outros amigos do fenómeno A Porta dos Fundos, licenciou-se em Letras, talvez por ser antes de qualquer coisa um enamorado das palavras e das suas possibilidades. Esteve recentemente em Portugal, um país onde se sente em casa e sobre o qual já escreveu até poemas, para mais uma peça de teatro chamada O Céu da Língua. Neste episódio, conversamos sobre alguns dos poemas de que mais gosta, e sobre os assuntos que eles sugerem. O amor, o humor, a palavra, a poesia. Poemas: Vinicius de Moraes – Soneto da Fidelidade Eugénio de Andrade – Adeus Fabricio Corsaletti – Teu Nome João Cabral de Melo Neto – Galo tecendo a manhã Bruna Beber – quanto tempo falta para a gente se ver hoje
S6 E4 · Fri, January 17, 2025
Nesta nova rubrica do podcast "O Poema Ensina a Cair", Raquel Marinho recebe Pedro Mexia uma vez por mês para conhecer e conversar sobre as suas sugestões de leitura. Neste primeiro episódio conversamos sobre Fleur Jaeggy, autora suíça que escreve em italiano e sobre Zbigniew Herbert, poeta polaco. Fleur Jaeggy (n. Julho 1940) tem 2 livros publicados em Portugal pela editora Alfaguara - Felizes Anos de Castigo e Viagem no Proleterka , ambos traduzidos por Ana Cláudia Santos. A poesia de Zbigniew Herbert (1924-1998) foi publicada recentemente no livro Poesia Quase Toda, editado pela Cavalo de Ferro, com tradução de Teresa Fernandes Swiatkiewwicz. Ao logo desta conversa, e a partir dos autores escolhidos por Pedro Mexia, são mencionados vários outros autores. Evelyn Waugh Robert Walser Saul Bellow Truman Capote Karl Ove Knausgård Heinrich von Kleist Franz Kafka Ingeborg Bachmann Machado de Assis Fernando Pessoa Wislawa Szymborska Czesław Miłosz Milan Kundera Michel de Montaigne Osip Mandelstam Nadejda Mandelstam Joseph Brodsky Baruch Espinosa T. S. Eliot Rainer Maria Rilke William Shakespeare Harold Bloom
S6 E3 · Mon, January 13, 2025
Chama-se "O Desembarque das Ondas, Antologia para Ingmar Bergman" , e é o resultado de um desafio da poeta Raquel Nobre Guerra a 72 autores portugueses para escreverem a partir da obra do cineasta sueco. A edição é da Livraria Linha de Sombra, situada na Cinemateca Portuguesa, onde decorreu o lançamento em meados do passado mês de Dezembro; o prefácio de Luís Miguel Oliveira e o posfácio de Joana Matos Frias. Estivemos lá. Conversámos com a antologiadora e alguns dos autores.
S6 E2 · Fri, January 10, 2025
Segunda parte da conversa com o músico e compositor Júlio Resende . De Jorge de Sena a Mary Oliver, aproveitamos os poemas que escolheu para continuar a conversa sobre aquilo que o inquieta e o move, que tanto pode ser a poesia, como a ideia de servir os outros através da música. Poemas Segunda parte Jorge de Sena – nasceu-te um filho Mary Oliver – O homem que tem muitas respostas David Budbill – Os três objectivos Bob King – Geologia
S6 E1 · Sat, January 04, 2025
Júlio Resende tem 42 anos, é um dos pianistas e compositores portugueses mais conceituados e reconhecidos. Nesta primeira parte do podcast, e à boleia dos poemas que trouxe, conta da sua relação precoce com a música e o futebol - os primeiros amores - mas também da importância que a filosofia e a leitura têm no seu processo de criação e composição. Poemas primeira parte: Gonçalo M. Tavares – As Panelas Gonçalo M. Tavares – O Adultério Alexander Search - Was it just a kiss? Was it more than this? Alberto Caeiro/ Fernando Pessoa – O meu olhar é nítido como um girassol. Vinicius de Moraes – Soneto da Fidelidade Amalia Bautista – Ao fim
S5 Enull · Tue, December 24, 2024
José Tolentino Mendonça, poeta, sacerdote, professor universitário, teólogo, nasceu na Ilha da Madeira, em 1965, mas mudou-se para Angola quando tinha apenas 1 ano, onde viveu até aos 9. Já em Portugal, em 1976, entrou para o seminário pelos 11 anos de idade. Foi lá que tomou contacto com os livros, através de duas bibliotecas enormes que lhe permitiram tornar-se um leitor omnívoro e, simultaneamente, um adolescente que se apropria do mundo através das leituras. Foi também no seminário, ainda na adolescência, que escreveu os primeiros poemas. Estudou Ciências Bíblicas em Roma e vive no Vaticano, onde estamos, desde 2018, onde ficou responsável pela Biblioteca Apostólica e pelo Arquivo Secreto do Vaticano. Depois de ter sido nomeado Cardeal, em 2019, foi escolhido pelo Papa Francisco como Prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação da Santa Sé. Publica poesia e ensaio regularmente. A Vida em Nós (Aforismos), edição Quetzal e O Centro da Terra, Assírio & Alvim, são os mais recentes livros publicados em Portugal. Poemas: 1 - O Cântico dos Cânticos (Bíblia) 2 - Cântico Espiritual - São João da Cruz 3 - Canto XLV - Ezra Pound 4 – Marinha- Arthur Rimbaud 5 - Em Roma buscas Roma, ó peregrino! – Francisco de Quevedo 6 - Campo di Fiori - Czeslaw Milosz 7 - Míris: Aelxandria, 340 d.C - Konstantinos Kavafis 8 - Orla Marítima - Ruy Belo 9 - Não sei como dizer-te - Herberto Helder 10 - Arte Poética - Adília Lopes 11 - Missa das Dez - Adélia Prado 12 - O Verão Partiu - Arsenii Tarkovskij
S5 Enull · Fri, December 20, 2024
Episódio gravado ao vivo no Festival Utopia, em Braga. José Luís Peixoto nasceu em Galveias, Alentejo, em 1974. Um lugar, o seu lugar, onde, como disse numa entrevista, “o céu é maior”; onde criou uma banda de música pesada com os amigos da adolescência chamada Hipocondríacos; onde começou a ler, os livros que o Sr. Dinis trazia mensalmente numa carrinha Citroen, que estacionava em frente à cooperativa, no terreiro da povoação. Aos 18 anos mudou-se para Lisboa, para estudar Línguas e Literaturas Modernas, variante inglês e alemão, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova. A mesma universidade que lhe atribuiu recentemente o Prémio Alumni, na categoria de Humanidades. É um dos autores portugueses contemporâneos de maior destaque, com obra ficcional e poética estudada em diversas universidades nacionais e estrangeiras, e traduzida em muitos idiomas. É também amplamente premiado mas temos, talvez, de destacar o prémio literário José Saramago, em 2001, com o romance Nenhum Olhar. Poemas Joaquim Cardoso Dias – O Vento Margarida Vale de Gato – Primeira Canção da Planície Paulo Lourenço – Quantas rosas são precisas para matar um homem José Mário Silva – Décimo quinto andar e. e. cummings – Uma vez que sentir é primeiro, tradução de José Luís Peixoto Lucille Clifton – desejos para os meus filhos, tradução de José Luís Peixoto Mark Strand – Manual da Nova Poesia, tradução de José Luís Peixoto Hal Sirowitz - A separação é difícil, Timing, Esta noite não, tradução de José Luís Peixoto
S5 Enull · Fri, December 13, 2024
Segunda parte da conversa com o jornalista, "tipo da rádio", Fernando Alves. Os poemas são o chão de onde saímos para outros voos, onde nos cruzamos, por exemplo, com o verso de Manoel de Barros "poesia é voar fora da asa". E falamos desse voo da poesia, mas também, por exemplo, do voo da borboleta amarela do conto de Rubem Braga, ou do encontro de Fernando Alves com Agostinho da Silva num café, ou da casa onde viveu Sá de Miranda. São muitos os apeadeiros por onde nos guia Fernando Alves, e muitas as possibilidades para a partir desta conversa sair daqui, do Spotify, à descoberta de outros mundos e lugares possíveis. Poemas: Ana Luisa Amaral - Que escada de Jacob? in Entre dois rios e outras noites Wislawa Szymborska, Alguns gostam de poesia Sophia de Mello Breyner Andresen, A conquista de Cacela, in Livro Sexto Manoel de Barros, Uma didática da invenção, in O Livro das Ignorãças Manuel António Pina, Junto à Água, in Um sítio onde pousar a cabeça
Bonus · Wed, December 11, 2024
O jornalista Fernando Alves lê Manuel António Pina, um dos poetas que escolheu trazer para o podcast.
S5 Enull · Fri, December 06, 2024
Habituámo-nos a ouvi-lo na rádio, todas as manhãs, reflectir sobre o mundo à nossa volta, o que vem e não vem nas notícias. Fernando Alves , 70 aos, começou por escutar a “magia da rádio” ainda adolescente no Rádio Clube de Benguela, em Angola. Já em Portugal, esteve mais de uma década na RDP - Antena 1, antes de ajudar a fundar a cooperativa de onde haveria de nascer a TSF. Aos microfones dessa rádio, e ao longo de 35 anos, fez tudo menos relatos de futebol. É dele a frase “até ao fim da rua, até ao fim do mundo", que encerra uma espécie de tratado sobre uma certa visão do jornalismo. De regresso à Antena 1, assina agora uma crónica diária, de segunda a sexta, chamada “Os Dias que Correm”. Tem uma relação precoce com os livros iniciada ainda em Angola, quando era adolescente, e uma admiração por alguns autores que veio a conhecer já em Portugal nos muitos caminhos da rádio. Herberto Helder é um deles, mas também, por exemplo, Fernando Assis Pacheco ou António José Forte. Nesta primeira parte do podcast, conversamos sobre alguns dos poemas de que mais gosta e sobre os poetas, os seus mestres. Conta-nos que pode visitar de propósito um lugar por causa de um poema, ou até ler um livro de ficção nos locais onde a narrativa decorre. Para Fernando Alves, que não sabe poemas de cor mas tem inúmeros versos que o acompanham pelos dias, os poetas são uma espécie de feiticeiros e "a poesia é como comer um cacho de uvas todos os dias, vais ali depenicar. Deixa-me ir ali depenicar um poema". Nesta primeira parte, depenicamos 5 poemas: Ruy Belo – Morte da Água Herberto Helder – Fonte – No sorriso louco das mães Daniel Faria – Sabes, leitor, que estamos ambos na mesma página António José Forte – Dia a Dia Amante do Poeta Jorge de Sena – Soneto do Envelhecer
Bonus · Thu, December 05, 2024
A escritora brasileira Aline Bei escolheu um poema de Manoel da Barros para a conversa no podcast. Quando conversamos sobre esta escolha, destaca o verso "perdoai mas eu preciso ser Outros". Vê esta leitura tão bonita e escuta o episódio para saber por que razão gosta da poesia de Manoel de Barros.
S5 Enull · Fri, November 29, 2024
Aline Bei nasceu em São Paulo, em 1987. É formada em letras e em artes cénicas, foi actriz, e estreou-se na literatura em 2017 com o romance O Peso do Pássaro Morto, vencedor do prémio São Paulo de Literatura e do prémio Toca. O segundo livro, Pequena Coreografia do Adeus, foi finalista do Prémio Jabuti. Ambos os romances têm ou terão adaptações para teatro e cinema, e isso não será alheio ao facto de a nossa convidada considerar que são três as forças a norteiam desde o início: a poesia, a dramaturgia e a oralidade. Numa entrevista recente contou que de vez em quando há um grande pássaro que sobrevoa o seu texto e que nunca pousa, e que esse pássaro é a poesia.
S5 Enull · Fri, November 22, 2024
Na segunda parte da conversa com o físico Carlos Fiolhais, conversamos sobre 5 poemas e um livro, o Cosmos de Carl Sagan: "o Cosmos é um livro muito interessante e interessa a todos porque trata de tudo. O que é o universo, o cosmos? É tudo o que existe, existiu e existirá." Poemas: Jorge de Sena – Homenagem a Francisco Sanches Vitorino Nemésio – ADN Álvaro de Campos/ Fernando Pessoa – Ode Triunfal Antero de Quental – Evolução Luís de Camões - Canto V de Os Lusíadas (excerto)
S5 Enull · Fri, November 15, 2024
Físico, professor, antigo director da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, criador do Centro de Ciência Viva Rómulo e do Centro de Física Computacional da Universidade de Coimbra, onde instalou o maior computador português para cálculo científico (Centopeia). Carlos Fiolhais, 68 anos, nasceu em Lisboa, foi baptizado no Mosteiro dos Jerónimos e em criança, porque cresceu no bairro da Ajuda, brincava no jardim da Praça do Império e na Rosa dos Ventos, já andava ali a pisar o mundo todo. Acredita que descobrir é das coisas mais humanas que há, e foi talvez por isso que estudou física – queria percorrer o caminho da aventura da ciência. Coimbra primeiro, depois doutoramento na Alemanha, e desde então a tal aventura de conhecer, partilhar conhecimento, com os alunos da faculdade mas também com o público. Podemos dizer que é um divulgador de ciência, mas também um entusiasta dessa divulgação. Poemas primeira parte: Adília Lopes – Memórias das Infâncias Jorge Sousa Braga – Poema de Amor Eugénio Lisboa – Kepler Alexandre O’ Neill – Aos vindouros se os houver António Gedeão – Poema Para Galileu
S5 Enull · Fri, November 08, 2024
Luísa Freire nasceu em Castelo Branco, em 1933. É licenciada em Filologia Germânica e mestre em Literaturas Comparadas pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Lisboa, a mesma onde integrou o Instituto de Estudos sobre o Modernismo, e onde investigou a obra pessoana, sobretudo a poesia inglesa de Fernando Pessoa, que publicou e traduziu. Publicou este ano Atravessar o Frio , o primeiro de 2 volumes de poesia inédita, pela Assírio & Alvim. Considera que escrever poesia é uma forma de se conhecer melhor, de pensar as coisas, e sente-se "absolutamente filha de Álvaro de Campos", heterónimo de Fernando Pessoa. Além de continuar a escrever poesia, continua a pintar. Para Luísa Freira "a poesia é uma forma de poema" e quando pinta sente que está a escrever. Poemas: Álvaro de Campos/ Fernando Pessoa: Não estou pensando em nada Bashô: Nada a sugerir Buson: De pé, em silêncio – Issa Kobayashi: Floresce a ameixeira: Shiki: Aqui e ali Sophia de Mello Breyner Andresen: Movimento António Ramos Rosa: As palavras dizem os arcos do mar Eugénio de Andrade: No teu ombro respiro Albano Martins: Crepúsculo de Agosto Carlos de Oliveira: Espaço/ para caírem/ gotas de água Fernando Guimarães: Vens de longe. Mais perto de ti encontras Pedro Tamen: Suspendo a mão entre o A e o B, Gastão Cruz: Variação
S5 Enull · Fri, November 01, 2024
Segunda parte da conversa com Carlos Vaz Marques, jornalista, editor e tradutor. Conversamos sobre alguns dos poemas de que mais gosta, e reflectimos sobre os que os poemas sugerem. Por exemplo, a ideia de cair ou não "verticalmente no vício" de que fala Mário Cesariny, ou a ideia de entrar ou não resignado "nessa noite tranquila", de que nos fala Dylan Thomas. Para livro de não poesia, o nosso convidado escolheu o Livro do Desassossego, e até sugeriu uma espécie de jogo que cada um de nós pode fazer on-line, para criar a sua própria edição deste livro de Fernando Pessoa. Poemas segunda parte: Camilo Pessanha - Singra o navio Álvaro de Campos - Olha, Daisy, quando eu morrer Cesário Verde – De Tarde Mário Cesariny – Pastelaria Não Entres Resignado Nessa Noite Tranquila, de Dylan Thomas (tradução de Carlos Vaz Marques) Livro: Livro do Desassossego
S5 Enull · Fri, October 25, 2024
Carlos Vaz Marques , 60 anos, vem dizendo que ganha a vida a fazer perguntas, mas hoje em dia, além de jornalista, é também editor e tradutor. Estudou Línguas e Literaturas Modernas, foi professor durante 2 anos, trabalhou na Rádio universidade Tejo, no JL, no semanário O Jornal, e na TSF durante muitos anos, rádio onde criou esse espaço de entrevistas chamado Pessoal e Transmissível , o programa de comentário cujo nome está impedido de dizer e que permanece até hoje, e um programa diário de sugestões de leitura chamado Livro do Dia . Na primeira parte desta conversa, dá-nos conta de alguns dos poemas de que mais gosta, do primeiro encontro com a poesia através das palavras do avô materno que sabia o Canto IX dos Lusíadas de cor, das primeiras leituras de ficção com os livros de Enid Blyton, da forma curiosa que escolheu para se relacionar com o mundo: "Há duas formas de nos relacionarmos com o mundo. Uma é esperar que o mundo venha ter connosco, outra é irmos ao encontro do mundo. E no meu caso, até pelo treino de jornalista, sempre fujo muito de me centrar muito em mim próprio." Poemas primeira parte: 1: Luís de Camões – Sete anos de pastor Jacob servia Labão 2: Ruy Belo – Algumas proposições sobre pássaros que o poeta remata com uma referência ao coração 3: Jorge de Sena – Carta a meus filhos sobre os fuzilamentos de Goya 4: Alberto Caeiro, Poema VIII, O Guardador de Rebanhos 5: Herberto Helder – Li algures que os gregos, A faca Não Corta o Fogo
S5 Enull · Wed, October 23, 2024
Escritor, poeta, filho de poeta, biólogo, um dos nomes maiores da literatura escrita em português, Mia Couto acaba de lançar o livro A Cegueira do Rio, edição Caminho. Sobre o livro, deixou aos futuros leitores esta mensagem escrita à mão numa livraria de Lisboa: “uma visita ao fim da escrita, esse lugar onde os rios já são fronteira e nos ensinam a sermos pontes para chegar aos outros”, fim de citação. Neste podcast conversamos sobre o novo romance, mas também sobre poesia , essa forma de perder fronteira que Mia Couto considera ser necessário recuperar. É escritor de romances mas também poeta e é assim que se assume antes de qualquer coisa, "isso não sai de mim de maneira nenhuma".
S5 Enull · Fri, October 18, 2024
Segunda parte do podcast com Zeferino Coelho, lendário editor português, um dos fundadores da Caminho e editor de José Saramago, sobre quem conversamos longamente. A luta anti-fascista é outro dos temas desta segunda parte, assim como a poesia como instrumento de resistência ao regime do Estado Novo. Por exemplo quando um poema de Alexandre O’ Neill dito por Mário Viegas num protesto de estudantes, fez os presentes ficarem no lugar em vez de fugirem à polícia, como queriam inicialmente. Poemas segunda parte: Ricardo Reis – Para ser grande sê inteiro Ricardo Reis – Tirem-me os deuses Mário Cesariny – You are welcome to Elsinore Miguel Torga – Dies Irae Carlos de Oliveira - Acusam-me de mágoa e desalento Manuel Bandeira – Vou-me embora para Pasargada Livro: Ensaio sobre a Cegueira, José Saramago
S5 Enull · Fri, October 11, 2024
Foi o editor de José Saramago, o único Nobel português de Literatura, e ainda hoje tem orgulho quando se lhe referem assim. Zeferino Coelho, 79 anos, nasceu em Paredes, uma pequena vila do distrito do Porto, em 1945. Filho mais velho de 5 irmãos, foi criado pelo avô, o que terá contribuído para poder estudar e fazer um percurso escolar que o levaria primeiro a Guimarães e depois, no ano lectivo de 62-63, à recém-criada Faculdade de Letras da universidade do Porto, para tirar o curso de Filosofia. Só na adolescência se consolida como leitor, e deve-o à biblioteca itinerante da Fundação Calouste Gulbenkian, que visitava Paredes quinzenalmente. A entrada na Faculdade trar-lhe-ia o admirável mundo novo da luta antifascista, a ousadia da troca de ideias em cafés do Porto, como o Piolho. Acabaria por aderir ao PCP aos 20 anos, partido onde trabalhou de 72 a 76. Passou pela editora Inova, entes de ajudar a criar a Caminho, onde se mantém até hoje. Foi ele que decidiu publicar o livro Levantado do Chão , de José Saramago, que havia sido recusado antes por outras editoras, e esse facto, marcou a sua vida e a da editora. Poemas primeira parte Sophia de Mello Breyner Andresen – Arte poética 2 Sophia de Mello Breyner Andresen – Senhora da Rocha Sophia de Mello Breyner Andresen – Crepúsculo dos Deuses D. Dinis – Ai flores, ai flores do verde pino João Roiz de Castelo Branco – Cantiga partindo-se Luís de Camões – Babel e Sião Antero de Quental – A um crucifixo
Bonus · Sat, October 05, 2024
No Dia Mundial do Professor, Raquel Marinho partilha a leitura de um poema de João Miguel Fernandes Jorge chamado "Durante um Exercício de Filosofia" publicado no livro Antologia dos Poemas , edição Relógio D´Água.
S5 Enull · Fri, October 04, 2024
Nesta segunda parte da conversa com Milhanas, continuamos a conversar sobre os poemas de que mais gosta e, mais uma vez, partimos da poesia para conversar sobre os temas que interessam, inquietam, preocupam mas também motivam e movem a nossa convidada. Poemas: Carlos Drummond de Andrade - Os ombros suportam o mundo Carlos Drummond de Andrade - Congresso internacional do medo Almeida Santos - Se tardas amor, não venhas Natália dos Anjos - Rezando pedi por ti Álvaro Duarte Simões - Barro divino
S5 Enull · Fri, September 27, 2024
Chama-se Milhanas, tem 22 anos, e estreou-se na cena musical portuguesa em 2023 com o disco De Sombra a Sombra . A ligação à poesia, conta-nos, deve-se a uma professora de Literatura do secundário que lhe permitiu uma interpretação mais livre dos poemas, contrariando a análise teórica e pragmática que conhecia até essa altura.Desde a adolescência que leva a cabo uma espécie de diálogo com os poemas que vai lendo: quando gosta e se sente tocada pelas palavras de um poeta, escreve de volta em resposta e diálogo que o que acabou de ler. De vez em quando, essas respostas podem ser letras de canções, na maioria das vezes ficam na gaveta. Gostaria, um dia, de fazer um disco que incluísse em todas as canções um verso de um poema de que gosta. Já experimentou esse modelo neste primeiro trabalho usando estas palavras de António Barahona no refrão: "que Deus te pague o silêncio que me deste" Neste podcast, conversamos sobre este percurso de proximidade com a palavra escrita, a que lê e a que vai experimentando, sobre música, sobre a importância da arte na sociedade actual. Poemas: Alexandre O' Neill - Um Adeus Português Fausto - O que a vida me deu Maria do Rosário Pedreira - Ainda bem que não morri de todas as vezes José Saramago - Não me peçam razões Daniel Faria - Estranho é o sono que não te devolve
Bonus · Fri, September 27, 2024
A cantora e compositora Milhanas é a próxima convidada do podcast "O Poema Ensina a Cair. Maria do Rosário Pedreira é uma das suas escolhas. Hoje, a partir das 20h.
S5 Enull · Fri, September 20, 2024
Nesta segunda parte do podcast com a professora catedrática de Literatura Rosa Maria Martelo, continuamos a conversa sobre alguns dos poemas de que mais gosta, que incluem autores como Luiza Neto Jorge, Fiama Hasse Pais Brandão, Wallace Stevens, Mário Cesariny e Herberto Helder. Conversamos também longamente sobre o livro Finisterra, de Carlos de Oliveira, autor sobre quem Rosa Maria Martelo fez a tese de doutoramento com a tese Carlos de Oliveira e a Referência em Poesia.
S5 Enull · Fri, September 13, 2024
Rosa Maria Martelo nasceu em Vila Nova de Gaia, em 1957. É professora catedrática aposentada da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora integrada do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa. Doutorada em Literatura Portuguesa com a tese Carlos de Oliveira e a Referência em Poesia , tem-se debruçado particularmente sobre a Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea, as Poéticas do Século XX e a Literatura Comparada, como domínios de investigação. Neste podcast conversamos sobre alguns dos poemas de que mais gosta e um livro de ficção. Através destas escolhas, ficamos a conhecer melhor a relação da nossa convidada com a palavra, que é precoce, e, por exemplo, a importância que atribui ao estudo das Humanidades no tempo em que vivemos: "Quando as pessoas aprenderam a analisar um poema de Camilo Pessanha bem, e perceberam como é que ele funciona, são muito mais difíceis de enganar, por exemplo pela propaganda política, pela manipulação. As pessoas que sabem como é que se produz sentido, têm sentido crítico e é muito mais difícil manipulá-las. Por isso é que as Humanidades são importantes. No tempo em que vivemos é muito importante que as Humanidades cumpram o seu papel, desempenhem o seu papel na sociedade em que estamos, porque é por aí que nós conseguimos criar espírito crítico." Poemas primeira parte: Poetry - Marianne Moore O céu, a terra, o vento sossegado - Luís de Camões, Rimas Manhãs Brumosas - Cesário Verde, O Livro de Cesário Verde Vénus II - Camilo Pessanha, Clepsidra Ode Marítima - Fernando Pessoa/ Álvaro de Campos
S5 Enull · Fri, September 06, 2024
A voz dela acompanhou várias geraçõese marcou indelevelmente a história do rock português. Lena D’ Água, 68 anos, está, uma vez mais, de volta com o disco Tropical Glaciar , autoria de Pedro da Silva Martins, assim como o anterior Desalmadamente , de 2019. Poemas: Tu sabes- Lena D'Água Paz poeta e pombas – Zeca Afonso É ao mar que eu pertenço – José Fanha O que a vida me deu – Fausto Essa Mulher – Ana Terra Eu não me entendo – José Luís Gordo O Negócio (para Marc Chagall) – José Fanha Agostinho da Silva – Somente o traço que ficou no céu importa agora O Nosso Livro – Florbela Espanca
S5 Enull · Thu, August 29, 2024
Em 2023, a Maratona de Leitura da Sertã iniciou a actividade Poetas ao Domicílio, organizada pela Associação Cultural Casa de Gigante, de Miguel-Manso, e pel' O Poema Ensina a Cair, de Raquel Marinho. Ao longo de 3 dias, 9 poetas visitaram vários domicílios, leram poesia, conversaram com quem os quis perto, escutaram histórias deste e doutro tempo. Estiveram presentes André Tecedeiro, Francisca Camelo, João Paulo Esteves da Silva, Margarida Vale de Gato, Raquel Serejo Martins, Ricardo Marques, Rita Taborda Duarte e Vasco Gato.
S5 Enull · Wed, August 21, 2024
Maria Antónia Oliveira, biógrafa, autora do livro Alexandre O' Neill, Uma Biografia Literária , segunda edição revista e aumentada, edição Assírio & Alvim, é a convidada de Raquel Marinho para uma conversa sobre a vida e a obra do poeta português que morreu neste dia, 21 de Agosto, em 1986. Nas palavras da biógrafa, O' Neill era fascinado pela banalidade e pelo lugar comum e não gostava de pessoas demasiado conscientes da sua importância. Sobre ele, Baptista Bastos disse "parecia um miúdo com um berlinde na mão".
S5 Enull · Fri, August 02, 2024
Catarina Gomes nasceu em Lisboa, em 1975. É autorade quatro livros de não-ficção e do romance Terrinhas , vencedor do Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís. Foi jornalista do Público durante quase 20 anos, tendo recebido alguns dos prémios nacionais mais importantes da área, como o Gazeta. Foi duas vezes finalista do Prémio de Jornalismo Gabriel García Marquez e recebeu o Prémio Internacional de Jornalismo Rei de Espanha. O seu mais recente livro chama-se “Um Dedo Borrado de Tinta – Histórias de quem não pôde aprender a ler”, edição Fundação Francisco Manuel dos Santos. Nele, ficamos a conhecer Horácio Bernardo Rocha, IsabelFortuna, Conceição Cameira, Maria José Ferreira, Emília de Jesus Mota e Olívia do Nascimento Almeida. Homens e mulheres que não puderam aprender a ler, e quenasceram numa aldeia do distrito da Guarda chamada Casteleiro onde, em 2011, mais de 40% dos habitantes com mais de 10 anos eram analfabetos. O ensino era um privilégio para alguns, poucos, esimultaneamente um lugar de medo. Conhecemos, neste livro, ditados como “pelo sangue entra a letra”, que nos dá uma ideia de como os castigos físicos e psicológicos eram prática comum, ou ainda, um outro, que nos revela como se privilegiava o trabalho em detrimento da aprendizagem: “o saber não dá pão”.
S5 Enull · Fri, July 26, 2024
Segunda parte da entrevista a Benjamim, músico, compositor, cantautor e produtor musical. Poemas segunda parte: - Construção – Chico Buarque - Moonlight Drive / Passeio ao Luar - Jim Morrison - Testamento - Ana Luísa Amaral - Uma vez quiseram-me louca a arder - Cláudia R. Sampaio - Um caso - Inês Fonseca Santos - Na hora de pôr a mesa - José Luís Peixoto Livro além da poesia: O Retorno, Dulce Maria Cardoso, edição Tinta da China
S5 Enull · Fri, July 19, 2024
Conhecemo-lo por Benjamim mas chama-se Luís Nunes. Cantautor, escritor de canções, produtor, compositor, músico multi-instrumentista, nasceu em Lisboa em 1986. Estudou Antropologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova, depois rumou a Londres para estudar Engenharia de Som, e foi lá que assinou os primeiros trabalho, em inglês, e como Walter Benjamin. De volta a Portugal instalou-se no Alentejo, construiu o estúdio que é hoje a sua principal ferramenta de trabalho, e passou a apresentar-se como Benjamim. É assim que o conhecemos e aos vários trabalhos que assinou em nome próprio ou em colaborações, ou ainda, muito importante faceta do meu convidado, como produtor. Lançou recentemente um projecto ambicioso chamado Berlengas. É um disco, mas também um filme e um bailado, que nos propõe uma viagem imaginária às Berlengas ou, diria eu, a qualquer outra ilha para onde quiséssemos fugir. Primeiro criou uma paisagem musical, depois convidou o realizador Bruno Ferreira a assinar um filme inspirado na música que lhe deu a ouvir. O resultado acaba por ser um filme/bailado, mas também um disco com 20 faixas, onde podemos encontrar ideias, no meio das letras, bonitas assim, e vou citar Eu acerto sempre por acaso/Mas o ocaso sei de cor. Poemas primeira parte: - A solução – Bertolt Brecht - Árvore Envenenada – William Blake - Pequena ode a um carro eléctrico – David Mourão-Ferreira - A Morte solitária de Hattie Carrol – Bob Dylan - Jeremias, O Fora da Lei – Jorge Palma
S5 Enull · Fri, July 12, 2024
Segunda parte do podcast com o poeta, professor universitário Eucanaã Ferraz. Poemas: Sophia de Mello Breyner Andresen, Coral Manuel Bandeira, Consoada Caetano veloso, Terra Álvaro de Campos, Poema em Linha Recta António Cícero, Guardar Livro: Clarice Lispector, Água Viva, edição Relógio D´Água
S5 Enull · Fri, July 05, 2024
Eucanaã Ferraz nasceu no Rio de Janeiro, em 1961. É poeta, professor de Literatura Brasileira na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro e consultor de literatura do Instituto Moreira Salles. Os seus poemas, de 1990 a 2016, estão publicados em Portugal no livro Poesia, editora INCM. Em 2019, a Tinta-da-china, lançou Retratos com Erro, que recebeu o Prémio Oeiras de Poesia e, mais recentemente, no final de 2023, o livro Raio. Conheceu alguns dos nomes maiores da poesia portuguesa, como por exemplo Eugénio de Andrade ou Sophia de Mello Breyner Andresen, sobre quem organizou a antologia Coral e outros poemas, editada no Brasil pela Companhia das Letras. Fez várias outras antologias – Vinicius de Moraes, Caetano Veloso ou Adriana Calcanhoto.
S5 Enull · Fri, June 28, 2024
Segunda parte do podcast com a poeta, editora, letrista, contista Maria do Rosário Pedreira. Poemas: Alexandre O´Neill – Gaivota Ana Luísa Amaral – Passado José Emílio Pacheco – Uma defesa do anonimato (tradução de António Cabrita) José Carlos Barros – A Literatura Livros: Marguerite Duras, "O Amante" e "Uma Barragem Contra o Pacífico"
S5 Enull · Fri, June 21, 2024
Maria do Rosário Pedreira nasceu em Lisboa, em 1959. Escritora, poeta, editora, cronista, letrista, começou a escrever cedo, ainda criança, na escola primária, e para isso terá contribuído o facto de ter estudado numa escola cujo patrono era o poeta João de Deus, que incentivava os alunos, por exemplo, a fazer recitais de poesia no final do ano lectivo. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa - "não podia ir para mais lado nenhum, não sabia fazer mais nada" -, passou brevemente pelo ensino, veio a tornar-se uma das editoras portuguesas mais respeitadas e reconhecidas. Escreveu ficção infantil, contos, romance, mas reconhecemo-la sobretudo pela poesia, mais do que uma vez distinguida. Já este mês venceu o Prémio de Poesia de Oeiras com o livro "O Meu Corpo Humano", edição Quetzal. Assina os e-mails com uma frase de C. S. Lewis: "lemos para sabermos que não estamos sozinhos". Poemas Primeira Parte: João de Deus, Boas Noites Álvaro de Campos, Soneto Já Antigo Mário Cesariny, De Profundis Amamus Mário de Sá-Carneiro, Caranguejola Eugénio de Andrade, Véspera da Água
S5 Enull · Fri, June 14, 2024
Segunda parte do podcast com o músico, compositor, orquestrador, realizador de cinema, autor de banda desenhada Filipe Melo. Poemas: Rainer Maria Rilke, Sonetos a Orfeu Herberto Helder, A manhã começa a bater no meu poema, "A Colher na Boca", edição Assírio & Alvim António Variações, diz-me que solidão é essa que te põe a falar sozinho Ana Luísa Amaral, Dois Cavalos: Paisagem, Peixe, "Mundo", edição Assírio & Alvim Yvette Centeno, Os jovens não pensam e dizem tudo; Teremos de perceber que a vida não é eterna, “Existir”, edição Eufeme Charles Bukowski, Não há ajuda para isso, "Os Cães Ladram Facas", tradução de Rosalina Marshall, edição Alfaguara, Livro: El Abismo del Olvido, Paco Roca
S5 Enull · Fri, June 07, 2024
O nosso convidado de hoje recebeu de presente o primeiro piano, um pianinho Casio, aos 12 anos, para conseguir enfrentar melhor a ansiedade e receio de uma cirurgia. Aos 15 anos foi detido por pirataria informática. Estudou jornalismo, mas, nas suas palavras, “não tinha vocação” e acabou por dedicar-se à música, de onde partiria para muitas outras artes. Músico, compositor, orquestrador, realizador de cinema, autor de banda desenhada, os vários projectos de Filipe Melo movem inúmeras pessoas, mas continua a sentir-se bem em ambientes mais resguardados. Estudou no Hot Clube de Portugal e no Berklee College of Music, em Boston. Durante muitos anos ensinou na Escola Superior de Música, em Lisboa. Na área do cinema, foi criador de vários projetos de culto vencedores de importantes distinções, e na Banda Desenhada também foi reconhecido em Portugal e no estrangeiro. Colabora com Juan Cavia há muitos anos, têm vários livros publicados, entre os quais “Balada para Sophie”, um livro dedicado a Beatriz Lebre, jovem pianista e estudante universitária de psicologia morta em por um colega da universidade. Este livro foi vencedor dos prémios Livro do Ano Bertrand, Melhor BD de Autor Português pelo Festival Amadora BD, e vai ser adaptado para série de televisão nos Estados Unidos. Apesar de ter nascido em Lisboa, em 1977, é para Tondela que se sente rodeado das coisas de infância, e é para lá que vai quando precisa de entrar num modo mais criativo. Poemas: António Gedeão, Poema do fecho eclair Edgar Allan Poe, Dream Within a Dream Adília Lopes, "Pardais" e "Bandolim", edição Assírio & Alvim Ana Hatherly, "Tisanas", Edição Assírio & Alvim Ryokan, "Tal Como és", tradução de Marta Morais, edição Assírio & Alvim
S5 Enull · Sat, June 01, 2024
Segunda parte do podcast com o poeta e artista plástico André Tecedeiro. Poemas: Antón Lopo, Disse-o à minha mãe um dia em que cheguei tarde, “Azul Monforte” Manoel de Barros, A poesia está guardada nas palavras — é tudo que eu sei, "Poesia Reunida", edição Caminho Judith Herzberg, Caixas, livro “O que resta do dia” , edição Cavalo de Ferro Angélica Freitas, Eu durmo comigo, "Um útero é do tamanho de um punho", edição Douda Correria José Gomes Ferreira, Devia morrer-se de outra maneira Hellington Vieira, Cafajeste da peste LIVRO: "A Lebre de Vatanen", de Arto Paasilinna, edição Relógio D´Água
S5 Enull · Sat, May 25, 2024
André Tecedeiro nasceu em Santarém, em 1979. É poeta, artista plástico e dramaturgo. É licenciado em pintura, mestre em Artes Visuais, e tem um mestrado integrado em Psicologia. Entre outras publicações, é autor de A Axila de Egon Schiele, Porto Editora, 2020, um livro recomendado pelo Plano Nacional de Leitura. É trans, e activista pela visibilidade da diversidade de género. Poemas primeira parte: María do Cebreiro, Temos, como o leão, a boca cheia de sangue Wislawa Szymborska, O Ódio Kobayashi Issa, O Pequeno Caracol, "Os Animais: haikus", edição Assírio & Alvim Ron Padgett, Varrer, Poemas Escolhidos, tradução de Rosalina Marshall, edição Assírio & Alvim Ron Padgett, "O Poeta Enquanto Pássaro Imortal, Poemas Escolhidos", tradução de Rosalina Marshall, edição Assírio & Alvim Tal Nitzán, Possibilidades Matsuo Bashô, No Outono nos separámos, “O caminho estreito para o longínquo norte", edição Fenda
S5 Enull · Sat, May 18, 2024
Segunda parte da entrevista a Katia Guerreiro. Poemas: Verão, Egídio Santos Poema no Meio do Caminho, Carlos Drummond de Andrade Felicidade, Clarice Lispector Os Meus Versos, Florbela Espanca Cais da Saudade, Pedro Pio Tempo de Viver, Manuela de Freitas Livro: O Principezinho, Antoine de Saint-Exupéry Tradução: Joana Morais Varela
S5 Enull · Sat, May 11, 2024
Katia Guerreiro nasceu na África do Sul em 1976 mas mudou-se para a Ilha de São Miguel, nos Açores, anda bebé, aos 11 meses, e foi lá que iniciou o seu percurso musical em plena adolescência, a tocar Viola da Terra (instrumento tradicional do arquipélago) no Rancho Folclórico de Santa Cecília. Rumou a Lisboa para estudar Medicina, mas inicialmente pensou ser médica veterinária, talvez por essa ligação aos animais do campo, com os quais cresceu, nesse lugar chamado Açores, que até hoje continua a considerar o seu chão. Depois de uma experiência numa banda de rock chamada Os Charruas, acabaria por receber o Fado como vocação e projecto para a vida. Tudo começou no ano 2000, quando se apresentou num concerto de homenagem a Amália Rodrigues, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, onde interpretou “Amor de Mel, Amor de Fel” e “Barco Negro”. O primeiro disco, Fado Maior, saiu em 2001, e logo na altura, por exemplo, Rui Vieira Nery reconheceu-lhe uma filiação na tradição amaliana. A carreira é longa e inclui reconhecimento em Portugal e no estrangeiro, e colaborações com muitos nomes da música portuguesa como, por exemplo, José Mário Branco, ou mais recentemente Tiago Bettencourt no disco "Mistura". Diz que tem de se encontrar naquilo que quer ler a cantar e que aquilo que canta tem de ter um pouco de si. Poemas: Recado, António Lobo Antunes Quando, Sophia de Mello Breyner Andresen Açores, Sophia de Mello Breyner Andresen Creio, Natália Correia Até ao Fim, Vasco Graça Moura
S5 Enull · Sat, May 04, 2024
Segunda parte da conversa com a poeta e psicóloga clínica Francisca Camelo.
S5 Enull · Sat, April 27, 2024
Francisca Camelo nasceu no Porto em 1990: é poeta e diseuse. Tem poemas espalhados em diversas antologias e revistas, sobretudo em Portugal e na América Latina, tendo sido traduzida em espanhol, grego, francês e alemão. Os seus poemas podem também ser lidos na revistas Enfermaria 6, Pulsar, Tutano, Nervo e PRIMA (Portugal), Círculo de Poesía e Barca de Palabras (México), Palavra Comum (Galiza), Ruído Manifesto e Gueto (Brasil), entre outras. Autora de “Cassiopeia” (Apuro Edições, 2018); “Photoautomat” (Enfermaria 6, 2019); “O Quarto Rosa” (semi-finalista do Prémio Oceanos 2019, Corsário-Satã (Brasil)), “A Importância do Pequeno-almoço” (Fresca Edições, 2020) e “Quem me comeu a carne” (Nova Mymosa, 2022). Organiza performances de Spoken Word e conversas mensais com outros poetas, no seu projecto Sin.cera. Gosta de tomar o pequeno-almoço devagar e com calma e de ouvir Chavela Vargas. Poemas: 1 - Elizabeth Bishop, One Art 2 - Alexandre O’Neill, Um Adeus Português 3 - Adília Lopes, A propósito de estrelas 4 - Frank O’Hara, Poem 5 - Zeca Afonso, Era um redondo vocábulo 6 - Herberto Helder, Poemacto II 7 - Mário Cesariny, de profundis amamus 8 - Maria Teresa Horta, Segredo 9 - Marília Garcia, no dia 7 de março de 2019, Expedição: nebulosa, edição Companhia das Letras 10 - Sharon Olds, Sex Without Love Livro de não poesia: “Your silence will not protect you, Essays and Poems” da Audre Lorde (Silver Press, 2017)
S5 Enull · Thu, April 25, 2024
Assinalamos os 50anos do 25 de Abril com uma conversa com Ricardo Marques sobre o livro "Direito de Resposta" , Flan de Tal, 2024. Poeta e tradutor, é de Ricardo Marques a selecção, prefácio e revisão deste livro editado pela Flan de Tal, com grafismo e paginação lina&nando, publicado no mês em que se assinalam os 50 anos da revolução. No prefácio, que tem como título "TODO O POETA É PUNK", Ricardo Marques faz a pergunta: e se, de repente, pudéssemos responder com um poema a outro poema do passado? É isso que fazem 25 autores contemporâneos nascidos depois de 25 de Abril de 74, que escolheram poemas do passado para lhes escreverem uma resposta. Os autores que integram esta antologia, por ordem alfabética, são: Álvaro Seiça, André Tecedeiro, Beatriz de Almeida Rodrigues, Catarina Nunes de Almeida, Catarina Santiago Costa, Ederval Fernandes, Fernanda Drumond, Filipa Leal, Francisca Camelo, Henrique Manuela Bento Fialho, Inês Dias, Inês Francisco Jacob, João Bosco da Silva, José Pedro Moreira, Mariana Varela, Miguel Cardoso, Miguel-Manso, Paola D´Agostino, Pedro Korres, Rafael Mantovani, Rafa (Rafaela Jacinto), Raquel Serejo Martins, Ricardo Marques, Ricardo Tiago Moura e Tatiana Faia. Entre os poetas do passado com quem dialogam encontram-se autores como Mário de Sá-Carneiro, Ângelo de Lima, Emily Dickinson, Alberto Caeiro, Francisco Sá de Miranda, Gertrude Stein, Matsuo Bashô Soror Juana Inés de la Cruz, Safo ou Mariana Alcoforado.
S5 Enull · Sat, April 20, 2024
Segunda parte do podcast com a cantautora e compositora Luísa Sobral. Poemas: José Régio, Cântico Negro Márcia, Hoje apetece-me ser eu mesma Álvaro de Campos, Todas as Cartas de Amor são Ridículas Miguel Torga, Sísifo José Luís Peixoto, O passado tem de provar constantemente que existiu Livro – Jon Fosse, Manhã e Noite, tradução de Manuel Alberto Vieira, edição Cavalo de Ferro
S5 Enull · Sat, April 13, 2024
A nossa convidada de hoje escreve canções desde os 12 anos e a primeira canção que cantou sozinha “com um radiozinho pequeno” foi escrita por Carlos Tê e chama-se “Não Há Estrelas no Céu”. Luísa Sobral nasceu a 18 de setembro de 1987. Cantautora e compositora, sempre quis ser cantora ou atriz (de teatro) e, para tentar chegar a esse objetivo (Luísa é dada a organizar e planear), além de participar num programa de talentos da televisão, tentou entrar no conservatório. Uma professora disse-lhe que nunca iria ser cantora na vida porque tinha nós nas cordas vocais. Enganou-se, e ainda bem. 6 discos de originais, onde se incluem canções para todas as idades e até canções de embalar, colaborações com nomes importantes da música cá dentro e lá fora, tanto como compositora como como letrista ou produtora. Poemas primeira parte: 1 - Matilde Campilho, O último poema do último príncipe 2 - Maria do Rosário Pedreira, Lábios 3 - Maria do Rosário Pedreira, Costas 4 - Sophia de Mello Breyner Andresen, Quando 5 - Tim Burton, Robot Toy 6 - Vinícius de Moraes, Valsinha
S5 Enull · Sat, April 06, 2024
Segunda parte do podcast com Leonardo Gandolfi, poeta, crítico literário e professor universitário em São Paulo. Poemas: Não mais sob a árvore de Bô, de Enterrem meu coração no Ramelau (1982), Jorge Lauten; A gleba me transfigura, de Vintém de cobre (1983), Cora Coralina; Mulher VIII, Dizes-me coisas amargas como os frutos (2001), Paula Tavares; Bibliotecas, Ilhéus (2013), Edson Cruz; “O António Ramos Rosa estava deitado na cama”, de Poemas canhotos (2015), Herberto Helder. Livro de não poesia: Ursinho Pooh, de A.A. Milne, tradução de Monica Stahel.
S5 Enull · Sun, March 31, 2024
Leonardo Gandolfi nasceu em 1981, no Rio de Janeiro, e mora em São Paulo desde 2013, onde trabalha como professor de Literatura Portuguesa na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). É autor, entre outros, de "Robinson Crusoé e seus amigos" (Editora 34, 2023, finalista do prêmio Jabuti de poesia). Organizou a antologia de Manuel António Pina "O coração pronto para o roubo" (Editora 34, 2018) e publicou o ensaio "Manuel António Pina" (Eduerj, 2020), livro da coleção Ciranda de Poesia. Manuel António Pina é um dos autores portugueses que estudou e conheceu pessoalmente cá em Portugal, mas encontramos no seu currículo outras abordagens à poesia portuguesa. Poemas primeira parte: 1. Porquinho-da-índia, de Libertinagem (1930), Manuel Bandeira; 2. Resíduo, de Rosa do povo (1945), Carlos Drummond de Andrade; 3. O sim contra o sim, de Serial (1961), João Cabral de Melo Neto; 4. O texto de Joan Zorro, de O texto de Joan Zorro (1974), Fiama Hasse Pais Brandão; 5. Fala de um homem afogado ao largo da senhora da guia no dia 31 de agosto de 1971, de Toda a terra (1976), Ruy Belo;
S5 E12 · Sat, March 23, 2024
Segunda parte do podcast com Francisco Geraldes. Poemas: O poema - Herberto Helder Negro Drama - Racionais Máscaras de Orfeu, Napoleão Mira In Memoriam, Ary dos Santos Livro: O Peso do Pássaro Morto, Aline Bei, edição Nos
S5 E11 · Sat, March 16, 2024
O nosso convidado de hoje é jogador de futebol, leitor, e autor de um livro de poesia. Francisco de Oliveira Geraldes nasceu em Lisboa a 18 de Abril de 1995, e é actualmente jogador no Joho, na Malásia. Formou-se no Sporting Clube de Portugal, onde esteve quase 18 anos, passou pelo Eintracht de Frankfurt , na Alemanha, e pelo AEK de Atenas, na Grécia. Regressou a Portugal para jogar como médio ofensivo do Estoril Praia, de onde saiu há poucos meses para Abu Dhabi, e de lá para a Malásia. Vem ao podcast “O Poema Ensina a Cair” para nos falar dos poemas de que mais gosta, também porque em 2021, publicou um livro de poesia chamado “Cito, Longe, Tarde” com prefácio de Pilar del Rio. Poemas primeira parte: Quase – Mário de Sá-Carneiro David Mourão-Ferreira – Abandono Poema Sujo – Ferreira Gullar Poema em Linha Recta – Álvaro de Campos Operário em Construção – Vinicius de Moraes
S5 E10 · Sat, March 09, 2024
Segunda parte do podcast com Rodrigo Leão. Poemas: Minha cabeça estremece com todo o esquecimento (Herberto Helder) A Magnólia (Luísa Neto Jorge) Vivamos- Dinis Muacho Ode à Paz- Natália Correia Escrevo-te- Lúcia Vicente Livro: O Deserto dos Tártaros, Dino Buzzati, edição Cavalo de Ferro
S5 E9 · Sat, March 02, 2024
Rodrigo Leão nasceu em Lisboa, em 1964. É o mais velho de 4 irmãos, todos rapazes, com quem partilhou muitos verões da infância e adolescência na Ericeira, numa casa perto do mar, comprada pelo avô materno, matemático. Foi lá, na Ericeira, que compôs as primeiras ideias para o que viria a ser a Sétima Legião, uma das bandas que nos levaram a conhecê-lo, a que se seguiu a Madredeus. Hoje em dia, muitos anos depois desses dois projetos musicais, conhecemo-lo pela carreira a solo nacional e internacional, mas também pelas incursões no cinema ou no documentário e, inevitavelmente, pelas muitas colaborações que assina com outros nomes da música, dentro e fora de portas. Estamos aqui para falar das suas escolhas poéticas e, olhando para o seu percurso, percebemos que a poesia anda perto há muito tempo. No ano passado lançou O Homem em Eclipse com Gabriel Gomes e Miguel Borges, para assinalar o centenário de Mário Cesariny, mas o projeto Os Poetas que deu corpo a este disco nasceu em 1997 e contava com também Manuel Hermínio Monteiro, então editor da Assírio & Alvim. Nesse primeiro ano gravaram um disco chamado Entre Nós e as Palavras, onde podíamos escutar as vozes de Al Berto, Mário Cesariny, António Franco Alexandre, Herberto Helder e Luiza Neto Jorge. A música era de Margarida Araújo, Rodrigo Leão e Gabriel Gomes. Para a conversa no podcast trouxe poemas que decorrem desse convívio antigo com poetas portugueses, mas também algumas surpresas. Poemas: Pastelaria - Mário Cesariny O Navio de Espelhos - Mário Cesariny Toada de Portalegre - José Régio O Poeta de Pondichéry - Adília Lopes No sorriso louco das Mães - Herberto Helder
S5 E8 · Sat, February 24, 2024
Segunda parte do podcast com a escritora e jornalista Susana Moreira Marques. Poemas: - Daniel Faria: “Repito que vivo enclausurado na agilidade de um animal nascido”, de Homens Que São Como Lugares Mal Situados - Isabel Meyrelles: Livro do Tigre, poema XXV (em Poesia, Quasi Edições) - Rosa Alice Branco: Concerto ao Vivo, poema que começa “Há uma menina antiga nos teus olhos” - Mário Cesariny, Autografia - Wilfred Owen, Cântico da Juventude Condenada Livro: Vínculos Ferozes, da Vivian Gornick, tradução de Maria de Fátima Carmo, edição D. Quixote
S5 E7 · Sat, February 17, 2024
Susana Moreira Marques, jornalista e escritora, nasceu em Agosto de 1976. Estudou Comunicação e Cinema, passou pela BBC, Público, Jornal de Negócios, Antena 1, e ganhou vários prémios, incluindo o Prémio de Jornalismo da UNESCO 'Direitos Humanos e Integração”. É autora de três livros de não ficção literária, o mais recente “Lenços Pretos, Chapéus de Palha e Brincos de Ouro”, um relato de viagem que tem como guia “As Mulheres do meu país”, de Maria Lamas, escrito no final dos anos 40 do século passado. Neste ensaio de narrativa autobiográfica, Susana escreve sobre as mulheres que procurou encontrar no Portugal de agora, ao mesmo tempo que buscava as mulheres que Maria Lamas descreveu e fixou no livro “As Mulheres do Meu País”. Mas, simultaneamente, enquanto nos leva por essa demanda, permite que a conheçamos melhor, às suas memórias pessoais e familiares, às suas reflexões sobre o papel das mulheres, os seus silêncios e omissões, a sua importância como testemunhas silenciosas de uma história colectiva que tantas vezes as votou, e ainda vota, ao anonimato. Diz, a dada altura deste livro, que é uma mulher que escuta. Mais à frente, uma mulher que lê. Conta-nos também que como tantas outras mulheres, está, de certa maneira, à janela, e à espera. Poemas: Adrienne Rich: North American Time, tradução de Maria Irene Ramalho e Mónica Andrade (edição cotovia) Anne Carson: A Beleza do Marido - poema XXI - tradução de Tatiana Faia (edição não-edições) Philip Larkin: An Arundel Tomb, tradução de Vasco Gato Elizabeth Bishop: Uma Arte - Geografia III, tradução Maria de Lourdes Guimarães (Relógio d’Água) Sophia de Mello Breyner: Deriva XIV
S5 E9 · Sat, February 10, 2024
Segunda parte da conversa com a poeta, cronista e historiadora angolana Ana Paula Tavares. Poemas: Cantares de Salomão 5:2-8:14 (Nova Versão Internacional) Adélia Prado - Com Licença Poética Warsan Shire - Casa, tradução de Laura Assis Ama Ata Aidoo - Para uma Saia de Seda ao Sol Conceição Lima - O País de Akendenguê Livro: Chinua Achebe, Quando Tudo se Desmorona; Tradução: Eugénia Antunes e Paulo Rêgo, edição Mercado de Letras
S5 E5 · Sat, February 03, 2024
Na poesia assina Paula Tavares, em tudo o que escreve que não sejam poemas conhecemo-la como Ana Paula Tavares. Poeta, cronista, historiadora angolana a viver em Portugal desde os anos 90, nasceu na província do Huíla, Sul de Angola, em 1952. Licenciou-se em História, doutorou-se em antropologia da História pela Universidade Nova de Lisboa, tendo obtido o grau de Mestre em Literaturas Brasileiras e Literaturas Africanas de Língua Portuguesa pela Universidade de Lisboa. Publicou o primeiro livro de poesia, Ritos de Passagem, aos 30 anos. Agora, 40 anos depois, acaba de reunir a poesia no livro Poesia Reunida seguido de Água Selvagem, edição Caminho. O seu trabalho poético relaciona-se intimamente com a oralidade do seu país, e explica que não sabendo as línguas que ouviu na infância continua a procurar aquilo que seria essa fonte primordial. Escolheu para o podcast um livro de não poesia e os 10 poemas de que mais gosta. Alguns, precisamente, remontam a esse universo da tradição oral. Poemas (Parte I) Luiza Neto Jorge - O Poema Ensina a Cair A epopeia de Gilgamesh (Tradução de Pedro Tamen) Eugénio de Andrade, Ode a Guillaume Apollinaire Ruy Duarte de Carvalho, A terra que te ofereço Manoel de Barros, o Livro Sobre Nada
S5 E4 · Sat, January 27, 2024
Segunda parte da conversa com Isaque Ferreira, leitor de poesia, programador cultural e bibliófilo. Poemas: Álvaro de Campos – Tabacaria Bernardo Soares – Cruz na porta da tabacaria Filipa Leal – Hoje também os carros dançam Alberto Pimenta – Carta a uma iniciante Joaquim Castro Caldas – Dos poetas Livro de não poesia: Leonora Carrington, O Leite dos Sonhos
S5 E3 · Sat, January 20, 2024
Isaque Ferreira nasceu no Porto em 1974. É leitor de poesia, programador cultural e bibliófilo. Leitor habitual das Quintas de Leitura, no Porto, diz, na verdade, poesia em todo o lado e escutá-lo é um deleite, como terão oportunidade de confirmar nesta conversa. Das suas experiências públicas de leitura e eventos que organiza à volta das palavras dos poetas fazem parte locais como Famalicão, Paredes de Coura (onde programou o festival Realizar Poesia), Póvoa de Varzim, Matosinhos, Vila Nova de Gaia ou Figueira da Foz. Diz com muita naturalidade que a poesia é a sua vida, e será talvez por isso que guarda preciosas edições e histórias com poetas portugueses Poemas: Mário Cesariny – Pastelaria João Habitualmente – Cipreste Adília Lopes – Vieram contar a luz Herberto Helder – Poema IV de As Musas Cegas Rafaela Jacinto – Procissão
S5 E2 · Sat, January 13, 2024
Segunda parte do podcast com Jorge Palma, um dos maiores compositores e letristas portugueses. Poemas: Herberto Helder - conto de "Os Passos em Volta Al Berto - Acordar Tarde Lawrence Ferlinghetti - Os Elevadores de Lisboa (dedicado a Jorge Palma) Sérgio Godinho - A Noite Passada Natália correia - Queixa das Jovens Almas Censuradas
S5 E1 · Sat, January 06, 2024
O nosso convidado de hoje é um dos maiores músicos portugueses. Letrista exímio, compositor multifacetado, um homem que aos 73 anos de idade continua a ver-se como um amador de música, que gosta simultaneamente de se divertir e – muito importante – de pensar. Jorge Manuel de Abreu Palma nasceu a 4 de junho de 1950. Começou a estudar piano aos 6 anos, ao mesmo tempo que aprendia a ler e a escrever. Dos clássicos Bach, Mozart ou Beethoven, passa para outros ambientes musicais e horizontes quando, já a estudar no Liceu Camões, frequenta uma taberna em frente à escola onde havia uma jukebox, e onde escutou, por exemplo, Beatles ou Rolling Stones. Percebeu que o queria era Rock & Roll e, nas suas palavras, mandou o piano e a música clássica às urtigas. Haveria de regressar. Viveu em Copenhaga, em casa de amigos, aquando da revolução de Abril, em Paris, a tocar nas ruas, por exemplo com uma guitarra emprestada por Marine Myriam, ao mesmo tempo que estudava as letras de Brell ou Léo Ferré. Tocou também nas ruas de Lisboa, numa esquina da Rua das Portas de Santo Antão, o que lhe valeu algumas visitas à esquadra de polícia mais próxima. Viveu numa pensão chamada Ninho das Águias, porque gostou do nome quando o leu nas Páginas Amarelas. São muitos anos de carreira, de um percurso musical e artístico longo, que atravessa gerações e corações.
S4 Enull · Sat, December 30, 2023
Neste episódio de balanço do ano de 2023, recupero algumas das respostas e leituras de poesia dos convidados. Uma pergunta que costumo fazer-lhes, sabendo tratar-se de algo que não terá resposta, prende-se com a utilidade da poesia. Os convidados deste ano, que escolheram 10 poemas de que gostam muito para a conversa comigo são: Pedro Cabrita Reis, Tó Trips, Lídia Jorge, Tatiana Faia, Rui Zink, Maria João, Frei Bento Domingues, Carminho, Guilhermina Gomes, Manel Cruz, Rafael Gallo, Nuno Costa Santos, Ana Vidigal, João Taborda da Gama, Rita Taborda Duarte, Miguel Guilherme, João Concha, Ana Rita Bessa, Filipe Raposo e Carlos Ascenso André. Há ainda episódios que não estando neste balanço fazem parte do ano de 2023, nos quais os convidados vêm apenas para conversar sobre um livro ou responder brevemente a algumas perguntas, como é o caso de 9 poetas brasileiros que tive oportunidade de conhecer numa viagem a São Paulo.
S4 Enull · Sat, December 23, 2023
Carlos Ascenso André - "A literatura é uma forma de combater" Professor, poeta, ensaísta e tradutor, Carlos Ascenso André nasceu em Monte Real – Leiria, em 1953. Foi professor de línguas e literaturas clássicas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde se doutorou em 1990 em Literatura Latina. Tem uma longa carreira dedicada ao estudo e à tradução de literatura latina – seja a da época clássica (Cícero, Virgílio, Ovídio, Séneca), seja a do Renascimento e dos estudos camonianos. É autor de quase 30 livros, três dos quais de poemas. Em todo o trabalho que vem desenvolvendo há 2 temas que lhe têm merecido particular atenção: a literatura e o exílio, por um lado e a poética do amor por outro. Quando pensamos nos projetos de tradução que assinou, temos de destacar, talvez, a Eneida, de Vergílio, em edição bilingue (latim e português), ou A Arte de Amar, de Ovídio, também em edição bilingue, mas podemos dar vários outros exemplos como Horácio ou Tibulo. Poemas: Horácio (séc. I AC) - Melhor vida terás, ó Licínio, se o alto mar Ovídio (séc I) - Heroides, "carta de Dido a Eneias" Catulo (séc. I aC) - Odeio e amo. Por que assim faço, perguntarás, talvez. Pero Meogo (séc. XIII) - Levou-se a louçana, levou-se a velida Luís de Camões - Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades Manuel Alegre - Querida Sophia: como os índios do seu poema Eugénio de Andrade - Arte dos Versos Ary dos Santos - Poeta castrado, não! Sophia de Melo Breyner - Camões e a Tença Miguel Torga - Orfeu Rebelde Carlos André - Prisão de Lüshung
S4 Enull · Wed, December 13, 2023
"A Festa Acabou - 91 Haikus Finais" chegou às livrarias há pouco tempo. Trata-se de um livro de haikus, escritos por monges e poetas japoneses nas imediações da morte. É um projecto do poeta e tradutor Ricardo Marques, convidado deste podcast para nos falar do livro, mas também da "impossível" e sempre inacabada tarefa de traduzir os poemas dos autores de que mais gosta. Ricardo Marques nasceu em 1983. Vem traduzindo vários autores a partir do inglês, onde se incluem, por exemplo, Billy Collins, Anne Carson e Patti Smith. Rui Zink nasceu em 1961. É escritor, professor e também ilustrador. Já foi um dos convidados deste podcast para nos falar dos poemas da sua vida. Os 91 haikus que compõem este livro foram recolhidos do livro "Japanese Death Poems", com selecção e tradução de Yoel Hoffmann.
S4 E19 · Fri, December 08, 2023
Filipe Raposo é pianista, compositor e orquestrador. Iniciou os seus estudos de piano no Conservatório Nacional de Lisboa, e fez depois o mestrado em Piano Jazz Performance no Royal College of Music, em Estocolmo, e foi bolseiro da Royal Music Academy of Stockholm. É licenciado em Composição pela Escola Superior de Música de Lisboa. Colabora regularmente como compositor em Cinema e Teatro. Fez, por exemplo, a música original do documentário “um corpo que dança – ballet Gulbenkian 1965-2005” de Marco Martins. Como compositor, orquestrador e pianista tem colaborado com inúmeras orquestras europeias, a solo ou com diferentes formações em festivais internacionais. Em Portugal, trabalhou com nomes tão sonantes quanto Sérgio Godinho, José Mário Branco, Camané, Vitorino, Jorge Palma ou Rita Maria, com quem desenvolveu vários projetos. Desde 2004 que colabora com a Cinemateca Portuguesa como pianista residente no acompanhamento de filmes mudos. Editou vários discos em nome próprio, o último dos quais chamado Obsidiana, em 2022. Vem conversar comigo sobre os poemas da sua vida, o que significa, conversar sobre as inquietações e inquietudes, a errância associada à procura, condições absolutamente fundamentais – nas suas palavras – a quem faz da criação um modo de vida e de estar. Poemas: 1. Entre o deserto e o deserto , António Ramos Rosa 2. Uma manhã no golfo de Corinto, António Patrício 3. Quem à janela , Amélia Muge 4. Gramática do olhar , Ana Luísa Amaral 5. Estrela do Vinho, Li Bai (VIII D.C. China) 6. Fragmentos , Anacreonte (VI A.C. Grécia) 7. Sabedoria , Al Mutahmid 8. Que saudável é por as mãos a fazer coisas, João Pedro GrabatoDias 9. A Tentação, Hélia Correia 10. Sono de Ser, Fernando Pessoa
S4 E18 · Sat, November 25, 2023
Ana Rita Bessa nasceu a 27 de agosto de 1973. É economista de formação, mãe de 3 filhos e católica. O seu percurso profissional inclui mais de 25 anos em empresas mas terá sido a passagem pelo parlamento, no grupo parlamentar do CDS a convite de Paulo Portas, que lhe deu maior visibilidade pública. É atualmente CEO do grupo Leya, empresa onde trabalhou antes de experimentar a política, na área da educação. Disse, em entrevistas anteriores, que mais do que uma paixão a educação é uma inquietação, e disse também que quem esteve na política fica sempre com uma certa adrenalina, um interesse permanente. Gosta de ler ficção literária e ensaio na linha da história, e disse numa outra entrevista, que o esculpir da palavra que encontra na literatura é uma coisa que às vezes até a comove. Poemas: - Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio, Sophia de Mello Breyner Andresen - Amar , Carlos Drummond de Andrade - Foi Deus, Alberto Janes - Ela Canta, Pobre Ceifeira, Fernando Pessoa - Ainda não é o fim nem o princípio do mundo, Manuel António Pina - Guia de conceitos básicos, Nuno Júdice - Poema, Manoel de Barros - Procissão, António Lopes Ribeiro - Amigo, Alexandre O’Neill
S4 E17 · Wed, November 15, 2023
João Concha nasceu em Évora, em 1980, e vive em Lisboa desde os dezoito anos. Licenciou-se em Arquitectura, estudou artes visuais e ilustração. A prática do desenho e da pintura começou, na verdade, antes dos 10 anos, ainda na sua cidade natal, onde todas as semanas aprendia com a pintora e professora Teodolinda Pascoal. Para si, o desenho é, também, observação e respiração. Enquanto ilustrador colaborou regularmente com fanzines, periódicos e várias editoras. Tem exposto individual e colectivamente. Está particularmente interessado no gesto, na imperfeição e no erro. Foi editor da Revista INÚTIL, com Ana Lacerda e Maria Quintans, publicação de escrita e imagem que teve o seu último número publicado em 2012. Fundou depois a não (edições), projecto que em 2023 assinala os 10 anos de existência e do qual é editor. Dedica-se à publicação de poesia e procura pensar-fazer a multiplicidade ‘em aberto’ que esse campo literário significa, acolhendo o diálogo entre formas textuais e visuais, em edições demoradas… Experimentação, cumplicidade e incerteza fazem parte da não-agenda e dos processos de trabalho, que sempre começam e recomeçam na leitura. POEMAS: Fernando Pessoa, Conselho João Guimarães Rosa, A Menina de Lá Ana Hatherly, O Vermelho por Dentro Ruy Belo, Oh as casas as casas as casas Ana Cristina César, "Trilha sonora ao fundo..." António Gancho, Epicentro Waly Salomão, Fábrica do Poema Manoel de Barros, poema 11 de "Biografia do Orvalho" Adília Lopes, O Enterro Susana Araújo, Programa de Estabilidade e Crescimento
S4 E16 · Wed, November 15, 2023
Miguel Guilherme nasceu em Lisboa, em 1958. Conhecemo-lo do teatro, cinema e televisão há muitos anos. Actor e encenador começou, no entanto, por estudar antropologia, antes de experimentar a representação no Teatro na Comuna para nunca mais a deixar. Anos mais tarde, voltaria a tentar estudar História de Arte porque, acredita que “a história é a ciência humana mais viva que existe”. A sua relação com a poesia não é constante. Confessa, aliás, que tem muita coisa para descobrir, mas começou precocemente quando leu um livro de Bocage que havia lá em casa, pelos 12 anos. Muitos anos mais tarde viria a assumir esse personagem na série de televisão com o mesmo, Bocage, exibida em 2006. Poemas: Bocage “ Meu ser evaporei na lida insana…” “ Já Bocage não sou…” Fernando Pessoa “ Vive, dizes no presente… “ Álvaro de Campos “ Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra …” Ricardo Reis Os Jogadores De Xadrez David Mourão Ferreira Ternura Sofia de Mello Breyner. O Jardim Manuel António Pina Neste preciso tempo, neste preciso lugar Insónia Adília Lopes A Salada Com Molho Cor-de-Rosa
S4 E15 · Wed, November 15, 2023
Rita Taborda Duarte nasceu em Lisboa, em 1973. Estreou-se na poesia em 1998 com “Poética Breve”, publicado na Black Sun Editores, mas começou a escrever poemas muito cedo, a escrever e a decorar. Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, com um mestrado em Teoria da Literatura, é docente na Escola Superior de Comunicação Social. Poeta, crítica e professora, já este ano publicou a poesia reunida na Imprensa Nacional com um volume chamado Não Desfazendo, mas tem também um longo percurso na literatura infanto-juvenil.
S4 E14 · Wed, November 15, 2023
Nesta emissão do podcast viajamos até a São Paulo, Brasil, para conhecer melhor 9 poetas brasileiros contemporâneos: Alice Sant´Anna, Inês Campos, Leonardo Gandolfi, Mar Becker, Marília Garcia, Natália Agra, Michaela Schmaedel, Salma Soria e Tarso de Melo. As breves entrevistas que se seguem foram realizadas no âmbito de uma leitura conjunta de poesia brasileira e portuguesa, num espaço chamado A Casinha dos Círculos de Leitura, em São Paulo. Foi lá que nos encontrámos e nos conhecemos pessoalmente e que, antes e depois do encontro com o público, gravámos estas pequenas conversas.
S4 E13 · Wed, November 15, 2023
Miguel Martins nasceu em Lisboa, em 1969. O primeiro poema publicado apareceu em 1991, num jornal da Ilha Terceira que já não existe chamado “A União”. Para essa primeira publicação contribuiu o poeta Emanuel Félix, uma das escolhas que nos traz hoje. O primeiro livro de poesia, uma plaquete chamada “Seis Poemas para uma Morte”, chega 4 anos depois, em 1995, e, desde então, não parou de publicar e de traduzir, assim como de se envolver em muitos projectos relacionados com a poesia, mas também a música ou a escrita de letras de canções.
S4 E12 · Wed, November 15, 2023
Juan Gabriel Vásquez nasceu em Bogotá, Colômbia, em 1973. Estudou Literatura na Sorbonne, em Paris e fez de Barcelona a sua casa por mais de uma década. Os seus livros estão publicados em 30 idiomas e mais de 40 países, com extraordinário êxito da crítica e do público. Venceu por duas vezes o Premio Nacional de Periodismo Simón Bolívar pelo seu trabalho jornalístico. No ano de 2012 foi-lhe atribuído em Paris o prémio Roger Caillois pelo conjunto da sua obra, prémio anteriormente consagrado a autores como Mario Vargas Llosa, Carlos Fuentes, Chico Buarque, Milton Hatoum e Roberto Bolaño. Vem ao podcast "O Poema Ensina a Cair" conversar sobre o seu primeiro livro de poesia, que foi editado em Espanha em 2022, chamado Cuaderno de Septiembre".
S4 E11 · Sun, July 30, 2023
João Taborda da Gama nasceu a 18 de fevereiro de 1977. Sócio fundador de uma sociedade de advogados, advogado especializado no direito das substâncias controladas, professor de direito fiscal na Universidade Católica Portuguesa, comentador político. Foi consultor do Presidente da República e Secretário de Estado da Administração Local. É filho único e pai de 6 filhos. Crente, não sabemos se praticante, converteu-se ao catolicismo já adulto, depois de ler uma bíblia em inglês que havia em casa dos pais. Fala da experiência religiosa como uma interpelação interna permanente, uma busca em que as respostas vêm de dentro, não de fora e, no limite, podem até não vir. Considera que a arte é o verdadeiro portal para o transcendental, porque abre portas para a beleza, e que essas portas são fundamentais para aliviar o nosso sofrimento e simultaneamente nos mostrar que as coisas podem ser melhores.
S4 E10 · Sun, July 16, 2023
Luís Filipe Castro Mendes nasceu em Idanha-a-Nova, em 1950. Devido à profissão do pai, que era juiz, passou a infância e a adolescência a saltar de lugar e por isso viveu em Idanha-a-Nova, Angra do Heroísmo, Lisboa, Ilha de S. Jorge, Redondo, Chaves e Leiria. Entre 1965 e 1967, portanto, entre os 15 e os 17 anos, foi colaborador do jornal Diário de Lisboa-Juvenil. Poderíamos pensar que estudaria jornalismo ou literatura, mas acabaria por se licenciar em Direito, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, em 1974. A partir de 1975 deu início a uma carreira diplomática longa que, uma vez mais, o levaria a uma vida sem geografia fixa. Rio de Janeiro, Luanda, Paris, Budapeste ou Nova Deli, são alguns dos locais onde viveu e trabalhou. Em simultâneo com a carreira diplomática publicou poesia, muitos livros, alguns reconhecidos com prémios literários. Publicou também ficção e ensaio. Já este ano saiu pela editora labirinto “Um Estranho Animal de Duas Cabeças – o Escritor Diplomata”, um livro que reúne escritos sobre poesia e poetas, assim como a apresentação da sua poesia pelo próprio autor. Foi Ministro da Cultura de 2016 a 2018. É cronista do Diário de Notícias. Recentemente escreveu numa das crónicas “a poesia abre janelas para o que nos transcende, mas não nos desvia da atenção permanente ao mundo em que vivemos.”
S4 E9 · Sun, July 02, 2023
Ana Vidigal nasceu em Lisboa, em 1960. Formou-se em Pintura na Escola Superior de Belas Artes e foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian. É conhecida a sua propensão para o arquivo de tudo o que possa ser útil para o trabalho, mas também, eventualmente, para a memória – a pessoal e familiar e a da história. Papéis, cartas, tecidos, fotografias, filmes, desenhos infantis, e mais e mais. Expôs dezenas de vezes individual e colectivamente, e usou tanto frases suas como de outras pessoas para dar título às mostras. Damos alguns exemplos: “conheço o amor de ouvir falar”, “tenha sempre um plano b”, “A Ana, o Nuno e o meu filho Egas”, esta última uma frase recorrente da mãe. Cresceu numa família conservadora e diz que aos 13 anos, quando se deu o 25 de Abril, percebeu que afinal poderia vir a ser aquilo que quisesse, porque a expectativa geral em relação ao papel das mulheres se alterou com a chegada da liberdade, e foi nessa altura que percebeu que não teria de contrariar os ventos para pôr em prática o seu sonho de ser pintora. Começou a pintar cedo, e tem isso em comum com uma das avós. A leitura de poesia chegou na adolescência por causa de uma professora e de uma explicadora de Português. Também gosta de ficção e talvez a sua escritora de eleição seja Clarice Lispector, autora que conheceu aos 22 anos numa viagem de autocarro de Vitória para o Rio de Janeiro, no Brasil. Explica que com Clarice Lispector e o livro “uma aprendizagem ou o livro dos prazeres” aprendeu a não perder o momento.
S4 E8 · Sun, June 18, 2023
Nuno Costa Santos nasceu em 1974 e é escritor e argumentista. Cresceu nos Açores, de onde saiu aos 18 anos, para regressar aos 45 "como um marinheiro que volta a casa", podemos dizer agora que acabámos de ler o seu mais recente livro. Tem trabalhado em vários géneros: romance, poesia, biografia, crónica e peças de teatro. No audiovisual, fez parte da equipa de programas como “Zapping” ou “Os Contemporâneos”, participou, como argumentista, no filme "Discos Perdidos" e nos documentários biográficos "Ruy Belo, Era uma Vez", “Rui Knopfli: I am really the underground” e “J.H. Santos Barros – Fazer Versos Dói”. A personagem melancómico, que, nas suas palavras, criou para “encontrar um conforto na abstracção urbana”, teve diversas consagrações – do livro à rádio. Assina colaborações em diferentes jornais e revistas. É um dos fundadores da produtora Alga Viva, com sede nos Açores, dirige a revista literária Grotta e o Encontro Arquipélago de Escritores. Em 2023, lançou o livro “Como um Marinheiro eu Partirei, Uma Viagem com Jaques Brel”, que abre com o poema "You are welcome to Elsinore", de Mário Cesariny.
S4 E7 · Sun, June 04, 2023
Rafael Gallo nasceu em São Paulo, no Brasil, em 1981. Começou por desejar ser desenhador. Na adolescência decidiu por outro caminho e formou-se em música pela Universidade Estadual de São Paulo, fez um mestrado em meios e processos audiovisuais, e estudos na área de música para cinema. A dada altura, por volta dos 30 anos, abandonou a carreira musical para se dedicar à escrita. Esta opção acabaria por se revelar difícil de manter sem apoios e, por essa razão, para conseguir pagar as contas, viu-se obrigado a encontrar um emprego. Trabalhou no Tribunal de Justiça e descreve essa experiência como “um choque muito grande”, um estranhamento enorme”, “um trabalho burocrático sem graça”. Podemos talvez dizer que o livro "Dor Fantasma", que acabaria por vencer o prémio José Saramago em 2022, nasce desse estranhamento e do que ele fez ao nosso convidado. A personagem principal de Dor Fantasma, Rómulo Castelo, é um pianista que a dada altura da vida vê uma das mãos amputadas na sequência de um acidente. Rafael Gallo ter-se-á visto amputado da sua natureza artística quando ficou fechado numa repartição a fazer um trabalho burocrático, mas desse estado de espírito nasceu "Dor Fantasma", e depois o reconhecimento com o Prémio Saramago, e com esta distinção uma espécie de um novo ser humano, renascido. Autor de ficção e de conto, já arriscou também escrever poesia, mas não crê ser ainda um grande poeta.
S4 E6 · Sun, May 21, 2023
Manel Cruz nasceu em 1974, em São João da Madeira. Conhecemo-lo devido aos vários projetos musicais que abraçou e fundou, mas a veia artística do nosso convidado começou por manifestar-se através do desenho, e muito prematuramente. Explica que em casa sempre se valorizou e priorizou a importância da arte, e foi isso que lhe permitiu encarar o desenho como uma extensão da sua vida durante muito tempo, de tal modo que não se lembra de não desenhar. Foi assim até arriscar outra forma de expressão artística e nos oferecer a todos vários projetos musicais, onde se inclui esse marco da música portuguesa chamado Ornatos Violeta. Além da música interessam-lhe as várias formas de expressão artística, e mais recentemente, além da composição, das letras e da ilustração, tem arriscado escrever poesia.
S4 E5 · Mon, May 08, 2023
A nossa convidada de hoje é a editora Guilhermina Gomes, nome que associamos desde logo à edição do Círculo de Leitores, mas também ao catálogo da Temas e Debates. História, ensaio, literatura tradicional, ciência, política, filosofia, neurociência, psicologia ou arte, são alguns dos temas a que se vem dedicando ao longo de quase 40 anos, na esperança de que os livros que publica acabem por encontrar os seus leitores. A condição de leitora será, nas suas palavras, a sua parte mais importante, e também uma das mais precoces. Nasceu em 1952, no Seixal, Foros de Amora, numa família de contadores de histórias, lendas e fábulas. O pai coleccionava lendas que o jornal “O Século” organizava em cadernetas, a avó e o avô contavam histórias em família. Quis o destino que padecesse de várias doenças que as crianças têm – uma ou duas por ano - e que, portanto, durante a infância ficasse de cama várias temporadas. Horas aproveitadas a ler e a escutar as histórias que lhe contavam. Disse numa entrevista “era tanta história, tanta viagem, que eu, obviamente, tinha de ficar uma grande leitora”. No catálogo que publicou contam-se obras muito importantes da cultura portuguesa, "História de Portugal", de José Mattoso é um exemplo, mas também a obra completa de Padre António Vieira (em 30 volumes), ou os "Contos de Grimm".
S4 E9 · Mon, April 24, 2023
Conhecemo-la por Carminho mas chama-se Maria do Carmo Rebelo de Andrade, e nasceu em 1984. Logo aos 2 anos de idade, e segundo as suas palavras, começou a falar e a cantar. Filha da conceituada fadista Teresa Siqueira, cresceu entre canções e guitarras, noites de fado em casa a que podia assistir de pijama e ao colo do pai, e até se estreou a cantar em público aos 12 anos no Coliseu dos Recreios, mas a primeira vez que escolheu o que queria ser quando fosse grande decidiu ir estudar marketing e publicidade. Terminou o curso, percebeu que não era bem aquilo, e foi dar a volta ao mundo ao longo de 1 ano. Dessa viagem grande vem a decisão de mudar o seu destino . Estava dentro do avião de regresso a Lisboa quando decidiu que queria cantar, arriscar cantar, e foi o melhor que fez. Estreou-se com o disco "Fado", em 2009. Passaram 14 anos e acaba de lançar o sexto chamado “Portuguesa”. Pelo caminho, vários trabalhos de consolidação de um talento português, sim, mas sem medo de abrir horizontes além-fronteiras.
S4 E8 · Sat, April 08, 2023
Chama-se Basílio de Jesus Gonçalves Domingues, nasceu em 1934 em Travassos, Terras do Bouro, mas em 1953 tomou o nome de Frei Bento Domingues, quando entrou para Ordem dos Pregadores ou frades dominicanos. Estudou Filosofia em Fátima e Teologia em Salamanca, Toulouse e Roma. Na infância fazia sermões às ovelhas com quem partilhava os montes e o eco dos penedos. Disse em entrevistas anteriores que viveu sempre no espanto, e é muito bonita e poética uma pergunta que já fazia nos primeiros anos de vida: “como é que as pessoas ainda não tocaram o céu?”. Aos 13 anos decidiu que o caminho seria o do serviço aos outros através da religião por causa de um padre brasileiro a viver em França que estava de férias em Portugal, e que fazia pregações cheias de parábolas sobre as pessoas do campo mas, sobretudo, cheias de alegria. Uma proposta diferente da que o nosso convidado conhecia, já que cresceu num ambiente em que predominava a religião do medo. O medo é precisamente aquilo que Frei Bento Domingues recusa na relação de qualquer ser humano com Deus ou com a religião e será essa uma das suas bandeiras. Volto a citá-lo quando diz “eu não admito que se assuste ninguém. Para mim a religião é a alegria.”
S4 E7 · Mon, March 27, 2023
António Manuel Pires Cabral nasceu em Chacim, Macedo de Cavaleiros, em 1941. Foi lá que fez a instrução primária, para depois frequentar em Coimbra o curso complementar dos liceus e, de seguida, a Faculdade de Letras, onde se licenciou em Filologia Germânica. Foi professor em Macedo de Cavaleiros, Bragança, Porto, Torre de Moncorvo, mas viria a mudar-se para Vila Real depois da revolução de 1974, e foi essa a cidade onde ficou até hoje, e onde estamos hoje. Fala de Vila Real de Trás os Montes como a terra a quem deve tudo, e também, talvez a poesia que vem escrevendo, desde que publicou o primeiro livro quando tinha 33 anos. Além do ensino, A. M. Pires Cabral, nome usado para assinar os livros, trabalhou no Pelouro da Cultura de Vila Real e no Grémio Literário da mesma cidade. A par destas atividades, escreveu e publicou muitos livros de poesia, romance, conto e teatro, e foi responsável por um dicionário de regionalismos de trás os montes e alto douro, um projeto que leva muitos anos de trabalho e que o enche de orgulho. Além dos muitos prémios literários, do seu percurso destaca-se também a organização das Jornadas Camilianas. Disse-me, numa ocasião em que conversámos há uns anos, que a poesia serve para apaziguar sem anestesiar.
S4 E6 · Mon, March 13, 2023
Conhecemo-la pelos dois nomes próprios, Maria João. Chama-se Maria João Monteiro Grancha, nasceu em Lisboa, em 1956. É filha de pai português e mãe moçambicana. Da primeira infância guarda recortes de África, onde passava as férias, e as alcunhas da escola, pelo facto de ser “gordinha”, ter cabelo encrespado, e de usar óculos. Uma das alcunhas era Gungunhana, e defendia-se dessas agressões com o corpo – “um murro aqui um pontapé ali”. A resistência da infância aos abusos verbais dos colegas deu lugar a uma rebeldia adolescente, que a levou a ser expulsa ou convidada a sair de 5 colégios. Disse em várias entrevistas, referindo-se às dores de cabeça que provocava em casa: “minha pobre mãe”. A mesma mãe, que decidiu tentar o desporto para aquietar a filha. Primeiro natação, depois Yoga, Judo e Karaté, e só depois Aikido – que acabou por revelar-se transformador. Além de lhe trazer disciplina, valeu-lhe um cinturão negro, muito orgulho, e uma outra perspectiva sobre o que é ter regras e fazer simultaneamente conquistas. Além disso, reconhece, ajuda-a a cantar, porque trabalha o diafragma. Nunca lhe ocorreu fazer da voz o instrumento da sua profissão. Um dia, num balneário de uma escola de natação, começou a cantar com uma colega cantora de ópera chamada Cândida, e teve noção da sua amplitude vocal. Uns anos mais tarde, aos 26 anos, entrou para a escola do Hot, e a partir daí o percurso de Maria João é o que sabemos. Muitos discos, muitos palcos em Portugal e fora, diferentes ambientes musicais, sempre a mesma liberdade e a mesma vontade de experimentar e improvisar.
Thu, March 09, 2023
Leitura de um poema de Diego Doncel por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Em Nenhum Paraíso, tradução e introdução de Joaquim Manuel Magalhães, edição Averno
S4 E5 · Mon, February 27, 2023
Rui Zink nasceu em Lisboa, em 1961, e cresceu na zona do Martim Moniz. Foi a partir dali que começou a conhecer o mundo e disse numa entrevista que os locais são as nossas âncoras e que, portanto, uma das suas ancoras está associada ao início do país. Conhecemo-lo sobretudo como escritor, mas é muitas outras coisas: professor universitário, dramaturgo, comentador, colaborador de jornais e revistas, argumentista de BD – escreveu, de resto, a primeira tese de doutoramento sobre Banda Desenhada em Portugal. Queria ser escritor desde os 16 anos, e aos 18 escreveu o primeiro romance. Chamava-se Maionese Fatal, nunca foi publicado. Em 1986 publicou o primeiro livro, Hotel Lusitano , “uma sensação magnífica, de embriaguez". Uma das suas palavras preferidas é a palavra “atenção”, e disse em entrevistas anteriores que o seu método criativo é, precisamente, estar o mais possível atento. Mas, na opinião de Rui Zink, para escrever é preciso mais do que isso, nomeadamente ler e ler muito. Volto a citá-lo: “Um escritor que não tenha uma biblioteca dentro da cabeça, obviamente que é meio escritor apenas”. Tem muitos livros publicados, de ficção, banda desenhada, ensaio, crónica, teatro e ópera, e vários prémios literários, entre os quais o Prémio PEN Club Português de Novelística pela novela Dádiva divina, em 2004. Disse, há alguns anos, numa mesa das Correntes d´Escrita da Póvoa de Varzim, uma frase que me parece um bom pontapé de saída para esta conversa: "Brincar é a religião suprema, a forma mais séria de viver."
S4 E4 · Mon, February 13, 2023
Tatiana Faia nasceu a 30 de Junho de 1986, e vive e trabalha em Oxford há uma década. É autora de um livro de contos e 5 de poesia. O mais recente, Adriano, edição Não Edições. Classicista por opção e, arriscaria eu dizer, também paixão, é doutorada em Literatura Grega Antiga com uma tese sobre a Ilíada de Homero. Ensinou literatura lusófona na Universidade de Cambridge e, intermitentemente, estudou teatro grego e Kavafis em Atenas. A tradução é outra das suas ocupações – de resto, teve a gentileza de traduzir também para esta conversa. Traduziu Homero, Fílon de Alexandria, Anne Carson e Herman Melville. É uma das editoras da revista Enfermaria 6 ao lado de João Coles, José Pedro Moreira e Victor Gonçalves, um projecto onde encontramos amiúde traduções de poesia, reflexões e textos sobre livros, e que faz também edição. Quando pensamos na geografia de Tatiana Faia pensamos no Reino Unido, onde escolheu viver, mas também em Itália e na Grécia, países a que regressa sempre, seja fisicamente seja nas leituras. Em 2019 venceu o Prémio Pen de Poesia com “Um Quarto em Atenas”, edição Tinta da China. Acredita que a poesia deveria fazer parte da educação de toda a gente.
S4 E3 · Mon, January 30, 2023
Lídia Jorge nasceu em Junho de 1946, em Boliqueime. Cresceu numa casa onde as pessoas gostavam de ler e de contar histórias em família: ambos os exemplos terão contribuído para se tornar escritora. Licenciou-se em Filologia Românica, um curso superior apenas possível devido a uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian. Nas palavras de Lídia, esta oportunidade foi tão importante que construiu a sua vida. Estreou-se a publicar em 1980 com o romance “O Dia dos Prodígios”, já depois de regressar de África, onde passou alguns anos a leccionar. Precisou de muito tempo para assimilar esta experiência, de ver matar e morrer, da condição humana desprovida de valores fundamentais, da desinteligência. Desde esse primeiro livro, publicou muitos outros, de romance, conto e poesia, e foi amplamente premiada em Portugal e no estrangeiro. Acaba de lançar Misericórdia, um livro que responde “sim” a um pedido de sua mãe, que morreu em 2020 numa instituição de solidariedade social no Algarve, vítima de covid 19.
S4 E2 · Mon, January 16, 2023
Conhecemo-lo por Tó Trips, mas chama-se António Manuel Antunes. Nasceu em Lisboa, em 1966, e passou a infância entre o bairro de Benfica, em Lisboa, e a Covilhã, terra da mãe, local eleito para as férias grandes. O primeiro contacto com a guitarra foi lá, quando experimentou sacar as notas de Smoke on the Water, dos Deep Purple, de uma guitarra emprestada por um tio. Depois, pela adolescência, começou a frequentar o Rock Rendez-Vous e o Johnny Guitar. Disse numa entrevista que foi para a música para ver os outros tocar e, de facto, começa aí, nesse contacto a sua ligação às bandas. E dizemos bandas no plural porque foram várias. Os Dead Combo são o projecto mais conhecido e internacional, que criou ao lado de Pedro Gonçalves, mas também os Lulu Blind, e muitas outras. Antes de se dedicar exclusivamente à música, trabalhou em publicidade durante 10 anos. Foi nesse contexto que aprendeu, com um director criativo finlandês, uma das frases que gosta de guardar: “criativos não são as pessoas que têm as ideias, criativos são aqueles que as fazem.” E Tó Trips faz, mesmo que esse verbo “fazer” seja sinónimo de correr riscos. Um dia, trabalhava ainda em publicidade, leu uma entrevista do Paulo Pedro Gonçalves, dos Heróis do Mar, na qual ele dizia que as pessoas não se deviam arrepender e deviam sempre arriscar. Leu aquilo, despediu-se do emprego, largou os Lulu Blind, largou a namorada, e fez um reset para poder tornar-se freelancer e dedicar-se mais ao seu instrumento.
S4 E1 · Mon, January 02, 2023
Pedro Cabrita Reis nasceu em Lisboa, em 1956, cresceu em Lisboa, no bairro de Campo de Ourique, mas renasceu no Algarve, na serra que escolheu para as pausas da vida em Lisboa, e onde quer ficar quando morrer, debaixo de uma alfarrobeira e junto ao seu primeiro cão. Artista total, com reconhecimento nacional e internacional, vê-se como um construtor – disse numa conferência que a espinha dorsal ou o território do seu trabalho está preso ao acto da construção -, e, por isso, alguém que reivindica para si a designação de homo faber, que faz, faz, faz. E faz pintura, desenho, escultura, fotografia, instalações, num trabalho sobre a matéria que põe várias artes a dialogar em simultâneo, onde a base será sempre a curiosidade - nas suas palavras “provavelmente, a ferramenta mais poderosa do artista” -, e uma busca permanente pelo momento primordial, uma vez que acredita que “a criação de uma obra de arte é também uma necessidade intensa e profunda (…) de descobrir uma origem.”
S3 E25 · Mon, December 19, 2022
Aldina Duarte nasceu em Lisboa, em 1967. Quando era pequena, durante um período de tempo, quis ser escritora. Leitora precoce, começou por acreditar que o que lia nos livros era tudo verdade e existia, até descobrir que havia uma coisa chamada imaginação, e foi dessa revelação que nasceu a vontade de escrever. Cito-a numa entrevista já antiga: “Foi a única profissão que quis ter; se afinal se pode inventar o mundo e a vida como queremos…”. Foi residente durante 25 anos numa das mais reconhecidas casas de fado de Lisboa, o Sr. Vinho, sob direcção artística de Maria da Fé. Estreou-se a cantar para os outros no teatro da Comuna, em 1994, quando organizava as Noites do Fado com o também fadista e ex marido Camané, e uma letra de Manuela de Freitas chamada “Antes de Quê”, que nunca mais deixou de cantar. Tem com a música e a literatura uma relação de amor, e explica que ambas podiam salvá-la. Diz que a profissão de fadista a obriga a estar em contacto com os seus sentimentos diariamente, e que tudo o que acontece na sua vida interfere com os seus fados, assim como tudo o que acontece nos seus fados interfere com a sua vida. Neste sentido “ser fadista é uma arte que se confunde com a vida (…) vivemos entre o abismo e o céu”.
S3 E24 · Mon, December 05, 2022
Vasco Gato nasceu em 1978 e lançou o primeiro livro de poesia no ano 2000, na Assírio & Alvim. Publicou, desde então, mais de 20 títulos, a maioria de poesia, mas também um romance, um texto para teatro, um poema integrado num objecto fílmico e um texto para um espectáculo multidisciplinar. Quase tão precoce como a estreia na poesia, é a actividade de tradução, do inglês, mas também do espanhol e italiano. Desde 2002 e até agora, traduziu mais de 35 títulos, onde encontramos, por exemplo, Javier Marias, Edgar Allan Poe, Virginia Woolf, Charles Bukowski, Juan Gabriel Vásquez, Manuel Vilas ou Nick Cave. Bom aluno desde sempre, em parte devido à particular atenção nas aulas pelo facto de ser introvertido, estudou um ano de Economia e depois mudou para Filosofia. Desistiu de Economia porque o curso “não tinha nada de expressivo, de pessoal” – são palavras suas – e acabou por deixar cair também o curso de Filosofia porque havia uma orientação para formar professores, e Vasco Gato não queria leccionar. Nos primeiros anos de vida, ter-lhe-á passado pela cabeça ser jogador de futebol, mas a verdade é que nunca teve uma ideia muito clara sobre o que queria ser quando crescesse, e também nunca partilhou da ideia de que a vida tinha de ser planeada, sobretudo com vista a delinear uma carreira.
S3 E23 · Mon, November 14, 2022
Ricardo Ribeiro nasceu na maternidade Alfredo da Costa em Lisboa, em Agosto de 1981, mas considera que realmente nasceu no bairro onde disse a primeira palavra, o bairro da Ajuda. Era nesse bairro que procurava as tabernas para escutar o que os velhos diziam, e foi também lá que se estreou a cantar ao vivo, no Grupo Desportivo "A Académica da Ajuda", quando tinha apenas 12 anos. Das colectividades para as casas de fado, das casas de fado para os discos e para um reconhecimento que assenta no fado, mas onde também cabem outros ambientes musicais. Em 2019 lançou o álbum Respeitosa Mente, em colaboração com João Paulo Esteves da Silva e Jarrod Cagwin, um disco de “canções e poesia” que dá voz às palavras de poetas e que apareceu, como explicou numa entrevista devido a “uma necessidade [que vinha] de uma determinada vida interior poética, musical e artística.” É essa vida interior poética que vamos tentar hoje conhecer melhor, através dos poemas que nos traz e que, nalguns casos, já foram cantados por si. Mas antes de iniciarmos a conversa, podemos ainda dizer que Ricardo Ribeiro foi uma criança tímida, que os primeiros contactos com a música lhe chegaram pela voz da mãe que cantava em casa, e pelo gira-discos da tia, a pessoa que o inscreveu para cantar em público pela primeira vez numa colectividade da Ajuda de que já falámos e com quem ia para os fados quando vinha a casa nos fins de semana dos tempos do colégio interno, que tem várias alcunhas e uma delas é uma delas é o Ricarábe por causa do gosto pela cultura árabe, e que chegou a pensar seguir o caminho sacerdotal porque encontrava conforto na mensagem religiosa mas um padre muito importante na sua formação ter-lhe-á dito “A tua missão também é do divino, mas não é aqui, é na música”.
S3 E22 · Mon, October 31, 2022
O nosso convidado de hoje define-se como prosador, às vezes poeta. Conhecemo-lo há muitos anos pelo nome de Ondjaki, que significa “aquele que enfrenta desafios” ou “guerreiro” na língua umbundo, mas o nome que lhe deram à nascença é Ndalu de Almeida. Nasceu em Angola, Luanda, em 1977, numa família de contadores de histórias. É licenciado em Sociologia e doutorado em Estudos Africanos, membro da União dos Escritores Angolanos, e publicou o primeiro livro "Actu Sanguineu" aos 23 anos. A sua obra mereceu várias distinções em diversos países, o Prémio Saramago ou o Prémio de Conto da APE são 2 exemplos. Diz que a escrita é a sua casa e que sai para outros ambientes, como as artes plásticas ou o cinema, como quem faz excursões ou incursões para voltar sempre aos livros. Escreve romance, conto e poesia, e quando, um dia, numa livraria, lhe fizeram notar essa diferença respondeu que é a mesma coisa, e passo a citá-lo: ainda estou a contar histórias quando estou a escrever poesia, estou sempre a contar histórias, mesmo em silêncio.” Escreve porque gosta de partilhar, aprender e espalhar histórias, e também porque acredita que a escrita pode ser um acto de alguma intervenção social útil. Acaba de lançar um livro de contos que é também uma curta-metragem que escreveu e realizou. Filme e livro chamam-se "Vou mudar a cozinha", e a curta-metragem foi apresentada no festival de cinema internacional de Roterdão.
S3 E21 · Mon, October 17, 2022
Mário Laginha nasceu em Lisboa, em 1960. Pianista, compositor, curioso praticante de vários ambientes musicais onde o jazz ocupa um lugar de destaque mas onde cabe também a música clássica, o cinema e o teatro, recebeu um piano de presente quando tinha apenas 5 anos, mas foi mais tarde, por volta dos 18 anos, que decidiu dedicar-se a sério ao estudo do instrumento. Aconteceu-lhe uma espécie de epifania quando viu, numa televisão ainda a preto e branco, um concerto a solo de Keith Jarrett. Disse numa entrevista a propósito desse encontro que nunca tinha ouvido tocar piano assim, não sabia que música era aquela, que tinha ficado absolutamente fascinado. No dia a seguir, começou a estudar piano a sério, 8 ou 9 horas por dia. Interrompia o estudo apenas para almoçar e jantar, e era o pai que tinha de lhe dizer para parar de estudar quando, às 10 da noite, batia 3 vezes na parede do quarto ao lado como quem diz “já chega, são horas de dormir”. Da sua longa carreira destacam-se as prolíficas colaborações com Maria João, Bernardo Sassetti e Pedro Burmester, mas também o Trio Mário Laginha, com o contrabaixista Bernardo Moreira e o baterista Alexandre Frazão, ou o Novo Trio, com Bernardo Moreira e a guitarra portuguesa de Miguel Amaral, além do Quinteto de Jazz de Lisboa, o Sexteto de Jazz de Lisboa, e até um Decateto na Gulbenkian…entre muitos outros projectos com músicos nacionais e estrangeiros. Adepto da diversidade, experimentou por várias vezes musicar poesia, e tem explorado noutras ocasiões a relação entre a literatura e a música. Um dos exemplos é o álbum "Jangada", inspirado no livro “Jangada de Pedra” de José Saramago, onde consta o tema Desquiet inspirado no Livro do Desassossego.
S3 E20 · Mon, October 03, 2022
Inês Lourenço nasceu em casa, na freguesia portuense de Santo Ildefonso, Porto, em 1942. Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas pela Universidade do Porto, curso que só terminou depois de casar e de ter sido mãe, referiu em entrevistas anteriores que gosta de escrever desde criança – já na escola primária se destacava quando se recitavam poemas ou faziam composições –, mas que não tinha necessariamente o sonho de ser escritora. Tinha, sim, e são estas palavras suas, uma coisa “quase biológica”, uma necessidade de escrever que se mantém até hoje. Numa entrevista realizada há poucos anos contou-me que se não escrever se sente mal porque a sua emocionalidade precisa de escape. Na infância, começou por decorar poemas, por exemplo de Antero de Quental ou de Bocage (era prática comum do ensino de português incentivar as crianças a decorar poesia), para depois arriscar escrever numa máquina Underwood oferecida pelo pai. Já na adolescência escreveu para jornais estudantis, mas só publicou o primeiro livro aos 35 anos. Entre poesia e microficções, é autora de quase 20 títulos. Foi responsável pela revista Hífen, uma publicação na qual colaboraram nomes incontornáveis da poesia portuguesa do Século XX. Ao longo das suas 13 edições, a revista Hífen publicou cerca de 160 poetas. Acredita que “a poesia tem de sabotar o lugar comum”.
S3 E19 · Mon, September 19, 2022
Salvador Sobral nasceu em Lisboa, a 28 de Dezembro de 1989. Inscreveu-se no curso de Psicologia porque gosta de pessoas e queria tentar percebê-las. A motivação para a música está perto desta: tocar os outros. De resto, música e psicologia acabaram por se cruzar quando, no terceiro ano do curso e a fazer Erasmus em Maiorca, apresentou um trabalho sobre uma canção de Bob Dylan – Blowing in the wind – para a cadeira de psicologia da arte. Foi esse cruzamento que o fez passar na cadeira. Ainda em Maiorca, acumulava as aulas de psicologia com os concertos ao vivo em bares e restaurantes, e foi aí que veio a conhecer um dos seus cúmplices musicais até aos dias de hoje: Leonardo Aldrey, músico e produtor venezuelano. Algures por esta altura, abandona a ideia de ser psicólogo e dedica-se exclusivamente à música. Como todos sabemos tão bem, venceu o Festival da Canção e depois o da Eurovisão em 2017, mas antes de chegar a este reconhecimento e fama repentinos, lançou um disco chamado “Excuse Me” e, ainda antes, participou em concursos de talentos musicais de televisão. Além de Maiorca em Erasmus, viveu nos Estados Unidos e em Barcelona, onde estudou Jazz durante 2 anos. Confessa-se um BEN, sigla usada para designar beto em negação, e uma pessoa, sem filtros e romântica. Por falar em romantismo, casou em 2018 com Jenna Thiam, uma actriz belga e a única mulher para quem não teve de cantar durante a fase da sedução, anterior ao namoro. Disse numa entrevista, e passo a citar: “sou casado, não sei se ela é minha mulher, ela é minha namorada”.
S3 E18 · Mon, September 05, 2022
Fernando Cabral Martins nasceu em Mangualde a 4 de Fevereiro de 1950. Ficcionista, ensaísta e crítico, é doutorado em Literatura Portuguesa com uma tese sobre Mário de Sá-Carneiro. Professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, tem colaboração literária dispersa, quer de ensaio quer de ficção, desde 1965. Foi crítico de cinema em jornais e revistas entre 1972 e 1994, é colaborador de livros sobre cinema português, e mantém o blogue “Havemos de ir ao Cinema” onde escreve sobretudo sobre cinema, mas não só. Entre os autores que estudou e trabalhou encontram-se nomes muito importantes das letras portuguesas e familiares a tantos de nós: Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros, Alexandre O´Neill, Cesário Verde, Luísa Neto Jorge, Mário Cesariny, entre outros.
S3 E17 · Mon, July 25, 2022
Fernando Ribeiro nasceu em 1974, na Brandoa, bairro da Amadora, cenário que viria a servir de cenário para um romance publicado no ano passado chamado "Bairro sem Saída". Estudou filosofia e, se não tivesse feito carreira na música, gostaria de ter sido professor de filosofia do ensino secundário. Leitor precoce, direciona o gosto da escrita para as letras das canções dos Moonspell, banda que completa 30 anos este ano, mas também para os livros que vai publicando, onde se inclui a poesia e os contos, além da prosa. Em 1989, com 15 anos, formou os Morbid God, banda que mais tarde, em 1992, mudaria o nome para Moonspell, apontada como uma das mais internacionais bandas portuguesas e conhecida em todo o mundo na área alternativa e do metal, com milhares de discos vendidos. É conhecido como metaleiro-filósofo, por causa da ligação forte à filosofia e, de facto, encontra relações entre os dois universos: "há muitas relações, por exemplo, com a literatura. Houve sempre uma relação óbvia com autores como [Charles] Baudelaire e [Samuel Taylor] Coleridge – há mesmo aquele épico dos Iron Maiden, "The Rime of the Ancient Mariner". Há bandas que trabalharam William Blake, nós trabalhámos Marquês de Sade, Mário Cesariny e Fernando Pessoa. O impacto do homem que luta contra o seu destino é um tema muito caro ao "heavy metal", pelo menos àquele de que eu gosto." Não é por acaso que cita poetas quando fala da música. Além de uma declarada relação com a história - e especificamente a história de Portugal que encontramos, por exemplo, no álbum 1755 -, os Moonspell trabalham as palavras dos poetas É disso exemplo a canção Opium, inspirada em Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa, mas há muitos outros exemplos onde constam nomes como Mário Cesariny, José Luís Peixoto ou Miguel Torga. Vive em Alcobaça, com Sónia Tavares, vocalista dos The Gift, de quem tem um filho chamado Fausto.
S3 E16 · Mon, July 11, 2022
Daniel Sampaio nasceu em Lisboa a 8 de setembro de 1946. Viveu em Sintra até aos 15 anos, numa casa que lhe permitia essa liberdade de brincar todos os dias no jardim. Foi educado segundo um princípio do pai, Arnaldo Sampaio, conhecido médico da região: liberdade e responsabilidade. O mesmo pai que foi Director Geral de Saúde, que concebeu o Plano Nacional de Vacinação, e que contribuiu para a criação dos Centros de Saúde. Aos 16 anos, a família, que também integrava a mãe Fernanda Bensaúde Branco e o irmão Jorge Sampaio (que viria a ser Presidente da República), muda-se para Campolide, em Lisboa. Por essa altura, e já no Liceu Pedro Nunes, o nosso convidado, que era existencialista e lia em francês Sartre e Camus, teve de escolher que área queria estudar. Ponderou Letras. Foi a filosofia que o levou à psiquiatria. A longa carreira na saúde mental teve início em 1964, quando fez 18 anos, e foi estudar Medicina para o Hospital de Santa Maria, onde viria a formar-se pela Universidade de Lisboa em 1970. O doutoramento na especialidade de psiquiatria veio em 1986. Publicou dezenas de livros, sobretudo sobre a adolescência e os seus problemas. E recebeu duas condecorações, dos Presidentes da República Aníbal cavaco Silva e Marcelo Rebelo de Sousa. Já este ano, integrou a Comissão para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica Portuguesa. Casado com Maria José Cabeçadas Ataíde Ferreira desde 1970, tem 3 filhos e 7 netos. Disse numa entrevista que ter construído uma família coesa com 3 gerações é a sua maior conquista. Gosta de gatos - teve um gato chamado Jimmy, que o acompanhou desde bebé até aos seus 18 anos –, de ouvir música (o compositor favorito é Mozart), de ver futebol, e de ler. O maior medo de Daniel Sampaio é o medo da morte, e disse numa outra entrevista que gostaria de morrer a dormir. A pessoa que mais admira é Barack Obama, na ficção é D. Quixote. Quando lhe perguntaram se sabia um verso de cor citou Camões e o poema que começa com o verso "Sete anos de pastor Jacob servia Labão pai de Raquel serrana bela".
S3 E15 · Mon, June 27, 2022
Catarina Furtado nasceu em Lisboa a 25 de Agosto de 1972. Cresceu em Campo de Ourique e no Bairro Alto. Destes dois lugares iniciais para a sua formação, recorda simultaneamente o gelado de banana e leite comprado no Jardim da Parada com uma moedinha dada pelos pais para o efeito, e a solidão dos mais velhos nesse mesmo jardim. Também as corridas de caricas ou os jogos de futebol improvisados nas ruas do Bairro Alto, as mesmas ruas onde viu, sem compreender, as prostitutas serem levadas e até agredidas pela polícia. Hoje já não vive em nenhum destes bairros mas mantém uma ideia que revelou numa entrevista, e que muito nos diz sobre a sua personalidade: "a minha rua tem de ser sempre uma rua que dá para outras ruas. Tal como o meu mundo não tem fronteiras." Filha de pai jornalista e de mãe professora de ensino especial - a mãe Helena, que a educou, conta "a não desistir de ninguém" –, tinha 9 anos quando pediu para fazer voluntariado, e terá nascido aí uma das sementes para se tornar uma mulher e cidadã activa no combate à discriminação, ao preconceito, e à falta de empatia para com a diferença. Esta dedicação ao outro nasce, então, ainda na infância, e mantém-se até aos dias de hoje, numa atitude perante a vida que ganhou corpo e forma não apenas como Embaixadora da Boa Vontade do Fundo das Nações Unidas para a População, mas também, e de forma consolidada, através da "Corações com Coroa", a sua Associação nascida há 10 anos onde o objetivo, sempre incompleto e sempre necessário, é o de apoiar, informar e capacitar raparigas e mulheres, promover a igualdade de género e os direitos humanos. Para termos uma noção da importância deste trabalho, ao longo dos 10 anos de actividade, a "Corações com Coroa" atendeu mais de 5 mil mulheres, ajudou directamente mais de 500, e deu bolsas a 34. Apresentadora de televisão, atriz de cinema e de teatro, letrista, a par dos programas de entretenimento como apresentadora, é coautora de um programa de televisão onde, uma vez mais, dá voz aos que mais precisam de ajuda. Chama-se "Príncipes do Nada" e promove a cidadania e os direitos humanos.
S3 E14 · Mon, June 13, 2022
Richard Zenith nasceu em Washington, Estados Unidos da América, em Fevereiro de 1956. Licenciou-se em Letras na Universidade da Virgínia, e viveu em vários países antes de se radicar em Portugal, em 1987. Veio para traduzir as cantigas de amigo, amor, escárnio e maldizer portuguesas, mas acabou por entrar no universo pessoano e deixar-se ficar. É escritor, tradutor, investigador, e um dos mais destacados especialistas em Fernando Pessoa, em Portugal e no mundo. Organizador do “Livro do Desassossego” e de muitas outras obras de Pessoa, foi um dos comissários da exposição “Fernando Pessoa: Plural como o Universo”, que percorreu as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Lisboa. Traduziu Fernando Pessoa para inglês, assim como outros autores portugueses como Luís de Camões, Sophia de Mello Breyner Andresen, Antero de Quental ou Carlos Drummond de Andrade. Também traduziu para inglês autores contemporâneos. Tem cidadania portuguesa desde 2007, e em 2012 foi galardoado com o Prémio Pessoa. Foi inicialmente em língua inglesa que Zenith escreveu a impressionante biografia que acaba de ser publicada em português “Pessoa, Uma Biografia”. Um trabalho de mais de mil páginas e de mais de 12 anos de investigação, onde ficamos a conhecer como ainda não tinha sido possível o poeta para quem, nas palavras de Zenith “a vida essencial teve lugar na imaginação” e que “transportava o exílio consigo próprio”. Fernando Pessoa nasceu a 13 de junho de 1888, o que significa que faria hoje, 13 de junho de 2022, 134 anos. É então uma celebração da sua vida o que nos propomos fazer com o seu segundo biógrafo em edições portuguesas (o primeiro foi João Gaspar Simões, em 1950). Pedimos a Richard Zenith para nos ajudar com textos e poemas que ajudem a contar a vida deste homem que foi muitos e que nos exortou, de certa maneira, a fazer o mesmo quando escreveu “sê plural como o universo”.
S3 E13 · Mon, June 06, 2022
Nara Vidal é escritora, tradutora, professora e editora brasileira, de Minas Gerais. É formada em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, e tem um mestrado em artes e herança cultural pela London Met University. Foi vencedora do Prémio Oceanos com o romance “Sorte”, e finalista do Prémio Jabuti com o livro de contos "Mapas para Desaparecer”. É colaboradora de várias publicações. Vive há duas décadas em Inglaterra, para onde se mudou por causa do enorme fraquinho que tem por William Shakespeare. Acaba de lançar o livro "EVA", pela editora Todavia, também disponível em Portugal. A EVA, personagem feminina deste livro, já chega ao mundo carregada de violência, culpa e abandono. Esta é uma história de violência sobre as mulheres nas suas mais variadas formas, que tem como epígrafe um poema de André Tecedeiro, poeta português contemporâneo. Créditos da fotografia da autora: Bruna Casotti
S3 E12 · Mon, May 30, 2022
Pedro Mexia nasceu em Lisboa, em 1972. Conhecemo-lo devido aos muitos ofícios vem ocupando no espaço público ao longo dos últimos anos, mas gosta de dizer que é, antes de mais, um leitor. E um leitor que se formou, em grande parte, na livraria Buchholz da Duque de Palmela, em Lisboa, a primeira e única livraria com quem teve uma relação afectiva, e onde passou tardes inteiras no início da idade adulta, a construir uma biblioteca, ao mesmo tempo que estudava direito na Universidade Católica, profissão que não chegou a exercer. Começou a escrever nas páginas do extinto DN Jovem. Passou pelo Diário de Notícias e pelo Público, foi subdirector e director interino da Cinemateca. Hoje é assessor para a área da cultura do presidente Marcelo Rebelo de Sousa, mantém uma colaboração regular com o Expresso, onde também assina com Inês Meneses o programa PBX. Na SIC, é um dos comentadores daquele programa cujo nome não se pode nomear. Ao longo dos tempos, acumulou registos e palcos diferentes: da crítica ao ensaio, do diário à poesia, da blogosfera aos jornais em papel ou aos livros impressos. Se quisermos resumir, o que é difícil, podemos falar de Pedro Mexia como crítico literário, editor, tradutor, cronista, dramaturgo, argumentista, comentador ou poeta. Deixamos o epíteto de poeta para o final de propósito, porque o nosso convidado já disse em várias entrevistas que não usa a palavra poeta em causa própria, apesar de, lembramos nós, ter vários livros de poesia publicados. Com a palavra “escritor” também tem algumas reservas, tanto que, disse numa entrevista recente que deve ser o único português que não tem ideias para um romance. Numa outra entrevista, mais antiga, explicou melhor esta ideia: no fundo, tem dificuldades em criar a partir do nada. Sobre a função da poesia, também a que lê – porque anda sempre com livros de poesia por perto – diz que os poemas podem nestes tempos o que sempre puderam em tempos piores do que estes: ser uma companhia, até uma esperança. Mas não acredita muito na ideia de a poesia prestar serviço a causas.
S3 E11 · Mon, May 16, 2022
Para falarmos da nossa convidada de hoje podemos começar por usar as suas palavras: "Eu chamo-me Simone e canto cantigas… os prémios, as condecorações, fico profundamente grata mas continuo a chamar-me Simone e a cantar cantigas”. De facto, basta-nos o nome próprio Simone para sabermos que estamos a falar de Simone de Oliveira. Este reconhecimento imediato deve-se a um percurso profissional de 65 anos, celebrados recentemente num último espectáculo no coliseu de Lisboa, onde cabem as cantigas, sim, mais de quatrocentas, mas também o teatro, a televisão, a rádio e o cinema. Simone de Oliveira nasceu a 11 de Fevereiro de 1938 em Lisboa e, por vontade da mãe, ter-se-ia chamado Maria de Lurdes porque este dia assinala o dia da Nossa Senhora de Lurdes. As cantigas, como gosta de lhes chamar, apareceram na sua vida como uma espécie de ponto de fuga para um problema pessoal que a afundou psicologicamente: um casamento de onde fugiu porque o marido lhe batia. Disse numa entrevista que "cantar foi a forma de ultrapassar essa fase", e que gostaria que não lhe tivesse acontecido aquilo tudo, mas que hoje recorda esses tempos como se tivesse sido outra pessoa que os viveu. Ainda bem que começou a cantar, não apenas porque saiu do lugar triste onde se encontrava, mas também porque se tornou uma das nossas grandes intérpretes, uma mulher para quem tantos poetas escreveram canções que ficarão na história da música portuguesa, como a Desfolhada, de José Carlos Ary dos Santos, com que venceu o Festival RTP da Canção em 1969, e o verso polémico “quem faz um filho fá-lo por gosto” que abanou o país em plena ditadura. Lembra-se bem desses tempos do Estado Novo e do que era ser mulher nesse contexto, tendo atitudes e posturas comummente atribuídas apenas aos homens. Também se lembra da segunda guerra mundial e das senhas de racionamento de comida. Tem ascendência belga, espanhola e são tomense, e diz que tem a impressão de haver alguma negritude no seu sangue e alma. Nunca pediu um poema aos poetas, mas o que é facto é que lhos deram. David Mourão Ferreira e Eugénio de Andrade, são apenas dois exemplos. Já vamos saber se estão entre os escolhidos para a conversa de hoje.
S3 E10 · Mon, May 02, 2022
Tiago Bettencourt nasceu em Coimbra, em 1979. Ainda pequeno, em casa dos pais, cantava Nirvana aos gritos, mas antes de decidir que seria cantor e compositor quis ser arquitecto. Estudou arquitectura até ao último ano do curso, altura em que formou uma banda. O sucesso foi tanto que lhe desviou o caminho. Por causa da música deixou também de fazer Erasmus e será talvez por isso que gosta tanto de viajar. Disse numa entrevista "sempre que tenho tempo, gosto de fazer aquelas viagens low cost e de ficar em hotéis em que pago dez euros por noite. Isso inspira-me muito". Gostaria de ter vivido fora, ainda não aconteceu. Foi, então, o vocalista dos Toranja, banda que vendeu mais de 60 mil cópias com o primeiro álbum, Esquissos, e cujo tema Carta recebeu o Globo de Ouro para Melhor Canção, em 2004. Depois de Toranja, rumou ao Canadá para gravar o primeiro álbum a solo, e vem trabalhando a canção e a composição nesse registo desde então. Apesar do sucesso e reconhecimento do público, cultiva a reserva da privacidade. Disse, aliás, numa entrevista "espero que a minha música não diga nada sobre mim, porque o importante não sou eu. (…) O importante é a música deixar de ser nossa e passar a ser das pessoas." A música de Tiago Bettencourt será, de facto, das muitas pessoas que o seguem e admiram, algumas delas talvez ainda mais próximas agora, depois de na pandemia ter recuperado um projecto antigo chamado Tiago na Toca e de ter feito regularmente directos na rede social Instagram para onde também cantou temas de outros músicos. Foi precisamente na pandemia que confirmou a ideia de que a cultura é fundamental, nas suas palavras, para a sanidade mental de cada um de nós e da identidade de um país. E por falar em cultura, além de música, Tiago Bettencourt gosta de exposições, de ler, também poesia. O tal projecto que recuperou em 2020 para os directos do Instagram chamado Tiago na Toca, nasce de um outro projecto antigo, de 2011, que é um disco/livro chamado Tiago na Toca e os Poetas onde, precisamente, musicou poemas de poetas portugueses. Apesar de preferir que se fale menos dele e mais do seu trabalho, vamos conseguindo conhecê-lo um bocadinho melhor através das várias entrevistas que vem dando. Ficamos a saber, por exemplo, que convidaria Tom Waits para um jantar a dois, e que é de Tom Waits uma das canções que gostaria de ter escrito: chama-se I Want You.
S3 E9 · Sat, April 23, 2022
Chama-se Reconstituição Portuguesa e é um livro que usa a censura do Lápis Azul sobre a Constituição fascista de 1933 para criar um manifesto de liberdade. Uma ideia de Viton Araújo e Diego Tórgo, desenvolvida por um colectivo de poetas e ilustradores a partir da técnica de blackout poetry, com edição Companhia das Letras. Participam neste exercício, que será lançado no dia em que se celebram 48 anos do 25 de Abril, Ana Moreira, André Tecedeiro, António Jorge Gonçalves, Bernardo Abreu, Caró Lago, DeBrito, DJ Huba, Eduardo Tavares, Fabian Gloeden, Filipa Pinto, Filipe Homem Fonseca, Gilson Barreto (Dela Mantra), Gisela Casimiro, João Silveira, Jorge Barrote, Jorgette Dumby, José Anjos, Li Alves, Lila Tiago, Lucerna do Moco, Luís Perdigão, Maikon Nery, Marcelo Dalbosco, Maria Giulia Pinheiro, Marina Ferraz, Marmota Vs Milky, Miguel Antunes, Nilson Muniz, Nuno Piteira, Paola D`Agostino, Rita Capucho, Rita Taborda Duarte, Sérgio Coutinho, Viton Araujo. Entrevista de Raquel Marinho.
S3 E8 · Mon, April 18, 2022
Luís Osório começou no jornalismo ainda jovem adulto, pelo semanário "O Jornal", que viria a dar origem à Revista Visão, e onde conheceu de perto, por exemplo, Fernando Assis Pacheco. Já nessa altura seria tímido, característica que mantém até hoje, e que determinou a escrita como “o único caminho possível. O único caminho onde estava confortável" consigo próprio, mas a verdade é que percorreu muitos outros. Jornalista, encenador, escritor, autor de teatro, director de projectos jornalísticos na imprensa escrita e rádio, autor de programas de televisão, rádio e de um documentário, comunicador, comunicador político, contador de histórias, admirador confesso de pessoas e da liberdade, Luís Osório, nasceu a 15 de Setembro de 1951. Vamos hoje conhecê-lo melhor através das escolhas poéticas que selecionou para partilhar connosco, mas podemos todos, de há uns tempos para cá, acompanhar o que vai pensando sobre o país e o mundo através dos textos que partilha no Facebook. Uma espécie de diário em tom de crónica transversal sobre a atualidade, a que chama "Postal do Dia", mas onde também cabem outras reflexões, e até listas: estamos aqui para falar de poemas, mas se quiser saber quais são as músicas da vida de Luís Osório, ele conta, lá no Facebook. Disse em várias entrevistas que nunca foi um jornalista puro mas também admitiu numa entrevista que em algum momento pode acontecer fundar um jornal, necessariamente de esquerda. Já vamos saber se essa hipótese continua em cima da mesa e porquê. Sobre a infância, recorda aquilo que pode ser a construção de uma infância feliz, onde a sua fotografia era a única ao lado da cama do quarto do pai, facto que lhe deu, silenciosa mas firmemente, a convicção de ser a pessoa mais importante da vida de José Manuel Osório. Este pai, que foi figura pública por ter assumido a doença da Sida numa altura em que mal de falava dela, e que Luís Osório entrevistou para a televisão pública porque, e passo a citar "queria dizer ao mundo "eu sou filho deste homem”". Tem 4 filhos, 3 rapazes e uma rapariga, e diz que são eles que asseguram a sua desmultiplicação por caminhos que já não lhe pertencem. Por falar em filhos, acredita que amar é sempre para sempre.
S3 E7 · Mon, April 04, 2022
Maria José Morgado nasceu em Angola, em 1951. Veio para Portugal aos 6 anos, para Trás-os-Montes e, logo nessa primeira infância, deu de frente com uma pobreza generalizada em que, por exemplo, as crianças iam para a escola descalças em pleno inverno. Acredita que estará aí a origem da sua militância político-partidária futura - uma motivação grande para acabar com a pobreza. Estudou direito, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde conheceu José Luís Saldanha Sanches, com quem viria a casar. Lutaram juntos contra o regime de Salazar, e foram juntos militantes do MRPP. Esteve presa, foi torturada com um cavalo-marinho e submetida à tortura do sono - 7 noites sem dormir -, mas nunca cedeu a denunciar nomes ou a organização. Durante o período que passou na cadeia morreu a tia e madrinha Laura, uma das figuras centrais da sua vida. Haveria de dar esse mesmo nome à filha. Acabou por desencantar-se com a política e concorrer para o Ministério Público. Entrou com a melhor classificação. São conhecidos os méritos na sua carreira pública de luta contra a corrupção. De resto, recentemente foi duplamente reconhecida pelo Prémio Tágides nas categorias "Iniciativa Política" e "Investigação", pelo seu papel ativo no combate contra a corrupção. Dedicou estas distinções à sociedade civil anónima, sofredora, combativa" que quer "lutar pela igualdade com critérios de ética e transparência". Esta preocupação social acompanha Maria José Morgado desde cedo, e não parece ter vindo a desvanecer-se com o tempo. Pelo contrário. Neste momento está jubilada das funções no Ministério Público, mas, recentemente, afirmou numa entrevista que “a luta contra a corrupção é um pilar de um estado de direito”.
S3 E6 · Mon, March 21, 2022
A 23ª edição das Correntes D`Escritas, Festival Literário na Póvoa de Varzim, decorreu este ano entre os dias 22 e 26 de Fevereiro. Ao longo dos 5 dias, passaram pelos vários espaços do Festival mais de 60 oradores. As 9 mesas de debate tiveram como ponto de partida títulos de músicas, e passaram por lá, como costuma acontecer, autores nacionais e estrangeiros. Além dos temas em debate, houve também lugar a 30 lançamentos de livros inéditos, 4 exposições, assim como sessões com os autores nas freguesias, em espaços culturais e escolas. O Poema Ensina a Cair esteve na Póvoa de Varzim durante uma parte do Festival Literário, e conversou com autores e editores. A poesia foi o ponto de partida mas as entrevistas, por vezes, seguiram outros trilhos. Isaque Ferreira, Afonso Cruz, Yara Nakahanda Monteiro, Manuel Vilas, José Luís Peixoto, Manuel Halpern, Inês Lourenço, António Amaral Tavares, Filipa Leal, Elena Medel e Luís Carmelo. Autoria de Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
S3 E5 · Mon, March 14, 2022
Joel Neto nasceu na ilha Terceira, nos Açores, e mudou-se para Lisboa aos 18 anos, para estudar Relações Internacionais no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas. Foi jornalista, repórter, editor, e chefe de redacção em vários jornais e revistas, mas em 2012 regressou à ilha natal, ao lugar de Dois Caminhos na freguesia de Terra Chã, para se dedicar à literatura. A ideia era ficar 4 ou 5 anos, mas não saiu mais. Se olharmos para os livros publicados desde então assim como o reconhecimento que a crítica lhes vem dando, podemos dizer que a aposta foi bem-sucedida. Esta propensão para a escrita materializou-se, então, nos livros publicados, mas já o acompanha desde cedo. Quando chegou ao jornal Record, com apenas 21 anos, levou para a mesa de trabalho da redacção o dicionário de sinónimos, gesto que levou o editor do jornal a comentar “lá me saiu mais um príncipe da escrita”. Príncipe da Escrita, explicou Joel Neto numa crónica publicada no Diário de Notícias "era como alguns jornalistas da velha guarda chamavam, não aos tipos que sabiam escrever, mas aos que tinham a mania que sabiam escrever. Ali ninguém sabia escrever: quando muito, tinha a mania.” Diz que um escritor é um solitário e, talvez por isso, tenha encontrado o abrigo certo para a escrita no lugar da Ilha Terceira onde escolheu viver. Há a natureza, ali no jardim de casa e em tantos outros caminhos da Ilha, os animais do campo e os domésticos (Joel Neto tem 2 cães), os vizinhos “de modos simples e vocação filosófica”, a expressão é sua, e ainda, outra expressão sua: a “rotina dos silêncios”.
Thu, March 10, 2022
Leitura de um poema de Raymond Carver por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Trocando Dólares por Cêntimos (Alguma Poesia Norte-Americana), versões de Luís Filipe Parrado, edição Contracapa
Wed, March 09, 2022
Leitura de um poema de Alejandra Pizarnik por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Alejandra Pizarnik, Antologia Poética, tradução de Fernando Pinto do Amaral, edição Tinta da China
Tue, March 08, 2022
Leitura de um poema de António José Fernandes por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Ainda Não é Tarde e Outros Poemas, edição Medula
Sun, March 06, 2022
Leitura de um poema de Luís Filipe Parrado por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteve da Silva. Livro: Casa, edição Do Lado Esquerdo
Sat, March 05, 2022
Leitura de um poema de Patrizia Cavalli por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Um Pouco do Meu Sangue (Antologia de Poesia Italiana), selecção e tradução de João Coles, edição Contracapa
Fri, March 04, 2022
Leitura de um poema de Rui Knopfli por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Uso Particular, edição Do Lado Esquerdo
Thu, March 03, 2022
Leitura de um poema de Pier Paolo Pasolini por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Um Pouco do Meu Sangue (Antologia de Poesia Italiana), selecção e tradução de João Coles, edição Contracapa
Wed, March 02, 2022
Leitura de um poema de Pablo García Casado por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Faróis Acesos à Procura do Oceano, tradução de Maria Sousa, edição Do Lado Esquerdo.
Tue, March 01, 2022
Leitura de um poema de Hannes Pétursson por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Pelos Nossos Corações Passa a Linha de Fogo (Antologia de poesia Islandesa), poemas vertidos para português por Amadeu Baptista, edição Contracapa
Mon, February 28, 2022
Leitura de um texto de Otavio Paz por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Areias Movediças - Águia ou Sol, tradução de Liliana Verças e Ricardo Ribeiro, edição Sr. Teste
Sun, February 27, 2022
Leitura de um poema de Gregory Corso por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Gasolina, tradução de Hugo Pinto dos Santos, edição Barco Bêbado
Sat, February 26, 2022
Leitura de um poema de Carlos Drummond de Andrade por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Carlos Drummond de Andrade, Antologia Poética, edição D. Quixote
Fri, February 25, 2022
Leitura de um texto de José de Almada Negreiros por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: A Invenção do Dia Claro, edição Assírio & Alvim.
Thu, February 24, 2022
Leitura de um poema de Margarida Vale de Gato por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Atirar Para o Torto, edição Tinta da China
Wed, February 23, 2022
Leitura de um poema de Fernando Pessoa por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Fernando Pessoa, Poesias - Ortónimo, edição Porto Editora
Tue, February 22, 2022
Leitura de um poema de Ron Padgett por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Ron Padgett, Poemas Escolhidos, tradução de Rosalina Marshall, edição Assírio & Alvim
S3 E4 · Mon, February 21, 2022
Ana Bacalhau nasceu em 1978. Quando era criança, acalentava o sonho de vir a tornar-se professora de Português e Inglês, e fez formação superior nessa área. Tirou o curso de Línguas e Literaturas Modernas, na vertente de língua portuguesa e língua inglesa, além de uma pós-graduação em ciências documentais. Terá sido essa uma das portas para a profissão de arquivista, profissão que viria a abandonar para se dedicar profissionalmente à banda Deolinda. Mas a Deolinda, projeto que levou Ana Bacalhau ao grande público, está longe de ser a primeira experiência musical da nossa convidada. A música entrou-lhe pela vida adentro ainda na adolescência, primeiro através das vozes que escutava, onde se incluem Nina Simone ou Beatles, depois através das aulas de guitarra que pediu aos pais insistentemente, e que a ajudaram a descobrir a sua voz musical. Em 2001 estreia-se como vocalista numa banda chamada Lupanar, e em 2005 integrou um trio de jazz chamado Tricotismo. O projeto Deolinda nasceu em 2006. Em 2017 lançou um disco a solo a que, muito apropriadamente, chamou “Nome Próprio” e há poucos meses, em plena pandemia e também na sequência do isolamento a que todos nos vimos obrigados, lançou o álbum “Além da Curta Imaginação”. Um trabalho que, de certa forma, é também o resultado de um percurso de superação, refletido, por exemplo, na letra “Que me Interessa a Mim” de sua autoria. Disse numa entrevista: "Fui eu que escrevi a canção, tem um pouco um percurso que eu fiz de muita insegurança, muito escrutínio que os outros faziam sobre mim a pesar-me, e o caminho que eu fiz de libertação disso. Essa libertação absoluta do caminho que os outros querem traçar como meu, eu recuso em absoluto. Eu quero traçar o meu próprio caminho.” Gosta de ler, de cozinhar, da natureza, da empatia – a sua virtude preferida -, do ócio – a sua ocupação favorita -, e tem como ideais de felicidade coisas como dar um bom concerto, ver um bom concerto, ler um livro, ver um filme, dançar, passar horas a desfrutar da companhia da filha, família e amigos. Não tem heróis na ficção porque prefere anti-heróis, e será talvez por isso que o seu autor preferido em prosa Dostoievsky. Tem uma divisa preferida do escritor francês Andre Gide que diz: "É melhor sermos odiados pelo que somos, do que sermos amados pelo que não somos”.
Sun, February 20, 2022
Leitura de um poema de Manoel de Barros por Raquel Marinh. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: O Livro das Ignorãças, edição Record
Sat, February 19, 2022
Leitura de um poema de Henri Michaux por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Henri Michaux, Antologia, tradução de Margarida Vale de Gato, edição Relógio D´Água
Fri, February 18, 2022
Leitura de um poema de Alberto de Lacerda por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Labareda, edição Tinta da China
Thu, February 17, 2022
Leitura de um poemas de Konstandinos Kavafis por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Konstandinos Kavafis, Os Poemas, tradução, prefácio e notas de Joaquim Manuel Magalhães e Nikos Pratsinis, edição Relógio D´Água
Wed, February 16, 2022
Leitura de um poema de Fernando Assis Pacheco por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: A Musa Irregular (edição aumentada), edição Tinta da China
Tue, February 15, 2022
Leitura de um poema de Miguel-Manso por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Estojo, edição Relógio D´Água
Mon, February 14, 2022
Leitura de um poema de Mário Cesariny por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Pena Capital, edição Assírio & Alvim
Sun, February 13, 2022
Leitura de um poema de Paul Éluard por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: A Cama, A Mesa, tradução de Luís Lima, edição Barco Bêbado
Sat, February 12, 2022
Leitura de um poema de Daniel Faria por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Daniel Faria - Poesia, edição Quasi
Fri, February 11, 2022
Leitura de um poema de António Botto por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Cem Poemas para Salvar a Nossa Vida, edição Quetzal
Thu, February 10, 2022
Leitura de um poema de Catarina Nunes de Almeida por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Voo Rasante, edição Mariposa Azual
Wed, February 09, 2022
Leitura de um poema de António José Forte por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Uma Faca nos Dentes, edição Parceria A. M. Pereira
Tue, February 08, 2022
Leitura de um poema de Hilda Hilst por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Da Poesia, edição Companhia das Letras
S3 E3 · Mon, February 07, 2022
Marcos Caruso nasceu em São Paulo, em 1952. É actor, guionista, encenador, e um dos autores de teatro mais bem sucedidos do Brasil, com uma carreira que já conta mais de 50 anos na televisão, teatro e cinema. Começou a representar aos 14 anos no grupo de teatro amador da biblioteca infantojuvenil Monteiro Lobato, localizada em frente à casa onde morava, em São Paulo. Acabaria por dirigir esse projeto durante muitos anos. A pedido do pai, estudou Direito na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, Universidade de São Paulo, mas logo no primeiro dia de aulas matriculou-se nas aulas de teatro da universidade. Por causa desta experiência na faculdade, acabaria por ajudar a fundar dois grupos de teatro que encenavam peças políticas, "União" e "Olho Vivo", em plena ditadura militar. A sua participação nos grupos de teatro da faculdade rendeu-lhe depois o convite para actuar na sua primeira peça, Rei Momo, em 1973. A estreia na televisão seria 5 anos depois com a novela "Aritana" da antiga Rede Tupi. Ao longo dos últimos 40 anos, participou de algumas das produções mais marcantes da televisão brasileira mas o seu nome está também inscrito na história do teatro brasileiro de forma singular. Nos anos 80, usou uma máquina de escrever para escrever, em 3 dias, a peça “Trair e Coçar é Só Começar”. Entregou-a a um encenador de comédias teatrais que a guardou na gaveta durante 6 anos. Estreou finalmente em 1986, e esteve mais de 32 anos em cena, ininterruptamente. É a peça de teatro há mais tempo em cartaz no Brasil, o que lhe valeu quatro menções no Guiness. Já foi vista por mais de cinco milhões e 500 mil espectadores em mais de nove mil apresentações. Está em Portugal para subir ao palco, pela terceira vez, com a peça Intimidade Indecente.
Mon, February 07, 2022
Leitura de um poema de Herberto Helder por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Ofício Cantante (Poesia Completa), edição Assírio & Alvim
Sun, February 06, 2022
Leitura de um poema de Antero de Quental por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Sonetoes, edição Ulmeiro
Sat, February 05, 2022
Leitura de um poema de Boris Vian por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Canções e Poemas, tradução de Irene Freire Nunes e Fernando Cabral Martins, edição Assírio & Alvim
Fri, February 04, 2022
Leitura de um poema de Edward Thomas por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Três Bucólicos Ingleses, selecção e tradução de Ricardo Marques, edição Elysium
Thu, February 03, 2022
Leitura de um poema de Jorge Sousa Braga por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: O Poeta Nu (poesia reunida), edição Assírio & Alvim
Wed, February 02, 2022
Leitura de um poema de W. H. Auden por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Outro Tempo, tradução e introdução de Margarida Vale de Gato, edição Relógio D´Água
Tue, February 01, 2022
Leitura de um poema de John Clare por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Três Bucólicos Ingleses, selecção e tradução de Ricardo Marques, edição Elysium.
Mon, January 31, 2022
Leitura de um poema de Carlos de Oliveira por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Trabalho Poético, edição Assírio & Alvim
Sun, January 30, 2022
Leitura de poema de Pedro da Silveira por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Fui ao Mar Buscar Laranjas (poesia reunida), edição Instituto Açoriano de Cultura
Sat, January 29, 2022
Leitura de poema de Jorge Roque por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Revista Nervo, número 8.
Fri, January 28, 2022
Leitura de um poema de Nina Rizzi por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Sereia no Copo de Água, edições Jabuticaba
Thu, January 27, 2022
Leitura de um poema de Joaquim Castro Caldas por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Só Cá Vim Ver o Sol, edição Quasi
Wed, January 26, 2022
Leitura de um poema de Hélia Correia por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Acidentes, edição Relógio D`Água
Tue, January 25, 2022
Leitura de um poema de José Miguel Silva por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Vista para um Pátio Seguido de Desordem, edição Relógio d`Água
S3 E2 · Mon, January 24, 2022
António Bagão Félix nasceu em Ílhavo, a 9 de abril de 1948. Estudou no Liceu Nacional de Aveiro, onde se destacou pelas boas notas, mas também pela conduta enquanto cidadão - foi escolhido como o "Aluno de Melhor Carácter" quando frequentava o sétimo ano. Aos 17 anos, mudou-se para Lisboa para estudar Finanças e licenciou-se no Instituto Superior de Economia e Gestão. Começou a trabalhar aos 21 anos, na área de gestão, em empresas de seguros. Entrou na política aos 31 anos, quando assumiu o cargo de Secretário de Estado da Segurança Social no governo da Aliança Democrática liderado por Francisco Pinto Balsemão. O convite foi feito por Morais Leitão, que tinha sido ministro dos Assuntos Sociais no Governo anterior, liderado por Francisco Sá Carneiro. Ao longo dos anos nunca deixou de estar ligado ao CDS, e acumulou lugares de destaque na gestão e na política. O currículo profissional de António Bagão Félix é vasto e diversificado, mas a vida do nosso convidado fez-se também de outros interesses e prioridades: assume-se como um homem de fé com uma educação religiosa rigorosa, onde chegou a aventar-se a ideia de que viria a ser padre. Há também o interesse pela botânica, um tema tão importante na vida do nosso convidado, que lhe dedica o tempo suficiente para escrever livros sobre o assunto e influenciou também as escolhas poéticas que trouxe para a conversa.
Mon, January 24, 2022
Leitura de um poema de Miguel Martins por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Do Lado de Fora, edição Abysmo
Sun, January 23, 2022
Leitura de um poema de Manuel António Pina por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Todas as Palavras (Poesia Reunida), edição Assírio & Alvim
Sat, January 22, 2022
Leitura de um poema de Manuel Bandeira por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Manuel Bandeira, Antologia, edição Relógio D´Água
Fri, January 21, 2022
Leitura de um poema de Rui Costa por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: As Limitações do Amor São Infinitas, edição Sombra do Amor
Thu, January 20, 2022
Leitura de um poema de António Manuel Couto Viana por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Restos de Quase Nada e Outras Poesias, edição Averno
Wed, January 19, 2022
Leitura de um poema de António Osório por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Casa das Sementes, edição Assírio & Alvim
Tue, January 18, 2022
Leitura de um poema de António Barahona por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Pássaro-Lyra, edição Averno
Mon, January 17, 2022
Leitura de um poema de Angélica Freitas por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Um Útero é do Tamanho de um Punho, edição Douda Correria
Sun, January 16, 2022
Leitura de um poema de Pedro Oom por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Única Real Tradição Viva, Antologia da Poesia Surrealista Portuguesa de Perfecto E. Cuadrado, edição Assírio & Alvim
Sat, January 15, 2022
Leitura de um poema de Mário Henrique Leiria por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Única Real Tradição Viva, Antologia da Poesia Surrealista Portuguesa de Perfecto E. Cuadrado, edição Assírio & Alvim
Fri, January 14, 2022
Leitura de um poema de Adília Lopes por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Dobram edição Assírio & Alvim
Thu, January 13, 2022
Leitura de um poema de Hans Magnus Enzensberger por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: 66 poemas, tradução, notas e posfácio de Alberto Pimenta, edição Edições do Saguão.
Wed, January 12, 2022
Leitura de um poema de Wislawa Szymborska por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Instante, tradução de Elzbieta Milewska e Sérgio Neves , edição Relógio D´Água
Tue, January 11, 2022
Leitura de um poema de Manuel Resende por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Manuel Resende, Poesia Reunida, edição Cotovia
Mon, January 10, 2022
Leitura de um poema de Paulo Leminski por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Toda Poesia, edição Companhia das Letras
S3 E1 · Mon, January 10, 2022
Hugo Van Der Ding nasceu em Lisboa, em 1976. Não gosta que lhe chamem humorista, mas a verdade é que nos põe a rir há muitos anos. Além das famosas tiras partilhadas nas redes socias, onde consta, por exemplo, A Criada Malcriada ou a psicanalista Juliana Saavedra, é cartonista, cronista, escritor, autor de teatro, ator, apresentador de rádio e televisão, entre outros ofícios. No entanto, diz nas entrevistas, que quando for grande, o que quer mesmo fazer é ser escritor de romances, e que tem guardados no computador cerca de uma dezena livros prontos. Quando era criança queria ser ator ou tirar o curso de direito para seguir a carreira diplomática e viajar. Chegou a entrar em Direito, mas desistiu ao fim de um ano, e decidiu que queria correr o mundo e apenas voltar para casa aos 90 anos depois de conhecer todos os países do nosso planeta. Viveu em Londres 6 meses, mas um dia, depois de se aperceber que nas ruas daquela cidade as pessoas não olham para a cara umas para as outras, mudou-se para Amsterdão onde esteve dos 23 aos 28 anos. Viveu na capital holandesa os importantes anos do início da idade adulta, e foi também lá que começou a trabalhar e a ganhar dinheiro. Trabalhou num escritório, numa grande empresa de comunicações, e até chegou a ser promovido mais do que uma vez, mas acabaria por sair e regressar a Portugal, provavelmente porque não nasceu para o típico trabalho das 9 às 5. Aliás, disse numa entrevista que os anos em Amsterdão foram importantes e formadores por tudo o que viveu fora do escritório, não necessariamente a trabalhar.
Sun, January 09, 2022
Leitura de um poema de Billy Collins por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Amor Universal, edição Averno
Sat, January 08, 2022
Leitura de um poema de Emanuel Félix por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: A Viagem Possível (Poesia 1965-1981), edição Secretaria Regional de Educação e Cultura, Angra do Heroísmo
Fri, January 07, 2022
Leitura de um poema de Alberto de Serpa por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: A Poesia de Alberto de Serpa, edição Campo das Letras
Thu, January 06, 2022
Leitura de um poema de Pedro Homem de Mello por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Eu, Poeta e Tu, Cidade, edição Quasi
Wed, January 05, 2022
Leitura de um poema de Mary Oliver por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Felicidade, tradução de Luís Matos, edição Flaneur
Tue, January 04, 2022
Leitura de um poema de Rui Pires Cabral por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Morada, edição Assírio & Alvim
Mon, January 03, 2022
Leitura de um poema de Debise Levertov por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Este Grande Não-Saber, tradução de Andreia C. Faria e Bruno M. Silva, edição Flaneur
S2 E2 · Sun, January 02, 2022
Leitura de um poema de Alberto Caeiro por Raquel Marinho. Livro: Poemas Completos de Alberto Caeiro, recolha, transcrição e notas de Teresa Sobral Cunha, edição Presença
Sat, January 01, 2022
Leitura de um poema de Charles Bukowski por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva. Livro: Os Cães Ladram Facas (Antologia Poética), seleção e prefácio de Valério Romão, tradução de Rosalina Marshall, edição Alfaguara
S2 E21 · Mon, December 27, 2021
Nuno Artur Silva nasceu em Outubro de 1962. Ainda na adolescência, enquanto frequentava o Liceu Pedro Nunes, integrou um grupo de teatro anarquista. Na faculdade, onde tirou o curso de Línguas e Literaturas Modernas, criou um grupo de teatro de peças cómicas ao lado de Rui Cardoso Martins. Percebeu que não queria ser ator, ou que não teria talento para a demanda da representação, e acabou por abandonar esse projeto e esse ambiente e ligar-se a um grupo de literatura, onde conheceu, entre outros, o poeta Al Berto e o antigo editor da Assírio & Alvim Hermínio Monteiro, com quem viria a organizar recitais de poesia. Depois da faculdade, deu aulas no ensino secundário ao longo de 7 anos em Lisboa, Cacém e Oeiras, mas continuou a escrever, tanto ficção como poesia. Disse numa entrevista que nesta fase da vida "tinha uma vaga ideia que era escrever para teatro, cinema, televisão, banda desenhada - essa ideia de escrever para. Porque era o princípio de trabalho com o outro". Em simultâneo com a atividade letiva, envia textos de humor para a RTP, ignorados durante algum tempo, mas depois lidos por José Nuno Martins, que o chama para escrever sketches para o programa Joaquim Letria, da RTP2. Mais tarde, estreia-se a escrever sozinho as aberturas do programa Parabéns de Herman José, um desafio profissional que o obriga a fazer uma escolha, no mínimo curiosa: pela mesma altura tinha sido convidado pela pessoana Teresa Rita Lopes para trabalhar na tão famosa Arca de Fernando Pessoa. Escolheu escrever para Herman José. Em 1993, fundou as Produções Fictícias, agência e rede criativa, ao lado de Rui Cardoso Martins, Miguel Viterbo e José de Pina, empresa que se torna um marco na produção de conteúdos de humor em Portugal. Mais tarde, foi também fundador do Canal Q. Uma carreira longa, onde houve espaço para ser ficcionista, argumentista, dramaturgo, produtor, programador, apresentador, escritor, cronista e empresário. Recentemente, administrador da RTP – entre 2015 e 2018, e Secretário de Estado do Cinema, Audiovisual, e Média, desde 2019 e até agora. Sobre esta experiência mais recente, disse numa entrevista que não é um político profissional mas que, estando na política provisoriamente, a valoriza muito. De resto, defende que o caminho "não é desdenhar a política mas participar dela, e exigir dela".
S2 E20 · Mon, December 13, 2021
Mafalda Veiga nasceu em Lisboa a 24 de dezembro de 1965, onde viveu a maior parte da sua vida. Passou a infância e a adolescência em Espanha, e desse período no país vizinho ficou-lhe, entre outras coisas, o gosto da rua, de estar na rua com os amigos. Bisneta do pintor Simão da Veiga, quando era criança chegou a ter aulas de pintura com o desejo de um dia ser pintora, mas o destino haveria de ser outro. Quando o pai lhe ofereceu uma viola e aprendeu a tocar, iniciou, digamos, uma relação para a vida. O tio Pedro da Veiga teve um papel importante nessa aproximação à música – era guitarrista de fado e não só ensinou Mafalda Veiga a tocar, como a levou, ainda pequena, a algumas casas de fado onde a nossa convidada se estreou a cantar ao vivo. Poucos anos depois, ainda na adolescência, percebeu que, além de cantar, queria compor e escrever as suas próprias canções. Começou a escrever e a compor ainda adolescente, e antes de entrar na faculdade, no curso de Línguas e Literaturas Modernas, na Faculdade de Letras de Lisboa. Estava ainda no segundo ano quando lançou o primeiro disco, Pássaros do Sul. Um sucesso de vendas, disco de prata em apenas um mês, e uma vida nova a começar. Por causa da música e da composição, saiu muito depressa desse lugar anónimo de observadora dos outros e de compositora desconhecida, para as luzes e os vários palcos que o sucesso traz. Terminou, portanto, o curso superior entre a escrita de canções e os concertos, e desde então, ao longo de mais de 30 anos de composição, editou vários álbuns, alguns deles discos de prata e de platina, com músicas que permanecem no ouvido de milhares de portugueses. Fala da composição como, e vou citar, “o chão de tudo”, explicando que “se não fosse compositora não estaria na música porque aquilo que mais gosto na expressão artística é precisamente a criação e a construção”.
S2 E19 · Mon, November 29, 2021
António Costa Silva nasceu em 1952 em Angola, numa terra da província do Bié chamada Nova Sintra, depois renomeada Catabola. Estudou no Colégio dos Maristas no Cuíto, em regime interno, e depois na Universidade de Luanda, Engenharia de Minas. Esses primeiros anos da idade adulta na capital angolana foram, nas palavras do nosso convidado, “uma revelação”. Integrou o Círculo Universitário de Cinema e esteve na origem da criação da Associação de Estudantes, onde desenvolveu dotes de oratória em assembleias com milhares de pessoas. Referiu em várias entrevistas que, por essa altura, era um jovem maoista que “queria mudar o mundo”. Por razões políticas, e também por um enorme equívoco, foi detido em Luanda no dia 22 de Dezembro de 1977, três dias antes do Natal, tornando-se vítima de uma purga levada a cabo por Agostinho Neto, em resposta à tentativa de golpe de estado de Nito Alves, em Maio do mesmo ano. Como ele, milhares de pessoas foram vítimas do ajuste de contas dos dirigentes do MPLA, detidas sem culpa formada ou julgamento, sujeitas a tortura durante vários anos. Os fuzilamentos sumários foram outra realidade desse período da história angolana e o nosso convidado chegou a estar perante um pelotão de fuzilamento por se ter recusado a assinar uma confissão de que era um agente da CIA, e por ter escrito numa folha de papel onde lhe pediram para fazer o seu testamento as palavras “a vida é bela”. Vendaram-no, algemaram-no atrás das costas, e levaram-no para a praia onde ocorriam os fuzilamentos. Chegou a ouvir o som da culatra, mas depois, no último momento não dispararam - ainda hoje não sabe porquê. Esta terá sido a experiência mais traumática dos anos de prisão de António Costa Silva na prisão de São Paulo, onde viveu também torturas sistemáticas, dia sim dia não, às quais sobreviveu, e passo a citar, devido ao pensamento: “o cérebro humano é o instrumento mais poderoso que temos… eu procurava no meu pensamento reproduzir as leituras, as poesias, os livros de que gostava. Foi aí que comecei a escrever poesia. Escrevia na minha cabeça porque não tinha papel nem caneta”, fim de citação. Terá, então, sido salvo de três anos de escuridão pelo pensamento, e será por isso que gosta tanto do provérbio angolano que diz “o pirilampo é um animal sábio porque usa a escuridão para se iluminar”. De resto, assume-se como um homem que nunca se demitiu de pensar, de dizer o que pensa, e que nunca se recusou à aventura de viver, mesmo quando essa aventura exige revolver a terra, ou seja, revolver-se a ele próprio. Em 2020, foi escolhido por António Costa para desenhar a estratégia económica de Portugal para a próxima década.
S2 E18 · Mon, November 15, 2021
Chama-se António José Correia de Brito mas conhecemo-lo por Tozé Brito. Nasceu em Ermesinde, em 1951, e viveu no Porto até aos 18 anos, altura em que José Cid o desafia para tocar como músico profissional no Quarteto 1111, e se muda para Lisboa. Essa mudança definiu uma carreira de sucesso na música, que lhe trouxe fama e reconhecimento nacional e internacional, mas o percurso musical do nosso convidado começa muito mais cedo, em casa. O pai tocava viola, o tio também; o bisavô tinha sido professor de música e o irmão dele maestro. Aos 14 anos Tozé Brito decide formar um grupo musical e aos 16 grava o primeiro álbum, logo com uma letra de sua autoria chamada “you´ll see”. Músico, letrista, compositor, autor e produtor de discos, A&R de multinacionais, vice-presidente e presidente de duas companhias - a BMG e a Universal - fez também música para teatro, cinema, televisão, e música infantil. Participou em 12 festivais da canção, ganhou 3, um como intérprete, 2 como autor. Foi 3 vezes à eurovisão. São dele algumas das canções que sabemos de cor e que hão de ficar na história da música portuguesa. Uma evidência que terá estado na origem do disco de tributo “Tozé Brito (de) Novo”, que lhe é dedicado e que acaba de sair, onde constam novas versões de algumas das composições mais emblemáticas do nosso convidado pela voz de cantores como Ana Bacalhau, Camané, António Zambujo, Joana Espadinha, Samuel Úria, Rita Redshoes, B Fachada, entre outros.
S2 E17 · Mon, November 01, 2021
Luca Argel nasceu no Rio de Janeiro, em 1988. Atualmente cantor e compositor de samba a viver em Portugal e cidadão português, começou por fazer o Curso Superior de Música no Rio de Janeiro e, ainda na faculdade, por dar aulas de música em ONG´s, escolas, ou lições particulares. Em 2012, estava a lecionar numa Escola Municipal do Rio de Janeiro e decidiu vir para Portugal fazer um mestrado em literatura, sem saber se o futuro voltaria a trazer-lhe a música de novo. Antes de chegar ao Porto, ainda lançou no Brasil o seu primeiro livro de poemas pela editora 7 Letra s chamado " Esqueci de Fixar o Grafite ". Haveria de publicar mais poesia, quer no Brasil, quer em Portugal. Já este ano saiu o seu quarto disco a solo em Portugal, e o primeiro de versões, ou covers. “ Samba de Guerrilha ” é um projeto musical e, simultaneamente, uma viagem narrativa pela história do Samba e dos primeiros sambistas, que é a história da luta da escravatura contra ditadura militar do Brasil, e uma homenagem aos protagonistas do combate ao racismo, à escravatura e às desigualdades no Brasil. Além de literatura e de música gosta de filmes baseados em banda desenhada, de histórias de super-heróis, de cemitérios “pela tranquilidade dos moradores”, de ambientes informais e de pijamas, "a invenção mais sublime da história da indumentária", fim de citação, pelo conforto que representam.
S2 E16 · Mon, October 18, 2021
Laurinda Alves nasceu em Dezembro de 1961. Estudou no Liceu de Queluz, onde foi aluna de Teresa Belo, mulher do poeta Ruy Belo. Era muito boa aluna a português, e muito boa jogadora de basket, primeiro no Queluz, depois no CIF, onde foi campeã. Aos 17 anos participou num concurso para entrar na RTP, e foi selecionada entre mais de 2 mil candidatos. Como era menor de idade, não podiam legalmente contratá-la, mas disseram-lhe que esperariam que fizesse os 18 para entrar na empresa, e foi assim que começou no jornalismo, ao mesmo tempo que estudava Comunicação Social na Universidade Nova. Televisão, rádio, imprensa escrita, onde se destaca esse projecto de uma revista chamada XIS, mas também o programa de televisão verdes Anos ou a reportagem de investigação que lhe valeu, por exemplo, o Prémio Gazeta do Clube de Jornalistas pelo seu trabalho de investigação sobre o assassinato do general Humberto Delgado. Uma longa carreira ligada à palavra, à voz, e onde se inclui uma distinção com o grau de Comendador da Ordem do Mérito pelo debate e defesa das questões educativas, no ano 2000 pelo Presidente Jorge Sampaio. Um percurso para o qual, se olharmos através de uma rede mais apertada, encontramos uma constante no tratamento dos temas do jornalismo que dizem respeito ao outro e às muitas formas de lhe contar as histórias, como se o ângulo de observação da realidade de Laurinda Alves se construísse antes de mais através da pessoa e da sua singularidade, para depois lhe contar a história e partir daí para um tema maior. Atualmente é Professora de Comunicação, Liderança e Ética, na Nova SBE e Colunista no Observador, e acaba de ser eleita vereadora independente para a Câmara de Lisboa ao lado do novo presidente da autarquia Carlos Moedas. Lista de poetas: Novalis – “O amor é a finalidade final (…)” Novalis – “Existe em nós um sentido especial para a poesia (…)” Joseph Brodsky - No Centenário de Anna Akhmatova John Milton, Paraíso Perdido (livro III) – “Assim falou o astuto sem suspeita (…)” Ruy Belo – Uma Vez que Tudo Já se Perdeu Carlos Drummond de Andrade - Poema da Purificação João Cabral de Melo Neto – Deserto Sophia de Mello Breyner Andresen - A paz sem vencedor e sem vencidos Sophia de Mello Breyner Andresen – Dia Eclesiastes 3 – Tudo Tem o Seu Tempo Teixeira de Pascoaes – “Todo Princípio é fim (…)” António Barahona – Pôs-me Fora de Mim, o Teu Amor
S1 E15 · Mon, October 04, 2021
Luís Miguel Cintra nasceu em Madrid, em 1949. Foi um dos melhores alunos do Liceu Camões, onde partilhou sala de aula com António Guterres. Marcaram-no alguns professores desse período como Mário Dionísio, Vergílio Ferreira ou Bénard da Costa, mas também o contacto próximo com figuras importantes da cultura que eram visita de casa: Jorge de Sena, Sophia de Mello Breyner Andresen, Vitorino Nemésio, entre outros. Em 1966 entrou na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa para fazer o curso de Filologia Românica. Foi lá que encontrou o teatro pela primeira vez fora de casa, uma vez que desde pequeno escrevia, encenava e representava peças para a família e amigos da casa, algumas das quais recorrendo a marionetas. O teatro universitário, onde foi actor e encenador, marca o início de uma escolha que viria a ser definitiva na vida de Luís Miguel Cintra. Depois de uma passagem por Bristol, com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian para estudar teatro, fundou, em 1973, a companhia de teatro Cornucópia ao lado de Jorge Silva Melo. Distinguido com vários prémios, entre os quais o Prémio Pessoa, recebeu também o Prémio Cultura Árvore da Vida Padre Manuel Antunes, uma figura que conheceu enquanto aluno universitário e de quem guarda recordações importantes e marcantes. Como declamador de poesia e prosa, gravou vários textos importantes da literatura portuguesa. Falamos da leitura integral para a rádio da obra Viagens na Minha Terra, de Almeida Garrett, ou da gravação do Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco. Para cd gravou todas as canções de Luís de Camões, poemas de Fernando Pessoa, Sophia de Mello Breyner Andresen, Ruy Belo, Gastão Cruz, entre outros. Considera a cultura “a coisa mais importante para modificar mentalidades e pessoas”. Lista de poemas: Luís de Camões – Canção X Bernardim Ribeiro – Segunda Fiama Hasse Pais Brandão – No teatro – Ricardo III por Luís Miguel Cintra Luiza Neto Jorge – Morreu com o dia o sol fiel Sophia de Mello Breyner Andresen – final da peça “O Colar” Sophia de Mello Breyner Andresen – Goa José Tolentino Mendonça – Retrato de Pasolini em Nova Iorque Ruy Belo – Fala de um Homem Afogado ao Largo da Senhora da Guia no dia 31 de Agosto de 1971 Álvaro de Campos/Fernando Pessoa – Tabacaria Carlos de Oliveira – Descrição da Guerra em Guernica
S2 E14 · Mon, July 26, 2021
Se pudesse oferecer um presente a Fernando Pessoa, o meu convidado de hoje escolheria uma máquina fotográfica para que Pessoa nos ensinasse a fazer fotografias do imaginário. Jerónimo Pizarro , colombiano, um dos grandes pessoanos do nosso tempo, descobriu o poeta dos heterónimos algures entre a adolescência e a entrada na universidade, depois da leitura do Livro do Desassossego. Depois dessa leitura inicial quis conhecer Pessoa mais e melhor, e uns anos mais tarde, já em Portugal, confirmou o deslumbramento com o universo pessoano. Passo a citar: “Morri de amor pelo arquivo e pelas fontes. Acho que depois de procurar fontes nas montanhas mais altas da Colômbia precisava de encontrar os regatos, como diria Caeiro, ou melhor, as nascentes dos rios pessoanos.” Não sabemos se essa busca pelas nascentes pessoanas estará já concluída, mas o trabalho sobre o poeta da Ode Marítima mantém-se até hoje, não apenas na investigação como também na divulgação do enorme legado de Fernando Pessoa. Jerónimo Pizarro é professor, tradutor, crítico e editor, e também professor da Universidade dos Andes, titular da Cátedra de Estudos Portugueses do Instituto Camões na Colômbia e Prémio Eduardo Lourenço, em 2013. Lista de poetas: William Blake – The Tyger Jorge Luis Borges – El Mar Pablo Neruda – Walking Around Fernando Pessoa – Ulisses César Vallejo – Hay Golpes en la Vida Cesare Pavese – Virá a Morte e Terá os Teus Olhos Emilio Adolfo Westphalen – He Dejado Descansar Tristemente Mi Cabeza Gonzalo Rojas – El Sol es la Única Semilla Emily Dickinson – I´m Nobody! Who Are You? Sophia de Mello Breyner Andresen - Inscrição
S1 E13 · Mon, July 12, 2021
Tiago Nacarato nasceu e cresceu no Porto, mas podemos talvez dizer que encontra as suas principais raízes musicais no Brasil. Filho de pais brasileiros, sendo o pai músico, desde cedo escutou os ritmos daquele país e também quis aprender a tocar e cantar precocemente. Teve aulas de canto, guitarra, treino auditivo, teoria musical e combo a partir dos 18 anos, quando se inscreveu na escola de música Valentim de Carvalho. Anos depois, reencontrou as raízes brasileiras na Orquestra Orquestra Bamba Social como vocalista, projeto que juntou músicos luso-brasileiros residentes no Porto. Foi a passagem por um programa de televisão da RTP dedicado a descobrir novos talentos na música, que lhe trouxe projeção nacional. Depois do The Voice, dedicou-se então a apresentar em palco o seu trabalho a solo, e passou por espaços como o Centro Cultural de Belém, a Casa da Música, ou o Convento São Francisco, em Portugal. Também já cantou e esgotou salas no Brasil, em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza ou Belo Horizonte, país onde se estreou em 2018. Em 2019 apresentou-se com um álbum de estreia chamado “Lugar-Comum”. Uma das canções desse disco, “A Dança”, foi nomeada para um Globo de Ouro na categoria de Melhor Música, em 2019. Está a preparar o segundo disco. Lista de poetas: Oswaldo Montenegro – Metade Rainer Maria Rilke – Cartas a um Jovem Poeta (dois excertos) Tom Zé - Tô Alberto Caeiro - O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia Jacques Prévert – canção do carcereiro Chico Buarque e Gilberto Gil - Cálice Manel Cruz – O Navio Dela Gilberto Gil - Super-Homem Rupi Kaur - 2 poemas em inglês do livro "milk and honey"
S2 E12 · Mon, June 28, 2021
Para apresentarmos o nosso convidado desta semana usamos as suas palavras: “Gingando pela rua ao som do Lou Reed/ Sempre na sua sempre cheio de speed/ segue o seu caminho com merda na algibeira/ o Chico Fininho/ o freak da cantareira.” A música, cantada por Rui Veloso e lançada em 1980 no álbum Ar de Rock, tornou-se uma bandeira do rock português e é assinada, letra e música por Carlos Tê. Chama-se, na verdade, Carlos Alberto Gomes Monteiro e nasceu no Porto, Cedofeita, em 1955. Escreveu a primeira canção chamada “Oh Life” aos 15 anos, numa altura em que ouvia música e fazia letras sobretudo em inglês. A ligação à música é muito precoce e muito importante. Tão marcante que os amigos lhe chamavam o tarado da música. Com o tempo ficou o "T" de tarado e caiu o "M" de música, e assim nasceu o nome Carlos Tê, pelo qual é conhecido até aos dias de hoje. É unanimemente considerado um dos maiores letristas em língua portuguesa. Além das 10 canções de "Ar de Rock", o álbum que marca o início do rock português, e da longa parceria com Rui Veloso, escreveu letras para muitas outras bandas: Clã, Jafumega, Trovante ou Jorge Palma, são apenas alguns exemplos. Leitor de ficção e poesia, além de letrista publicou um romance e três contos, colaborou com revistas de poesia, mas confessou numa outra entrevista que lá no fundo gostaria de ser músico. Acredita que "toda a arte lúdica é uma forma de prolongar a infância". Lista de poetas: À espera dos Bárbaros, Konstantínos Kavafis Sempre me pareceu um pouco cobarde - Golgona Anghel No Livro de Leitura do 7º ano, Hans Magnus Enzenberger Entre a Cortina e a Vidraça, Alexandre O’Neil Holanda, Helberto Helder (d´Os Passos em Volta) A Passagem das Horas, Álvaro de Campos America, Allen Ginsberg Caprichos, Adília Lopes Pólo Norte, Jorge de Sousa Braga Invernáculo, Paulo Leminsky
S2 E11 · Mon, June 14, 2021
João Gesta nasceu em Matosinhos, em 1953. Dos anos de infância em Matosinhos recorda as assimetrias sociais, que lhe entraram pelos olhos adentro através, por exemplo, de alguns amigos de infância que andavam descalços, ou que encontravam na escola a única refeição durante o dia, pão e leite. Esse enquadramento deu-lhe uma consciência social que mantém até aos dias de hoje. Trabalhou na área do comércio de madeiras durante mais de 20 anos. Teve duas empresas, viajou mundo fora, mas faltava qualquer coisa, e é aí que entra a poesia. Deixou definitivamente o trabalho do comércio de madeiras para se dedicar exclusivamente à cultura no ano 2000. Primeiro com algumas experiências em bares e galerias de arte da cidade do Porto, depois, a partir de 2002, como programador do Teatro do Campo Alegre, onde assume a direção artística das Quintas de Leitura, esse caso raro de sucesso na literatura portuguesa, que esgota mensalmente um auditório com bilhetes pagos para ouvir e ver poesia. É um homem livre, apologista da liberdade livre de que falava Rimbaud, e encontramos essa liberdade na forma como encara e programa os espetáculos de poesia: não apenas um guião poético, mas um cruzamento de várias artes, que se interligam e se acrescentam, onde também deve existir espaço para o absurdo e o inesperado. Lista de poetas: Mário Cesariny - Ode Doméstica José Miguel Silva - Queixas de um Utente Fernando Assis Pacheco - Este Ministro é um Mentiroso Ana Hatherly - Esta Gente/Essa Gente Alexandre O´Neill - Pois Jorge Sousa Braga - Remos Luís Miguel Nava - ARS Poética Daniel Maia-Pinto Rodrigues - (Ela trincou o rissol) José Carlos Barros - Os Condicionamentos da Crítica Golgona Anghel - (Não me interessa o que)
S2 E10 · Mon, May 31, 2021
José Eduardo Agualusa é um escritor amplamente premiado e traduzido, que escreve porque não sabe o fim da história. Ou seja, escreve livros porque também ele quer saber como acaba a narrativa que iniciou, e esse detalhe é o que o faz considerar que a sua profissão não é um trabalho, mas uma atividade lúdica. Assume-se como um Angolano em viagem, e de facto já viajou mundo fora muitas vezes, e já viveu em cidades como Lisboa, Luanda, Rio de Janeiro e Berlim. Atualmente, divide o seu tempo entre Lisboa e a Ilha de Moçambique. Gosta do mar, de dormir a sesta, de escutar os outros, “metade do trabalho do escritor”, em sua opinião. Acredita que um bom livro abre sempre espaço à aproximação ao outro e ao debate, e que por essa razão, a literatura aproxima as pessoas e pode evitar guerras e conflitos. Por outras palavras, defende a ideia de que ler ficção é, em última análise, uma atividade que aumenta o músculo da empatia. Lista de poetas: Leopold Sédar Senghor Nicolás Guillén Ruy Duarte de Carvalho Rui Knopfli Manoel de Barros Zetho Cunha Gonçalves Glória de Sant'Anna Ferreira Gullar Sophia de Mello Breyner Andresen Ana Paula Tavares
S2 E9 · Mon, May 17, 2021
Inês Meneses nasceu em 1971 e estreou-se na rádio aos 16 anos, na altura uma rádio local de Vila do Conde, a fazer noticiários. Depois de uma passagem pela rádio Nova Era, do Porto, seguiria para a TSF, onde permaneceu alguns anos. A Radar, rádio para onde se mudou depois, serviu de berço ao projecto “Fala com Ela”, um programa de entrevistas que são também conversas acolhedoras com pessoas de quem a Inês gosta ou que admira, e que se mantém agora na rádio Antena 1, e em podcast. Na mesma onda hertziana, e ao lado de Júlio Machado Vaz, fala sobre amor no programa “O Amor é”. Disse recentemente numa entrevista “costumo dizer que o amor é a maior distracção da morte”, o que pode levar-nos a adivinhar que esse grande tema da literatura de todos os tempos é também um dos grandes temas de interesse da nossa convidada. Lista de poemas: Henrik Nordbrandt - Esplanada Amalia Bautista - Conta-mo outra vez Ibn – Al Farid – O Amor Jorge Sousa Braga – Cinco Visões de uma Vulva Al Berto – Clamor Filipa Leal – No Princípio Era António Gancho - "Mostras-me o fim do mundo..." Joan Margarit – A rapariga no Semáforo Maria do Rosário Pedreira - "Dorme meu amor, que o mundo já viu morrer mais..." Pedro Mexia – Eternity (For Men)
S2 E8 · Mon, May 03, 2021
Joana Gama nasceu em Braga, em 1983. Estudou no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga, para onde entrou com 5 anos; no Royal Academy of Music, em Londres; e na Escola Superior de Música de Lisboa. Em 2010 concluiu o mestrado em Interpretação na Universidade de Évora onde defendeu, em 2017, a tese de doutoramento "Estudos Interpretativos sobre música portuguesa contemporânea para piano: o caso particular da música evocativa de elementos culturais portugueses". Tem um enorme fraquinho por Erik Satie - além de recitais dedicados ao compositor e pianista francês, dedicou-lhe também mais do que um disco, e teve ainda a ideia de criar um recital para crianças com obras de Satie comentadas chamado "Eu Gosto Muito do Senhor Satie". Além de tocar a solo e sobretudo como intérprete, também compõe e integra projectos musicais com outros músicos, como por exemplo o duo com Luís Fernandes. Do percurso de Joana Gama destaca-se também uma atenção às artes performativas. Encontramo-la no cinema, na dança, no teatro ou na fotografia. Lista de poemas : Burnt Norton - T. S. ELIOT Aquela Senhora tem um piano in O Guardador de Rebanhos - XI - Alberto Caeiro (Fernando Pessoa) A possibilidade - João Luís Barreto Guimarães (Movimento) O do Amor - Regina Guimarães (Antes de mais e depois de tudo) As folhas da Cerejeira - Tonino Guerra (O Livro das Igrejas Abandonadas) Destinatário desconhecido - Retour à l'expediteur - Hans Magnus Enzensberger (66 Poemas) Poema à duração - Peter Handke Só gosto das pessoas boas - Adília Lopes (Estar em casa) Entreabre-me a porta - A. M. Pires Cabral (Cobra-d'água)
S2 E6 · Mon, April 19, 2021
Alberto Manguel nasceu em Buenos Aires em 1948, e cresceu em Telavive e na Argentina. Aos 16 anos, trabalhava na livraria Pygmalion, em Buenos Aires, quando Jorge Luis Borges lhe pediu que lesse para ele em sua casa. Foi leitor de Borges entre 1964 e 1968, ano em que se mudou para a Europa. Viveu em vários países, entre os quais Espanha, França, Itália e Inglaterra. É ensaísta, romancista premiado e autor de vários best‑sellers internacionais, como "Dicionário de Lugares Imaginários", "Uma História da Curiosidade", "A Biblioteca à Noite" ou "Para uma História da Leitura". Escritor e bibliófilo, foi director da Biblioteca Nacional da Argentina entre 2016 e 2018. Em 2020, escolheu Lisboa para viver e doar a sua biblioteca de cerca de 40 mil livros. É na capital que vai dirigir uma biblioteca e centro de Estudos dedicado à história do Livro e da Leitura de vocação internacional, chamada Centro de Estudos da História da Leitura, sob gestão da EGEAC. Lista de poemas: Johann Wolfgang von Goethe “Erlkönig” Anónimo - de Mother Goose Nursery Rhymes Robert Louis Stevenson - "Para Onde Vão os Barcos" Arthur Rimbaud - “Le Bateau Ivre” - "O Barco Ébrio" Alejandra Pizarnik - “Resgate” Miguel Hernández - “Fatiga tanto andar sobre la arena” Jorge Luis Borges - “Uma Bússola" Edna St-Vincent Millay - “Dirge Without Music” Dante - "A Divina Comédia", de Purgatório, canto I:13-27 Nuno Júdice - “A luz de Lisboa”
S2 E5 · Mon, April 05, 2021
Chama-se Ana Márcia de Carvalho Santos, mas conhecemo-la por Márcia. Nasceu em Lisboa, em 1982, e começou a tocar guitarra aos 12 anos. Estudou pintura na Faculdade de Belas Artes e estagiou em cinema documental. Ao mesmo tempo que fazia a formação académica, frequentou o curso de canto na escola de Jazz Hot Clube. Cantou no grupo popular Real Combo Lisbonense e na banda Ana's Blame. Foi com esta banda que se apresentou pela primeira vez ao vivo, no Teatro Gil Vicente, em Cascais, num concerto onde esteve o tempo todo a cantar sentada, porque nessa altura era ainda muito tímida em relação à exposição. Em 2009, com 20 anos, estreou-se com um EP de cinco temas chamado “Márcia”, onde constava a canção "A Pele que Há em Mim", que viria a gravar mais tarde com JP Simões. Depois deste, lançou 4 álbuns, “Dá”, “Casulo”, “Quarto Crescente” e “Vai vem”, editado em 2018. Continua a gostar de discrição mas já aprendeu a domar a timidez. Em entrevistas passadas conta que é sempre autobiográfica nas canções. No último ano lançou um livro chamado “As Estradas São para Ir”, edição planeta, onde recupera alguns excertos de canções, mas também partilha poemas e textos mais uma vez intimistas e reveladores de uma proximidade e verdade que insiste em manter com o público. Neste episódio, também nos brinda com um mini-concerto. Lista de poemas: A Morte Saiu à Rua - Zeca Afonso Lavava no Rio Lavava - Amália Rodrigues Sete Anos de Pastor - Luís de Camões Não Sei se é Sonho ou Realidade - Fernando Pessoa Ela Tinha uma Amiga - Manuela de Freitas Cajuina - Caetano Veloso Avó Dores - Filipa Leal Contra a Maré - Carminho O Bule - Adília Lopes No dia do Teu Casamento - (Cátia Mazari) - A Garota Não
S2 E4 · Sun, March 21, 2021
No Dia Mundial da Poesia damos o microfone aos poetas portugueses contemporâneos para escutarmos os seus poemas. É apenas uma pequena amostra do que se faz hoje na poesia portuguesa, de certa forma representativa de várias gerações e vozes, tendo, no entanto, presente a ideia de que o universo da poesia portuguesa contemporânea é muito mais vasto. A ordem das leituras que se seguem é alfabética. O Poema Ensina a Cair deseja-lhe um Feliz Dia Mundial da Poesia.
S2 E3 · Mon, March 08, 2021
Afonso Cruz nasceu em 1971, na Figueira da Foz. Em criança, o seu lugar preferido no mundo era em cima de uma árvore, hoje é perto dos amigos. Começou a ler muito cedo – o primeiro livro não infantil foi do autor russo Dostoievsky aos 12 anos - e acredita que o facto de escrever lhe aconteceu devido às inúmeras leituras que acumulou, como se cada livro lido fosse uma gota de água a encher um copo, que às tantas tem de transbordar e sair de outra forma. Explicou, numa entrevista, que escrever é como uma transpiração, a escrita é o transbordar da leitura.
S2 E2 · Mon, February 22, 2021
Ivo Canelas nasceu em Lisboa, em 1973. Chegou a entrar numa peça de teatro da escola, ainda na antiga quarta-classe, mas não foi nessa altura que pensou tornar-se actor. Astronauta era uma das hipóteses, os testes psicotécnicos indicariam mais tarde advogado ou arquitecto urbanista, e Ivo Canelas chegou a inscrever-se nos exames para a Faculdade de Direito mas faltou e foi antes, às escondidas dos pais, fazer exames de acesso ao conservatório. Foi lá, enquanto estudava representação e durante um atelier onde fez uma cena de Hamlet ao lado da actriz Dora Bernardo, que confirmou a vocação “só me lembro de entrar e de sair. E depois ouvir os aplausos.” Desde essa altura procuro esse “enorme prazer de não saber onde estamos”. Estudou no famoso Lee Strasberg Theatre Film Institute, em Nova Iorque. Fez televisão, teatro, cinema, ganhou dois globos de ouro. Quando lê um texto de trabalho gosta de fazê-lo sozinho e em silêncio, para não dispersar atenções e escutar o que o corpo lhe diz perante aquelas palavras. Quando lê poesia, não sabemos, mas já vamos perguntar-lhe. Lista de poemas: Rudyard kipling – Se Margarida Vale de Gato – Mário Jacques Brel – La Quête Mário Cesariny – You Are Wellcome to Elsinore Chico Buarque – Construção Charles Bukowski – O Pássaro azul Allen Ginsberg – América Alberto Caeiro – Quando vier a primavera Sebastião da Gama – Pelo Sonho é que Vamos
S2 E1 · Mon, February 08, 2021
Júlio Machado Vaz nasceu no Porto, em 1949. Pai, avô, médico psiquiatra, professor universitário, autor de muitos livros, colabora há muitos anos com a imprensa, rádio e a televisão, e marcou várias gerações a falar de sexo com programas como O Sexo dos Anjos, na rádio, ou Sexualidades, na televisão que lhe trouxeram um proximidade quase sempre carinhosa com o público, que gosta de lhe chamar Tio Júlio”. Já não está regularmente na caixinha mágica, mas mantém, há mais de uma década, o programa de Rádio “O Amor é” com Inês Meneses. Benfiquista, viajante, aprecia a conversa entre amigos, o prazer de estar à mesa, as tertúlias, e fala da vida como “um gozo lento” onde Outonescer, para usar um verbo de Sophia de Mello Breyner Andresen, pode ser pacificador. Lista de poemas : Eugénio de Andrade - O silêncio; Que fizeste das palavras Brel - Les vieux Reggiani - Votre fille a vingt ans Sophia - 25 de Abril; Esta gente Pink Floyd - Wish you were here António Ramos Rosa - O funcionário cansado Chico Buarque - Todo o sentimento Manuel António Pina - Esplanada
S1 E16 · Mon, December 07, 2020
Vicente Alves do Ó nasceu em Janeiro de 1972, em Sines. Antes de vir para Lisboa, aos 27 anos, trabalhou na Câmara Municipal, secção de obras e secção cultural, e ainda antes disso, no Centro Cultural Emmerico Nunes com o poeta Al Berto. A figura do poeta que haveria de filmar e homenagear no cinema em 2017 esteve presente na sua vida desde cedo por via da relação de Al Berto com o irmão mais velho de Vicente Alves do Ó. Disse numa entrevista que esta proximidade a Al Berto e ao seu grupo de amigos que viviam numa casa em Sines a que chamavam palácio, lhe permitiu a acreditar na liberdade e o ensinou a ser livre. Talvez ancorando-se nessa liberdade que refere ou por causa dela, Vicente Alves do Ó, realizador com uma série de argumentos e filmes no currículo, considera-se ainda hoje um outsider do meio cinematográfico português. Cresceu em Sines, numa casa sem livros ou hábitos de leitura, mas aos 7 anos de idade disse à mãe “vou tratar da minha vida e venho já”, e saiu de casa para se inscrever na biblioteca municipal de Sines e, pelo caminho, na catequese. Lista de poemas: Estranha forma de vida , Amália Rodrigues Eu, da Flobela Espanca Vento de dentro, Luíza Neto JOrge Cidades Acesas, Sophia de Mello Breyner Andresen Tragam-me um homem, Cláudia R. Sampaio O guardador de Rebanhos, Alberto Caeiro Mar de leva, Al berto Não posso adiar o amor, António Ramos Rosa Por Viver Muitos Anos, Manoel de Barros O actor acende a boca, Herberto Helder
S1 E15 · Mon, November 09, 2020
João Botelho, realizador e argumentista, nasceu em Lamego em 1949. Frequentou o curso de Engenharia Mecânica da Universidade de Coimbra e a Escola de Cinema do Conservatório Nacional. Trabalhou em artes gráficas, fez crítica de cinema, e iniciou a carreira de realizador em 1976. Primeiro documentários e depois a estreia nas longas metragens em 1981 com "Conversa Acabada", um filme sobre a correspondência entre Mário de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa. Para preparar este filme teve acesso à tão falada arca com os manuscritos de Fernando Pessoa. Lista de poemas: Busque amor novas artes - soneto de Camões Perguntas de um operário leitor - Bertolt Brecht Café Orpheu - Manuel António Pina Sentimento dum ocidental - Cesário Verde Crise Lamentável - Mário de Sá Carneiro Chuva Oblíqua - Fernando Pessoa Guardador de rebanhos - Alberto Caeiro / Fernando Pessoa Adeus Português - Alexandre O'Neil Terra sem vida - T.S. Eliot Estranha forma de vida - Amália Rodrigues
S1 E14 · Mon, October 26, 2020
Carlos Manuel Moutinho Paiva dos Santos, conhecido por Camané, nasceu em Oeiras, em dezembro de 1966. Aos 7 anos de idade foi obrigado a ficar em casa durante um mês por razões de saúde, e só tinha 3 discos: Beatles, Frank Sinatra e Charles Aznavour. Ouvia-os com grande admiração, e deles passou para o fado, para escutar Amália Rodrigues, Alfredo Marceneiro e Carlos do Carmo. Já disse em entrevistas que o fado entrou muito depressa no seu ouvido, “os fadistas eram óptimos intérpretes. Tinham um sentido da palavra único.” Começa por canta para a família, depois em público nas casas de fado, até que, com apenas 11 anos participa pela primeira vez na Grande Noite do Fado. Dois anos depois, na edição de 1979, chega à vitória e é convidado a gravar um LP produzido António Chainho. Casas de fado, palcos de produções nacionais, palcos do país de norte a sul e ilhas, palcos internacionais, Camané é hoje um dos nomes altos do fado e da língua portuguesa, uma espécie de embaixador da nossa música tradicional e também da nossa poesia, uma vez que escolhe cantar poetas portugueses, sempre que pode, dos mais clássicos aos contemporâneos. Tem no currículo inúmeros prémios. Lista de poemas: Abandono - David Mourão-Ferreira Espelho Quebrado - David Mourão-Ferreira Equinócio (Chega-se a Este Ponto) - David Mourão-Ferreira Cantiguinha (Te Juro) - Cecília Meireles O Amor, Quando se Revela - Fernando Pessoa Remorso - João Linhares Barbosa A Casa da Mariquinhas - João Silva Tavares Mal - Sebastião Belfort Cerqueira Monda - Sebastião Belfort Cerqueira O Homem da Cidade - José Carlos Ary dos Santos
S1 E13 · Mon, October 12, 2020
Francisco José Viegas nasceu em 1962 numa aldeia chamada Pocinho, em Vila Nova de Foz Coa. Aos 8 anos mudou-se para Chaves para acompanhar os pais, professores primários, colocados nessa cidade. Da adolescência sabemos pouco, à excepção do desejo de vir a ser cantor. Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas, variante de Estudos Portugueses, pela Universidade Nova de Lisboa, iniciou cedo a dedicação ao jornalismo. Passou pelo Jornal das Letras, Expresso, Semanário, O Jornal, O Se7e, Diário de Notícias, O Independente, Visão, Correio da Manhã, Volta ao Mundo, Record, Oceanos, de que foi editor, Grande Reportagem, de que foi director e Revista Ler, que ainda hoje dirige. Assinou a autoria de vários projectos jornalísticos também na rádio e na televisão, privilegiando o foco no livro e a literatura. Professor, jornalista e editor, actualmente à frente da chancela Quetzal, foi ainda director da Casa Fernando Pessoa de 2006 a 2008, e Secretário de Estado da Cultura, Junho de 2011 a Outubro de 2012. A somar a este vasto currículo há os livros policiais e Jaime Ramos, a personagem ficcional de quem não podemos deixar de falar quando falamos de Francisco José Viegas - será o inspector da secção de homicídios da polícia judiciária do Porto mais conhecido da literatura portuguesa. Mas Francisco José Viegas não gosta só de ler e de escrever romances policiais, a poesia é outra constante na sua vida de leitor e de autor. Lista de poemas: De tarde - Cesário Verde Nós os vencidos do catolicismo - Ruy Belo Os Justos - Jorge Luis Borges Ela dança sobre pregos - Gerrit Komrij You are welcome to Elsinore - Mário Cesariny de Vasconcelos Portugal - Alexandre O’Neill A Concha - Vitorino Nemésio Vasco Graça Moura Na margem do rio - Li Bai Barra de Aveiro: Um Agosto - Fernando Assis Pacheco
S1 E12 · Sun, July 26, 2020
Nicolau Santos nasceu em Luanda em 1954, cidade angolana onde cresceu e fez o secundário todo. Veio para Portugal em 1975, e só regressaria ao país de origem em trabalho. Estudou economia. Foi jornalista no Jornal de Notícias, trabalhou para a ANOP (a antecessora do que se veio a tornar a Agência Lusa), foi director do Diário Económico e do Semanário Económico, dirigiu o Público, e durante cerca de 20 anos director-adjunto do Expresso, 13 dos quais co-apresentou o programa ‘Expresso da Meia-Noite’ na SIC Notícias. Assina comentário económico na Antena 1, e é actualmente Presidente do Conselho de Administração da Agência LUSA. Para o citar, no que diz respeito a estas funções que agora ocupa, “está presidente do conselho de administração” mas é jornalista, é assim que se define sempre. Escreve poesia desde os 18 anos. Quem o lia no semanário Expresso sabe que apesar de escrever sobre economia todas as semanas trazia um poema aos leitores. Actualmente prefere dizer poesia acompanhado por uma banda de jazz, actividade que mantém regularmente a par da actividade principal. Bertolt Brecht – Da violência Natália Correia – A defesa do poeta Sophia de Mello Breyner – Um dia Jorge de Sena – Carta a meus filhos sobre os fuzilamentos de Goya Lawrence Ferlinghetti – Os elevadores de Lisboa David Mourão Ferreira – E por vezes Jorge Sousa Braga - Portugal Rui Nogar – Xicuembo Viriato da Cruz – Namoro Nicolau Santos – O meu país já não existe
S1 E11 · Sun, July 12, 2020
António Zambujo nasceu em Beja, em 1975. Começou na música pelo clarinete, ainda criança, quando ingressou no conservatório por sugestão de uns vizinhos da casa da avó, figura importante na formação pessoal e musical do nosso convidado. Do clarinete à guitarra foi um salto, marcado também pela descoberta da música brasileira através dos discos de João Gilberto durante a adolescência. O cantor e compositor brasileiro tocava outros autores, e António Zambujo abriu essa porta para não mais a fechar. Na bagagem tem o Cante Alentejo, o fado, a participação num musical em Lisboa de Filipe La Féria, seguida do convite de Maria da Fé para cantar no Senhor Vinho, onde estaria por 7 anos, a trabalhar e viver de noite, e dormir de dia. Com o tempo encontrou uma sonoridade que não esquece nem ignora essas raízes mas que tem uma linguagem musical própria. O currículo soma 8 discos, 7 originais e um de homenagem a Chico Buarque. Está neste momento em estúdio a gravar o próximo álbum. Lista de poemas: Há Festa na Mouraria - Gabriel de Oliveira Urgentemente - Eugénio de Andrade Memória - Carlos Drummond de Andrade Pela Luz dos Olhos Teus - Vinicius de Moraes Dialética - Vinicius de Moraes Apesar das Ruínas - Sophia de Mello Breyner Andresen Loura a Face que Espia - Bernardo Soares Noite Apressada - David Mourão-Ferreira Deixei de Ouvir-te - Maria do Rosário Pedreira Súplica - Miguel Torga
S1 E10 · Mon, June 29, 2020
Alice Vieira nasceu em 1943, em Lisboa. Estudou filologia germânica na Faculdade de Letras, mas cedo soube que o futuro seria no jornalismo. Enviou o prometo texto para o Diário de Lisboa aos 14 anos, episódio que encerra uma história pessoal. Acabaria por entrar no jornal uns anos mais tarde. Conta com mais de oito dezenas de títulos publicaria. É considerada uma das mais importantes autoras portuguesas para jovens. Em 1979 recebeu o Prémio de Literatura Infantil Ano Internacional da Criança com Rosa, Minha Irmã Rosa; em 1994, o Grande Prémio Gulbenkian, pelo conjunto da sua obra. Foi indicada, por duas vezes, como candidata portuguesa ao Prémio Hans Christian Andersen (o mais importante prémio internacional no campo da literatura para crianças e jovens). Conhecida pelos romances de literatura infantil-juvenil, também escreve romances para adultos e poesia. Lista de poemas: HERANÇA, David Mourão Ferreira “RECADO”, Vasco Graça Moura A NOITE ABRE OS MEUS OLHOS, José Tolentino de Mendonça O VALOR DO VENTO, Ruy Belo DE UM AMOR MORTO, Sophia de Mello Breyner "INTERNET”—Nuno Júdice “POEMAS QUOTIDIANOS—POEMA 17”, António Reis .“CANÇÃO”, Eugénio de Andrade “AS MULHERES”, Daniel Faria “TENTAÇÃO”, Luís Filipe Castro Mendes
S1 E9 · Mon, June 15, 2020
Martim Sousa Tavares nasceu em Lisboa, em 1991. Começou a estudar piano aos 8 anos mas a música não foi a primeira opção quando chegou a altura de entrar na universidade. Começou pelo curso de Ciências da Comunicação, experiência que durou pouco mais de um mês, quando decidiu mudar para Ciências Musicais na mesma Universidade Nova de Lisboa. Licenciou em 2012. Um ano depois estreou-se a dirigir uma orquestra em público pela primeira vez, em Vilnius, na Lituânia. Ingressou depois na Academia de Milão, e no Conservatório de Brescia, em Itália, onde concluiu a licenciatura em Direcção de Orquestra e onde fundou a Ochestra Di Maggio, activa de 2014 a 2016. Da Europa seguiu para os Estados Unidos para fazer o mestrado em Direcção de Orquestra na Northwestern University, que concluiu em 2018. Regressou a Portugal onde fundou, em 2019 em Idanha a Nova, a Orquestra Sem Fronteiras, com a qual se tem apresentado em dezenas de lugares em Portugal e no estrangeiro. Sobre este projecto, disse numa entrevista, “Estive em Chicago, e tocar para esse público é muito interessante, mas não é muito melhor sermos os primeiros a chegar a pessoas que nunca tiveram contacto com esta música?”. Lista de poemas: António Ramos Rosa - “Vivo tanto que já não tenho outra noção (...) Sophia de Mello Breyner Andresen- Soror Mariana - Beja Alberto Caeiro - O Guardador de Rebanhos - IV A. Maria de Jesus - A Vinha d’ O Senhor dos Aflitos Luís de Camões - Glosa “Nunca em prazeres passados (...)” Margarida Vale de Gato - Glosa da Nau Catrineta Sophia de Mello Breyner Andresen- Musa José Miguel Silva - Musa, Sinceramente Fernando Pessoa - António de Oliveira Salazar Golgona Anghel - “Não me interessa o que dizem os dissidentes da ditadura”
S1 E8 · Mon, June 01, 2020
Pedro Santos Guerreiro, 46 anos, nasceu em Lisboa mas mudou-se para Viseu aos 3 meses, cidade onde viveu até aos 18 anos, e onde experimentou o jornalismo a primeira vez, à boleia das rádios piratas. Tinha 13 anos quando começou na Rádio Escala. Licenciou-se em Gestão e fez um MBA na Universidade Nova. Foi fundador do Jornal de Negócios aos 24 anos, director do mesmo jornal aos 33, e depois director do Expresso aos 42. Participa regularmente em órgãos de comunicação social nacionais e internacionais. É colunista regular da Rádio Renascença, do Expresso, comentador da TVI, e presença semanal num podcast do ECO. Publicou livros, participa regularmente em conferências, organiza outras tantas, ganhou diversos prémios de jornalismo, e recorda a frase de Ivone Silva “com este vestido preto não me comprometo” para dizer que nunca escreve de vestido preto” que se compromete sempre. Além de toda esta actividade jornalística, é leitor regular e atento de poesia. Lista de poemas: Fernando Pessoa, Lisbon Revisited (1923) Ruy Belo, Morte ao Meio-Dia Amalia Bautista, Dúvida Adélia Prado, Trottoir Andreia C. Faria, Sou a mulher que se mata por amor a ti T. S. Eliot, The Waste Land Jim Morrison, Awake Tennyson, Ulysses Philip Larkin, An Arundel Tomb Juan Manuel Roca, Al Pobre Diablo
S1 E7 · Mon, May 11, 2020
Teresa Conceição nasceu em Vila Real de Santo António, mas foi em Tavira que viveu a infância até partir para Lisboa, aos 17 anos. Ao mesmo tempo que frequentava o curso de Línguas e Literaturas Modernas da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade de Lisboa, fez 14 cadeiras do curso de Comunicação Social, mas o que originalmente queria era ser pintora. 5 anos depois de ter chegado à SIC inscreveu-se em Belas Artes para tirar um curso de pintura e acumulou, durante esse período, o trabalho de repórter com os estudos de um, outro, curso superior. Fez ilustrações para livros infantis, e foi autora, texto e ilustração, de um livro para crianças chamado “O Namoro da Girafa Rafa”. Escreveu dois livros baseados na rubrica do Jornal da Noite da SIC “Ir é o Melhor Remédio”, que assina com Martim Cabral e da qual é autora, e participou, ao longo de vários anos, num blogue chamado Escrever é Triste ao lado de vários escritores. É jornalista da SIC desde 1992, mas considera-se leitora e viajante antes de ser jornalista. Gosta de ler e gosta tanto de poesia que sabe muitos poemas de cor. A juntar aos objectos comuns que a maioria das pessoas usa para decorar a habitação, Teresa Conceição tem também livros abertos nas páginas de que mais gosta espalhados pela casa. Lista de poemas: A PROPÓSITO DE ESTRELAS, Adília Lopes E TUDO ERA POSSÍVEL, Ruy Belo POEMA DO POSTE COM FLORES AMARELAS, António Gedeão MONTANHAS, de Jorge Sousa Braga AO ANOITECER, al berto O REGRESSO, Manuel António Pina , "A triste história do zero poeta" Quadras soltas de ANTÓNIO ALEIXO DIE LORELEI, Heinrich Heine LE BATEAU IVRE, Rimbaud THE NAMING OF CATS, T.S. Elliot
S1 E6 · Mon, April 20, 2020
Joaquim Furtado nasceu em Penamacor, em 1948. Ainda em criança mudou-se para Lisboa e começou o percurso no jornalismo aos 18 anos, na Rádio Universidade, uma das criações da Mocidade Portuguesa. Fez jornalismo numa altura em que o trabalho jornalístico ainda passava pelo crivo da censura antes de ser publicado. É dele a voz que abre o caminho para a liberdade na madrugada do dia 25 de Abril de 1974, com o primeiro comunicado oficial do Movimento das Forças Armadas, lido aos microfones Rádio Clube Português. Em 75 mudou-se para a RTP onde assumiu várias funções, desde repórter, pivot, director de informação e programas. Durante a longa carreira de jornalista acumulou vários prémios. É leitor assíduo de poesia há muitos anos e também, ficámos a saber durante esta conversa, alguém que escreve poesia até aos dias de hoje, apesar de não os partilhar com quase ninguém. Lista de poemas: Comigo me Desavim- Sá de Miranda O Amor em Visita - Herberto Helder Uma pequenina Luz - Jorge de Sena Intercidades - Margarida Vale de Gato Uma Faca nos Dentes - António José Forte A Tabacaria - Fernando Pessoa You Are Welcome do Elsinore - Mário Cesariny Serenidade és Minha - Raul de Carvalho Poeta no Supermercado - Fernando Assis Pacheco Para Agradar a uma Sombra - José Miguel Silva
S1 E5 · Mon, March 30, 2020
"Em tempo de pandemia, de estado de emergência e de isolamento para a maioria de nós, pedi a alguns amigos e leitores de poesia para usarem os seus telefones e gravarem um vídeo a dizer um poema. As contribuições foram muito generosas, e muito além do que eu poderia esperar. Só posso agradecer. Partilhei esses vídeos nas várias plataformas d’O Poema Ensina a Cair, Facebook, instagram e YouTube, a grande maioria no dia mundial da poesia, 21 de Março, mas também nos dias que antecederam a efeméride e nos dias posteriores. São essas leituras e essas escolhas de pessoas com profissões tão diferentes como jornalista, actor, músico ou professor que agora partilhamos convosco nesta emissão especial do podcast." - Raquel Marinho
S1 E4 · Mon, March 16, 2020
Rui Vieira Nery, musicólogo, ex-secretário de Estado da Cultura, director do programa Gulbenkian de Cultura, é o nosso convidado desta semana. Iniciou os estudos musicais na Academia de Música de Santa Cecília e prosseguiu-os depois no Conservatório Nacional, em Lisboa. Licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, doutorou-se em Musicologia pela Universidade de Austin, no Estado norte-americano do Texas. Foi um dos principais rostos da Candidatura do Fado a Património Imaterial da Humanidade, cuja comissão científica dirigiu, e ocupou o lugar de comissário das Comemorações do Centenário da República Portuguesa. Na biblioteca de Rui Vieira Nery encontramos três grandes núcleos de livros: musicologia, história e ciências sociais, e literatura. Literatura é a que ocupa a maior parte da casa, e, dentro desta área, a poesia, é também muito extensa. Lista de poemas: Poema sobre a Recusa - Maria Teresa Horta Ladainha dos Póstumos Natais - David Mourão-Ferreira O rapaz da camisola verde - Pedro Homem de Mello Pátria - Sophia de Mello Breyner Andresen Portugal - Alexandre O´Neill Adeus - Eugénio de Andrade Cantar do Amigo Perfeito - Jorge de Sena Para uma canção de embalar - Vasco Graça Moura Ítaca - Kostantin Kavafis (trad. Jorge de Sena) Do not go gente into that good night - Dylan Thomas (Trad. Rui Vieira Nery)
S1 E3 · Mon, March 02, 2020
É conhecida do público por Capicua , chama-se Ana Matos Fernandes. Descobriu o Hip Hop aos 15 anos nas ruas da cidade do Porto, onde nasceu, e também nas cassetes que chegou a gravar em casa, antes de chegar aos microfones profissionais e ao grande público. Estudou Sociologia, fez um doutoramento em Geografia Humana, em Barcelona, e nunca pensou viver da música. É rapper, acaba de lançar o terceiro álbum, e é também letrista, activista, feminista, cronista, e admiradora confessa de Sérgio Godinho - numa das primeiras músicas ouve-se a frase "ai de quem dissesse mal do Sérgio Godinho". Mas há muito outros cantautores que admira, e também muitos poetas. Ambos, de resto, integram as suas músicas. Lista de poemas Sophia de Mello Breyner Andresen: - Com Fúria e Raiva - Liberdade Cesário Verde: - Sardenta José Gomes Ferreira - O Problema da Transformação do Mundo Sem Lutos Nem Cólera Vinicius de Moraes - Soneto do Amor Total Mário Quintana - Poeminho do Contra José de Almada Ndegreiros - "Quando vejo o côr-de-rosa parece que se referem a mim", do livro A Invenção do Dia Claro Gilberto Gil - Se Eu Quiser Falar Com deus Chico Buarque - Construção Sérgio Godinho - Parto Sem Dor
S1 E2 · Sun, February 16, 2020
Eunice Muñoz nasceu a 30 de julho de 1928, na Amareleja, Baixo Alentejo, no seio de uma família de actores. Aos cinco anos já realizava pequenos números musicais na companhia teatral da família, a Troupe Carmo . Estreou-se no Teatro Nacional com a peça Vendaval, aos 13 anos, e recorda desse momento “ o terror de ver o pano de boca a subir, uma imagem que se eterniza”, segundo disse recentemente numa entrevista ao Diário de Notícias. Entrou no Conservatório aos 14 anos, e saiu aos 17 com uma média de 18 valores. Foi nessa altura que começou a ler poesia. Considerada umas das maiores actrizes portuguesas de sempre - a neta Lídia chegou a dizer que a “avó não é uma actriz, é o teatro” -, prefere manter-se afastada dos epítetos e gosta que lhe chamem Eunice, apenas. A representação acompanha-a desde a adolescência, as leituras públicas de poesia começaram mais tarde. Tinha 40 anos quando se estreou a dizer poesia em público na Livraria Bucholz, e foi nessa altura que percebeu a importância que as palavras dos poetas representavam para si. Seguiram-se inúmeros recitais, leituras e discos, em que Eunice deu voz aos poetas de que mais gostava. Lista Poemas: Alexandre O´Neil: Canção Em Pleno Azul António Barahona: Memória de Luís Abel Ferreira Camilo Pessanha: Foi um Dia de Inúteis Agonias Esbelta Surge! Vem das Águas Passou o Outono Florbela Espanca: Oração de Joelhos O Espectro Se as Tuas Mãos Divinas Jorge de Sena: Envelhecer José Régio: Livro Cântico Suspenso - último poema
S1 E1 · Mon, February 03, 2020
Alexandre Quintanilha, físico e biólogo, é um dos nomes da investigação científica mais reconhecidos de Portugal. Licenciado em Física Teórica e doutorado em Física do Estado Sólido, viveu na África do Sul e nos Estados Unidos, antes de chegar a Portugal aos 45 anos, para trabalhar na Universidade do Porto. A par do ensino na Universidade, dirigiu algumas das instituições de investigação científica mais prestigiadas do país. Atualmente é deputado da Assembleia da República, para onde foi eleito pelo Partido Socialista. Lista de Poemas: O Melro – Guerra Junqueiro Sôbolos rios que vão por Babilónia – Luís de Camões Elegias de Duíno – Rainer Maria Rilke Hinos à Noite – Novalis Tabacaria – Fernando Pessoa (Álvaro de Campos) D. Bailador – Bailarino – Reinaldo Ferreira Apparition – Stéphane Mallarmé O Corvo – Edgar Allan Poe Sobre um Poema – Herberto Helder As Crianças – Kahlil Gibran Quarta-Feira de Cinzas – T.S. Elliot
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